Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

21/02/2008 - 10:49

Socorro, os notebooks sumiram


A única maneira de se qualificar esse episódio é: uma história muito mal contada. Notebooks, contendo informações importantes, desaparecem. Pode acontecer nas melhores famílias até entre as "sete irmãs", como eram conhecidas as líderes do ramo. Estranhos os detalhes que, aos poucos surgem. Micros, discos rígidos e pentes de memória acomodados em containeres empreendendo uma jornada de semanas, tudo isso para cobrir uma distância de algumas poucas centenas de quilômetros. A primeira dúvida: Será que os segredos da Petrobrás, se é que havia alguma informação "top secret" viajam em containeres? É usual ouvir esse tipo de diálogo?: "Oi, precisamos de dados a respeito do campo Tupi e Júpiter". "Fique frio, mano, o que nos pede pesa uns 10 quilos, e estamos sem meio de mandar para você, mas estamos colocando num container da Haliburton, "guenta" uns 20 dias. Não podemos fazer coisa melhor".

Claro que essa conversa hipotética não aconteceu. No mínimo, essas informações já foram transmitidas a uma unidade central de processamento. Mas em sendo assim, como é possível que ninguém possa dizer o que havia naqueles poucos quilos de tecnologia "high tech"? Se, por algum acaso os dados contidos nos equipamentos extraviados são de conhecimento dos ladrões e apenas deles, a Petrobrás precisa, com urgência, contratar uma consultoriazinha especializada em segurança e recuperação de dados, aprender uma porção de siglas, que, traduzidas para o linguajar leigo dizem: o que é nosso não pode cair em mãos de terceiros.

Outra dúvida, tão banal quanto a primeira: A Petrobras ou a Haliburton, que não é uma empresa de fundo de quintal - não dispõem de um sistema de rastreabilidade das cargas, mesmo para casos "cabeludos" como a travessia desse percurso mais inóspito do que o do Rally Paris-Dakkar? Caso afirmativo, como é possível não saber quando e onde os lacres foram violados? A pergunta capciosa: A tal carga preciosa efetivamente embarcou? é simplesmente impensável. Até uma empresa de quinta categoria faz um romaneio – leia-se, lista pormenorizada dos itens embarcados. Será que a Polícia Federal, a ABIN, ou o Zimbo trio terão de elucidar esse mistério?

A Petrobras é uma empresa com certificação ISO. Um dos itens auditados é a gestão das informações. No mínimo o auditor devera tascar uma "major non conformity", alerta vermelho, caso esse procedimento desleixado seja habitual – ao menos o ex-presidente da Petrobrás acha que não há nada demais, deixando implícito tratar-se de ato rotineiro.

Dependendo da informação, agora compartilhada com os ladrões, a avaliação do prejuízo é realmente extremamente complexa. Como, na versão oficial, não se sabe ao certo o que havia dentro dessas máquinas, logo ninguém tem a mais vaga idéia se o próximo leilão da ANP corre perigo ou não, se "o inimigo" leva vantagem nesse empolgante jogo de "batalha naval", ou se as senhas que protegem uma lista de aniversários dos funcionários garantem proteção total aos dados, resta um consolo. Tudo será apurado com o maior rigor,"duela a quien duela" – como dizia o outro - e os responsáveis receberão o merecido castigo. Na falta de um Jerôme Kerviel, Zé do almoxarifado pode colocar as barbas de molho.

. Por: Alexandru Solomon, autor de ´Almanaque Anacrônico`, ´Versos Anacrônicos`, ´Apetite Famélico`, ´Mãos Outonais`, ´Sessão da Tarde`, ´Desespero Provisório` e o recente romance´Não basta sonhar` (Ed. Totalidade). Confira nas livrarias Cultura (www.livrariacultura.com.br), Saraiva (www.livrariasaraiva.com.br) e Laselva (www.laselva.com.br).

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira