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02/03/2016 - 07:25

Endometriose:doença da modernidade

A endometriose é uma das maiores causas de infertilidade e responsável por muitas queixas nos consultórios médicos. Afeta as mulheres em período reprodutivo e como é uma patologia progressiva, poderá não ter sintomas nas menstruações, mas depois de alguns anos, acaba ocasionando muitas dores.

Não se sabe ao certo por que a endometriose acontece. Durante a menstruação, as contrações uterinas expulsam o sangue menstrual para a vagina. Porém, pela pressão este também retorna pelas trompas, caindo na cavidade abdominal. As células do endométrio poderão se implantar em qualquer lugar na pelve. As mulheres que não têm endometriose poderiam ter uma defesa imunológica que impediria a fixação destas células, que seriam uma espécie de corpo estranho ao organismo. As mulheres que desenvolvem a doença, não teriam esta defesa. Esta teoria, porem não explica todos os casos de endometriose

Os sintomas mais comuns da endometriose são cólicas muito fortes – quase insuportáveis - dor durante as relações sexuais e sangramento intenso. Apesar de raros, existem casos de a doença ser assintomática. Assim como o ciclo menstrual, a endometriose sofre a influência dos hormônios da ovulação que estimulam o crescimento do endométrio dentro do útero e também as células localizadas fora do útero. A doença apresenta quatro graus: leve, moderada, acentuada e profunda. Estes graus são caracterizados pela localização , extensão e lesões causadas a determinados órgãos, como ovário, intestinos , se há aderências ou não. O primeiro estágio quase nunca impede a gestação. Mas os outros três podem atrapalhar a concepção. A endometriose é uma doença crônica e não tem cura, mas pode ser controlada. Esta doença tem tratamento , mas este é paliativo , mantém a doença sob controle, impedindo que ela evolua. Se nada for feito ela continuara evoluir a medida que a mulher tem o ciclo ovulatório, com produção de hormônios A endometriose pode ser detectada por exames de ressonância magnética e ultrassonografia.

O tratamento deve ser diferenciado, dependendo de cada paciente. Aquelas que não querem engravidar, não deveriam menstruar. Utilizamos pilulas anticoncepcionais tomadas de forma ininterrupta. A mulher não menstrua e o ambiente hormonal da pílula, atrofia os focos abdominais. Se a paciente quiser engravidar, ela será encaminhada para a fertilização in vitro. A fecundação pode estar dificultada por causa da presença dos focos de endometriose, sendo, muitas vezes, necessária a fertilização in vitro. Uma terceira paciente é aquela que tem endometriose afetando o intestino e ureter. Esta será encaminhada ao cirurgião geral e ao urologista. Poucos casos são operados pelo ginecologista.

Sabemos hoje, que a endometriose provoca um estado inflamatório na pelve e na cavidade uterina. Esta seria possivelmente a causa da infertilidade. As pacientes em tratamento para fertilidade deverão então, inicialmente, usar um bloqueador hormonal para não menstruarem durante um tempo e só depois iniciarem o tratamento de fertilidade.

Para prevenir o problema é importante um acompanhamento ginecológico criterioso, com uma valorização dos sintomas menstruais, que são comuns, e atenção especial para mudanças. Existe um marcador indireto, que quando elevado, deverá colocar a suspeita em evidência. O CA 125, dosado no sangue, que, quando alterado supõe a endometriose no ovário. Ao primeiro sinal de desconfiança, a paciente deve ter a sua menstruação suspensa, para evitar a evolução da doença.

As causas exatas da doença ainda são desconhecidas, mas o certo é que a gestação reduz sua incidência, basta ver que antigamente os casos eram mais raros, pois as mulheres engravidavam mais cedo também.

. Por: Dr Luiz Fernando Dale, Ginecologista e especialista em Medicina da Reprodução. É Diretor do Centro de Medicina da Reprodução do Rio de Janeiro e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.

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