Paranapanema investe R$ 65 milhões em modernização de planta na Bahia

Valor é usado na compra e instalação de novos equipamentos na Unidade de Ácido Sulfúrico.

São Paulo— A Paranapanema, maior produtora de cobre do Brasil, investiu R$ 65 milhões na modernização da Unidade de Ácido Sulfúrico (UAS) da planta de Dias d’Ávila (BA). A UAS é parte importante do processo produtivo da empresa, pois garante que o gás gerado no forno durante a fundição do concentrado de cobre — essencialmente dióxido de enxofre — seja tratado e convertido em ácido sulfúrico e ar limpo, evitando assim a emissão de gases na atmosfera.

O processo de modernização permite que a UAS tenha capacidade para tratar o gás decorrente de concentrados mais complexos disponíveis hoje no mercado, com mais material particulado. Por isso, um dos pontos essenciais foi a troca dos equipamentos de “gás cleaning” — processo de purificação onde o material particulado é retirado do gás gerado pela fundição do concentrado de cobre.

Além do “gás cleaning”, a reforma contemplou a instalação de dois trocadores térmicos, adicionais aos quatro já existentes, destinados ao processo de resfriamento do reator—equipamento onde acontece a transformação química do dióxido de enxofre (SO2) em trióxido de enxofre (SO3)— e a substituição de uma das três torres de absorção, que fazem a etapa final de transformação do SO3 em ácido sulfúrico a 98%.

Para receber os novos equipamentos, todos com tecnologia de ponta, a Paranapanema realizou uma série de adaptações na planta, como a instalação de uma nova subestação de energia para alimentação dos trocadores térmicos e a mudança do sistema de operação. Os procedimentos foram finalizados em outubro e não interferiram no funcionamento dos demais equipamentos. Durante a interligação da nova estrutura às demais instalações da UAS, a companhia importou ácido sulfúrico para atender a demanda regular de seus clientes.

A planta baiana da Paranapanema produz mensalmente cerca de 40 mil toneladas de ácido sulfúrico, que é comercializado. “A modernização da UAS de Dias d’Ávila é um dos principais investimentos da companhia em 2015 e reforça nosso foco na modernização e manutenção do parque industrial, mitigando a depreciação dos ativos”, explica o presidente da empresa, Christophe Malik Akli.

Entenda o processo de produção do ácido sulfúrico.: Etapas iniciais da produção de cobre — A Paranapanema compra o concentrado de cobre de mineradoras para a fabricação do cobre metálico. O concentrado de cobre tem, em média, 30% de cobre fino, misturado a outros elementos, como ferro, enxofre, metais preciosos (ouro e prata) e pesados (como chumbo).

A produção do cobre consiste em uma série de processos de fundição e refino que transformarão o concentrado de cobre (30% de cobre contido) no cobre metálico de alta pureza (com 99,9% de cobre contido).

Na primeira parte do processo, o concentrado passa por um forno de alta temperatura (de 600 °C a 700 °C) onde acontece a segregação dos compostos: o cobre derrete e fica no fundo do forno; os metais pesados sedimentam em outra faixa do forno e acontece a emissão do gás com SO2, que é capturado por uma tubulação que o destina à Unidade de Ácido Sulfúrico (UAS).

Etapas de produção do ácido sulfúrico:

1 – Purificação: ao chegar na UAS, o gás passa pela linha de “gás cleaning”. Nesta estação, o gás recebe uma contracorrente de ar com forte borrifo de ácido sulfúrico fraco (entre 12% e 40%). O objetivo é tirar o material particulado do gás.

2 – Reação: no reator, o gás com SO2 é transformado, por reação química, em SO3. A temperatura de entrada do gás, em torno de 650 °C, cai para cerca de 350°C. Os dois novos trocadores térmicos (SO3 Cooler) vão auxiliar no processo de resfriamento e evitar a sobrecarga térmica do reator.

3 – Absorção: nas torres de absorção o gás recebe um forte borrifo de ácido sulfúrico líquido. O SO3 se conecta ao líquido transformando-o em ácido sulfúrico concentrado a 98% e o ar sai limpo.

Os principais equipamentos.: Linha “gás cleaning”: . Torre para abatimento de material particulado: construída a partir de tijolo antiácido, com revestimento externo em aço, tem maior resistência à corrosão e à abrasão.

. Vasos abatedores de sólidos: equipamento constituído de resina (fibra) importada antiácido, com tecnologia canadense.

Reação: . Trocadores térmicos (SO3 Cooler): equipamentos inteiramente constituídos de aço, com tecnologia canadense, feitos sob medida para a Paranapanema. Os quatro trocadores atuais realizam o resfriamento com tecnologia gás/gás (gás frio contra gás quente), os dois novos trocadores adicionados à planta possuem tecnologia ar/gás e realizam resfriamento com ar atmosférico.

Absorção: . Torre de absorção para concentração do ácido sulfúrico: o equipamento é do mesmo fabricante e possui a mesma tecnologia da Torre da linha “gás cleaning”, com tijolo alemão antiácido e revestimento externo em aço.

A Paranapanema —Com receita líquida consolidada de R$ 4,7 bilhões em 2014, a Paranapanema é a maior produtora brasileira não integrada de cobre refinado e de produtos de cobre (vergalhões, fios trefilados, laminados, barras, tubos, conexões e suas ligas).

A empresa possui três plantas industriais, sendo uma unidade de cobre primário, localizada no município de Dias d\Ávila (BA), e duas plantas de produtos de cobre e suas ligas, instaladas em Santo André (SP) e Serra (ES). Conta também com um centro de distribuição no Rio de Janeiro, na cidade de Itatiaia.

Com 2,1 mil colaboradores, a Paranapanema é dona de marcas consagradas no mercado brasileiro como Eluma e Caraíba.