Cuidados na gravidez

A gravidez depois de confirmada deve ser acompanhada durante os nove meses. Na primeira consulta do pré-natal, caso a mulher não tenha um ginecologista que já a acompanha, deve informar todo o seu histórico, com as doenças da infância, as intercorrências ginecológicas, histórico de partos e abortos. O importante é informar ao médico tudo e responder todas as perguntas que ele faça, sem esconder nada.

Se a mulher já fez alguma cirurgia, ginecológica ou não, deve informar ao médico. Tratamentos para o HPV podem afetar o colo do útero. Pode haver necessidade de retirar uma parte do colo e isto enfraquece as fibras musculares, o médico tem que saber se a paciente passou por esse procedimento para um acompanhamento mais preciso e até uma intervenção para que não haja um aborto. Já cirurgias de miomas podem afetar o útero tanto a sua cavidade como a parede uterina, podendo haver interferência na gravidez.

Outra informação é sobre alergias a determinados anestésicos. Algumas pacientes que tiveram hemorragias ou trombose podem ter alterações na coagulação sanguínea, que diagnosticados podem ser tratados sem maiores problemas.

Vale lembrar que a paciente deve informar ao médico todas as doenças crônicas, pois algumas podem interferir com a gestação em si e outras com o feto. Algumas doenças podem ser hereditárias, familiares e podem afetar o feto. O médico tendo conhecimento antes da gravidez, por exemplo, pode dar o diagnóstico no embrião, antes de colocar no útero através da fertilização in vitro. Outras doenças requerem o uso de medicações, e estas podem ter interferência no crescimento do bebê, ou criar malformações. As mais comuns são a diabetes e a hipertensão. O ideal é relatar todas as doenças, bem como os medicamentos em uso.

O importante na relação do médico com a paciente é que não existam barreiras ao questionamento. Toda dúvida, mesmo aquelas que a mulher pode achar boba, devem ser sanadas. Existe um conceito de que todo parto deve ser normal. Não adianta querer forçar um parto vaginal e colocar em risco a saúde da mãe e do bebê. O desejo da paciente deve sempre imperar. Se ela quer o parto vaginal, que seja até que um risco sobressaia. Não se pode é ter riscos. Médico e paciente devem sempre escolher o que será melhor para o bebê e a mãe.

As consultas do pré-natal devem ser feitas em média uma vez por mês e após 30 semanas de gestação este intervalo deve ser menor. Exames de sangue para avaliação de anemias e infecções e validação do exame de urina devem ser repetidos a cada dois meses. Ultrassonografia na 6ª semana. Com 12 semanas a translucência nucal deve ser realizada e com 22 semanas o ultrassom morfológico de avaliação do bebê. Com 29 semanas deve ser feito a avaliação da vascularização placentária. Depois desse período cada obstetra tem o seu protocolo.

O uso de medicamentos e vitaminas é outro ponto que a grávida deve dar atenção. Durante o pré-natal o médico pode prescrever alguns medicamentos para melhorar a saúde da gestante.

O ácido fólico é imprescindível durante a gravidez, pois evita as alterações do fechamento do tubo neural. É muito importante que seja usado nos três primeiros meses. Se houver anemia, uma reposição de ferro será necessária.

Enjoos e dor de cabeça são indisposições comuns no primeiro trimestre da gravidez. Como nem sempre se consegue falar com o médico é preciso saber o que se pode tomar. O médico pode deixar de sobreaviso alguns medicamentos para essas indisposições mais comuns, mas a grávida não deve tomar nada sem orientação médica para qualquer outra enfermidade.

A gestante não precisa mudar a sua rotina, afinal, gravidez não é doença. O que deve se ter é bom senso. Exercício extenuante não é recomendado, pois são aeróbicos e consumem oxigênio. Recomenda-se exercícios leves, como caminhada, ioga, pilates e natação. Vida sexual normal, se a natureza dá o desejo sexual, e porque é natural. Em um determinado momento pode ser desconfortável, pelo tamanho da barriga, aí pode diminuir. Trabalhar normalmente, mas no final a movimentação da grávida pode estar dificultada, e os deslocamentos mais extenuantes.

Sobre os procedimentos estéticos, cremes e tinturas são elementos químicos e a grande maioria não tem estudos sobre o uso em grávidas. As tinturas de cabelo, mesmo as sem amônia, possuem uma infinidade de químicas desconhecidas para o desenvolvimento fetal.

Caso a gestante tenha algum problema, deve entrar em contato com o seu obstetra ou seus assistentes. Se existe um pronto socorro obstetrício na cidade, a paciente deve ser orientada a procurar e ligar para o médico, caso este esteja inalcançável e obedecer às instruções do obstetra de plantão.

. Por: Luiz Fernando Dale, ginecologista, especialista em Reprodução Humana.