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24/11/2015 - 09:00

Abortamento provocado: uma questão de saúde pública

Há pelo menos 40 anos, em países desenvolvidos, tais como França, Bélgica, Alemanha, Dinamarca entre outros, o abordo antes da 12ª. semana de gestação é permitido. Praticamente todos os países do Hemisfério Norte, tem o abortamento como legal.Qual seria a razão da proibição no Hemisfério Sul do nosso planeta?

Vamos inicialmente entender a legalidade no andar de cima. A grande maioria dos países deste hemisfério, são desenvolvidos. Um país desenvolvido tem como interesse primário, a atenção e cuidado com seus contribuintes ou habitantes. Sabemos que todo o habitante satisfeito com seu governo e com o que este lhe retribui, tem o orgulho de ser um bom contribuinte. O recebedor destes impostos deve gerir esta receita da maneira mais adequada possível, pensando no bem estar do contribuinte. Vejamos então, como um sistema de saúde é gerido com o dinheiro do povo.

Cada procedimento médico será medido pela sua eficácia e custo. Veja os exemplos de uma fertilização in vitro. Um tratamento que visa ter óvulos, espermatozoides, embriões e estes serem transferidos para o útero materno de um casal infértil. Nos países em que o seguro social paga pelo procedimento, só é possível a transferência de um embrião por vez. Com isto a chance de uma gestação gemelar ou trigemelar é negativa. Mas o que significa este exemplo? Os gestores viram que o custo de uma gestação múltipla e o cuidado com os recém-natos é muito maior que oferecer mais um ciclo de fertilização in vitro. A despesa é menor com o tratamento in vitro do que com os cuidados com a gestante e os bebês múltiplos. Como em qualquer negócio o custo e o benefício são medidos. Ninguém quer trabalhar para perder, principalmente se o dinheiro não é seu, é do povo.

No caso do abortamento criminoso, ilegal, que acontece aqui no Brasil, o governo não oferece o planejamento familiar, por economia, ou pressão de grupos religiosos, e acaba tendo um gasto irresponsável com as sequelas destes procedimentos, tanto em perdas financeiras como em perdas físicas e emocionais, dos seus contribuintes. Não é um planejamento inteligente. E não pode ser intencional. Não é possível que os dirigentes não vejam as duas pontas: os abortos ilegais e as suas consequências. Parece que tratamos das sequelas sem olhar as causas.

Nos paises citados acima, em um sistema adequado, a mulher define o seu futuro. Se aquela gestação é indesejada, o serviço público, pago com seu imposto, oferece a solução. A terminação daquela gestação é feita em ambiente hospitalar, com todo o cuidado técnico e de higiene, a mulher sendo tratada desta maneira preserva sua saúde. A seguir tem acesso a um serviço de planejamento familiar, com as instruções de prevenção, na expectativa de que não seja necessário recorrer novamente ao abortamento. A oferta de um auxílio psicológico também é disponibilizada. Os números destes países mostram cada vez mais um número decrescente de internações e reincidências. Essas mulheres não realizam mais o aborto.

Não precisa matemática para entender, que o sistema é muito mais econômico para o estado, o cidadão, é melhor atendido, a sua saúde preservada.

É claro que não defendo o aborto como forma de planejamento familiar. Defendo um sistema que olhe para seu cidadão como um todo, oferecendo a prevenção da gravidez, e na falha de um método ou na ignorância do seu uso, não se condene o cidadão, a uma gestação indesejada, a um menor possivelmente desassistido e uma mulher criminosamente mutilada física e emocionalmente.

A receita para diminuir o abortamento criminoso passa pelo programa consciente de planejamento familiar. Sabemos que é lei oferecer estes serviços. Mas onde a população tem acesso ao planejamento familiar? Não existem políticas de publicidade maciça. O povo não sabe nem que tem direito a este serviço, nem onde procurar.

. Por: Luiz Fernando Dale, ginecologista, especialista em reprodução humana.

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