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05/03/2016 - 05:42

6 lições de empreendedorismo com Mamonas Assassinas

Hoje completamos 20 anos que o grupo Mamonas Assassinas fez seu último show, em Brasília (DF). Infelizmente, ao retornarem de uma turnê que no ápice demandava seis shows por semana, um acidente aéreo próximo do aeroporto de Guarulhos vitimou toda a banda, bem como segurança, roadie e a dupla comandante do vôo.

Os Mamonas frequentemente são comparados a um cometa: em menos de um ano saíram do anonimato, foram catapultados ao topo da música nacional, venderam cerca de 3 milhões de álbuns (hoje o número supera 5 milhões) e desapareceram. O que poucos vislumbram, ao acompanharem detalhes da trajetória da banda, é que existem elementos dignos das melhores práticas de gestão de marcas e negócios. E isso não é uma brincadeira digna do humorismo presente nas suas letras. A história da banda pode ensinar muito aos empreendedores:

1 – Persistência —A Utopia, banda que originou os Mamonas, surgiu em 1989 realizando shows em festas do Parque CECAP, em Guarulhos. Entre membros que saíram e outros que entraram (como Dinho), foram 4 anos de anonimato até a construção de um dos maiores discos da história da música brasileira e a trilha para o sucesso. Empreender é persistência até mesmo para uma banda de rock.

2 – Adaptação —Ao encontrarem e serem auxiliados pelo produtor Rick Bonadio (o "Creuzebeck", ou líder da mesa de som na gravação), percebeu-se que o conteúdo original da Utopia, com músicas de apelo mais emocional, não teria tanta força comercial quanto o lado cômico presente nos bastidores dos integrantes. A adaptação também esteve presente em duas letras boas, mas que demandavam melhorias: "Vira", que depois tornou-se "Vira-Vira" e "Mina", lapidada para "Pelados em Santos".

3 - Timing, esforço e sorte —Todo sucesso tem sua participação de sorte: foi o filho de Rick, fascinado com as letras cômicas da “Utopia”, que indicou ao pai para abordar àquela banda já descartada pelo produtor. Ao ouvir "Vira" e "Mina", além de demandar a lapidação de ambas, sugeriu a produção de mais 10 músicas para, juntos, conseguirem um contrato com uma gravadora e lançar o primeiro disco. A dezena de criações foram compostas e gravadas em duas semanas entre os integrantes.

4 - A construção da marca —Músicas compostas, gravadas e contrato na mão, chegou a hora de formatar a banda para o lançamento. Rick de cara descartou o nome "Utopia", pois não tinha correlação com o momento e DNA cômico da banca. Através de um rápido brainstorm chegou-se ao nome "Mamonas Assassinas no Espaço". Ceifaram o fim do outrora extenso nome e cunhou-se o novo nome da banda.

5 - Identidade visual única —Como reforço da marca, toda uma identidade própria para presença de palco foi desenvolvida por meio das fantasias que o grupo sustentava em shows, clipes e apresentações na televisão - algo inédito no rock nacional até aquele momento.

6 - Storytelling e a construção do público-alvo Um dos maiores trunfos dos Mamonas foi a escala de construção do público. Começou pelas rádios com programação orientada aos jovens, mais acostumados com a veia cômica e irreverente que era alvo das músicas de duplo sentido da banda. Os filhos (influenciadores), ao pedirem o disco para os pais (compradores), envolvia a família inteira no processo de apresentar, adquirir e ouvir o som da nova maior banda do rock nacional, com letras simples, humoradas e com tom paralelo à estrutura tradicional do humor no país. Desta trajetória para a escalada da banda foi questão de semanas - o álbum foi lançado no início de agosto e, no meio de setembro, eles já eram donos das paradas de sucesso no país.

Lição extra (a falha): Cuidado com a segurança —Talvez a única falha dos Mamonas durante sua trajetória foi aproveitar o momento de sucesso até o limite. Depois de uma extensa e longa turnê, que visitou 25 dos 27 estados do país, tanto banda quanto seu staff estavam muito cansados ao término do show de Brasília, e com pressa para retornar para casa. Infelizmente o destino encerrou os planos futuros da banda, mas o relatório sobre a queda do avião aponta o estresse da jornada contínua dos pilotos como um dos fatores da falha humana que culminou no acidente aéreo.

. Por: João Gabriel Chebante, Fundador da Chebante Brand Strategy. Formado em Administração com Ênfase em Marketing na ESPM, com especialização em Modelagem de Negócios pela mesma faculdade e Gestão de Marcas (branding) pela FGV. Possui onze anos de experiência em marketing, atuando em inteligência de mercado e gestão de marcas como profissional e como consultor de empresas.

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