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05/03/2016 - 05:44

Eleições nos EUA: a super terça dos desiludidos


Ocorreu ontem, nos EUA, a chamada “super terça”, uma data que costuma marcar a corrida eleitoral no país. Dos cinquenta estados norte-americanos, doze escolheram, nesta ocasião, os seus candidatos de preferência entre republicanos e democratas.

Embora ainda seja cedo para extrair conclusões sobre as nomeações que acontecerão em julho, os resultados confirmaram tendências importantes: mais do que o favoritismo de Donald Trump e de Hillary Clinton, eles mostraram a dificuldade de Ted Cruz e de Bernie Sanders para emplacar candidaturas de alcance nacional.

Para além do Texas, seu estado de origem, nos outros dois dos três estados em que Ted Cruz venceu, a margem que o separou do segundo colocado (Trump) foi baixíssima. Em Oklahoma a diferença foi de seis pontos percentuais, enquanto no Alaska foi de apenas dois. Além disso, em Minnesota, aonde chegou a ser considerado favorito, Cruz viu Marco Rubio conquistar a sua primeira vitória.

Considerado o preferido do establishment republicano, a super terça mostrou que embora Ted Cruz possa ser tido por muitos como “mais presidenciável” do que Trump, ele também parece menos elegível que o adversário. Com discurso conservador, Cruz defende uma agenda impopular, incluindo posições sobre carga tributária previdência, além de questões sociais, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e aborto, que são sempre objeto de crítica do senador.

Do lado democrata, a super terça também parece ter relegado Bernie Sanders à posição de “second best”. Além de ter vencido em apenas quatro estados, incluindo o seu próprio (Vermont), Sanders enfrentou um verdadeiro massacre nos demais. Hillary teve o dobro, por vezes o triplo, de votos em colégios eleitorais importantes, como na Georgia, por exemplo. Além do discurso dito socialista, que confunde o americano médio, Bernie não é visto, por boa parte da sociedade estadunidense como um “comandante em chefe” e, dentro do próprio partido, há quem diga que ele não é capaz de vencer um republicano na eleição nacional, além de prejudicar perspectivas do partido para reconquistar o Senado e fazer incursões em ampla maioria na Câmara.

Apesar dos resultados, Trump e Hillary ainda encontrarão muitos desafios pela frente. Ele, no sentido de continuar convertendo seus simpatizantes em votos concretos, já que é sabido que o perfil de seu eleitorado coincide com a parcela da população que usualmente menos comparece às urnas. Ela, no sentido de conquistar eleitores fora de sua zona de conforto, principalmente entre o público jovem. Para os demais, sobretudo Cruz e Sanders, a quarta-feira amanheceu nublada.

. Por: Fernanda Magnotta, pesquisadora do Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (Unesp/Unicamp/PUC-SP) e Coordenadora do Curso de Relações Internacionais da FAAP.

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