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03/12/2015 - 08:42

A receita do sucesso na pecuária

2015 foi um ano muito intenso. Tive a oportunidade de viajar bastante (foram quase 80 dias na estrada), conhecer gente nova, conversar com muita gente conhecida e ver um pouco de gado, tanto no Brasil como no Paraguai e no Uruguai. Também fiz observações, algumas novas, outras antigas, e resolvi compartilhar. Resumi as minhas observações em cinco pontos:

1 – Pecuária não é paixão. Apesar de muita gente se dizer apaixonado por pecuária, a atividade é negócio, não paixão. Se recordarmos a quantidade de decisões erradas tomada quando estamos apaixonados, já dá para perceber que o nosso ganha-pão não pode ser considerado um caso de amor. Claro que temos que gostar do que fazemos e dedicar a isso o nosso melhor, mas sempre pensando com a cabeça – de preferência com a ajuda de uma calculadora e uma planilha.

2 – Se especialize. Decida qual é o seu negócio e faça acontecer. Vejo inúmeros produtores com vocação para cria (produção de bezerros) ou para engordar boi tentando fazer seus próprios touros, por exemplo. Se formos produtores de carne ou de bezerros, vamos trabalhar para produzir a melhor carne ou o melhor bezerro do mundo e fazer dinheiro com isso. Toda vez que ouço um criador dizendo que seu gado está bom e vai começar a produzir seus próprios touros, penso: “esse já começou a perder”. Por melhor que sejam os seus touros, sem ferramentas genéticas eles sempre serão bois de ponta de boiada.

3 – Compre touro de quem produz touro. Parece brincadeira, mas não é. Fazer seleção de touro exige experiência, conhecimento, dinheiro, tempo, paciência e ferramentas genéticas. Ou seja, dá um trabalho danado. Claro que tem muita gente que vende boi gordo e bonito chamando de touro, mas torço sinceramente para que esse mercado termine um dia. Touro tem que ser cabeceira de rebanho, tem que ter avaliação genética, tem que ser melhorador. Trabalho na produção de touros desde que me formei e sou gerente de operações do Programa Montana desde 2007. Acompanho de perto todos os processos para formação de um bom touro, desde o seu acasalamento até o dia da sua venda, garantindo que todos os touros Montana que chegam ao mercado são geneticamente avaliados e fazem parte de uma elite genética garantida pelo CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção), em que somente os 26,5% melhores machos de cada safra são vendidos como touro. Essa é uma pressão de seleção que somente animais com CEIP podem oferecer.

4 – Não entre em modas. Desde que entrei na faculdade de zootecnia, em 1995, vejo raças entrando e saindo da moda. Invariavelmente acontece a mesma coisa: aparece uma novidade, muita gente entra gastando fortunas, quem começou vendendo fica rico, quem mudou todo o gado todo termina bravo e a raça some do mercado. Se moda desse certo, todo mundo que investiu nas Fazendas Boi Gordo estaria rico e o prato principal da mesa brasileira seria carne de avestruz. Melhor deixar a moda para as roupas, celulares, sapatos e músicas.

5 – Se tecnifique. Se a pecuária é o seu negócio, tire dela o máximo, use todas as tecnologias disponíveis para ser o melhor na sua atividade. Vejo muita gente optando por carros modernos, celulares com tantas funções que não sabemos usar e tratando a fazenda como o bisavô tratava - de modo extrativista, usando os touros do vizinho e reclamando que pecuária não dá resultado. Realmente, não pode dar nesse modelo. Tecnologia existe e deve ser aplicada. Busque conhecimento. Você e o seu negócio só têm a ganhar.

. Por: Gabriela Giacomini, zootecnista pela UNESP/Jaboticabal e Gerente de Operações do Programa Montana. Juntamente com os geneticistas da USP/Pirassununga, coordena o projeto técnico do Composto Montana, que conta com cerca de 12.000 nascimentos por ano.

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