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13/01/2016 - 08:11

Vacinas vetorizadas em avicultura no Brasil, o futuro que começou 10 anos atrás


Vacinas são antígenos capazes de estimular o sistema imunológico de um individuo a se proteger contra determinados patógenos. Esta descoberta foi, sem dúvida alguma, um importante passo para a Medicina, que mesmo após séculos continuam a salvar vidas e representam a maneira mais eficiente de combater as doenças infectocontagiosas.

Quando Edward Jenner, no final do século XVIII, percebeu que a Vaccinia (Cowpox) poderia imunizar pessoas contra a Varíola não imaginava toda evolução que iria ocorrer. Sua descoberta, que no início enfrentou sérias resistências, inclusive da Igreja, se transformou na principal arma contra as grandes epidemias e, em 1807, a Baviera (Alemanha) já decretou a vacinação contra varíola obrigatória por lei.

Apesar de Jenner ter sido o descobridor do processo de imunização, foi Louis Pasteur, em 1885, que, ao anunciar a criação de um imunizante contra a Raiva, deu o nome de vacina em homenagem a Edward Jenner. Este revolucionou a ciência, pois desenvolveu um imunizante que poderia ser produzido em grandes quantidades por um método generalizado.

Foi apenas no século XX que as vacinas passaram a ser utilizadas em animais de produção, sendo a vacina contra Febre Aftosa considerada um marco para o controle desta enfermidade, que causa sérios danos ao rebanho bovino e é um limitante para as exportações até os dias atuais.

No setor avícola, a vacinação contra Marek, obrigatória no Brasil desde a década de 70, transformou a avicultura industrial e abriu portas para os programas de prevenção e controle das enfermidades infectocontagiosas em aves industriais. Mas este foi apenas o primeiro passo. O crescimento do setor indicava muitos desafios vindouros.

Então começava a busca pela vacina ideal – segura, eficaz, capaz de ser produzida em grande escala e de fácil administração. Nesta busca, passamos pelas vacinas clássicas (vivas e inativadas), obtidas das mais diferentes formas, até as vacinas geneticamente modificadas e de subunidades – mais seguras e com um processo de produção mais eficiente.

As vacinas geneticamente modificadas trouxeram muitos benefícios. Um deles foi o desenvolvimento das vacinas DIVA (Differentiate Infected from Vaccinated Animals), que possibilita a diferenciação entre infecção e vacinação.

Com as vacinas vetorizadas, podemos utilizar agentes importantes como vetores da fração imunogênica do microrganismo que desejamos promover a proteção e a escolha deste vetor é fundamental para o sucesso deste tipo de vacina, pois por meio dele podemos minimizar a interferência dos anticorpos maternos, aumentar o período replicativo da vacina ou até mesmo lançar mão de uma via de administração diferenciada. Esta tecnologia permite, ainda, a indução da proteção a doenças das quais o microrganismo vivo não poderia ser utilizado. Como é o caso da Raboral e da Trovac AIV – H5, licenciadas nos Estados Unidos desde 1991 e 1998, que utilizam o vírus da bouba como vetor para a proteína imunogênica do Vírus da Raiva e Influenza Aviária, respectivamente.

Em 2006, o Brasil foi sede do lançamento mundial da primeira vacina aviária vetorizada contra Marek e Gumboro: Vaxxitek HVT+IBDR . Esta vacina quebrou paradigmas e modificou radicalmente o mercado avícola. A vacina contra Marek, que é obrigatória do Brasil desde a década de 70, agora passaria a ser o vetor da proteína viral do Vírus da Doença de Gumboro (VP2), uma importante enfermidade aviária, que causa imunossupressão e grandes prejuízos na produção. Isto trouxe a vacinação de frangos de corte para dentro do incubatório, melhorando a qualidade da vacinação e trazendo melhores resultados para o produtor.

Atualmente, a Vaxxitek é comercializada em todos os continentes e é a vacina contra Marek e Gumboro mais vendida no mundo, com mais de 66 bilhões de aves vacinadas.

. Por: Eva Hunka, Médica veterinária, Mestre em Medicina Veterinária Preventiva.

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