Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

15/03/2016 - 08:17

Maracujá BRS Pérola do Cerrado conquista varejistas do DF

O maracujá silvestre BRS Pérola do Cerrado está chegando às gôndolas da rede Oba Hortifruti. O grupo varejista organizou uma degustação dos frutos em suas oito lojas de Brasília-DF no dia 14 de março(segunda-feira). O novo maracujá será comercializado em embalagens de 450 gramas rotuladas com o selo “Tecnologia Embrapa”. Quem também aposta na qualidade do novo maracujá é a Sorbê sorvetes artesanais. A sorveteria lançou no último sábado (5) o sabor “Maracujá do Cerrado”.

“A aceitação ao novo sabor está muito boa. Vamos manter”, comenta Rita Medeiros, proprietária da Sorbê. O incremento do escoamento da safra para o varejo vem em boa hora. Os produtores do Distrito Federal e Entorno estão colhendo, aproximadamente, uma tonelada de frutos do novo maracujá por semana. O desafio de conseguir comercializar a produção era um entrave para os pequenos produtores evitarem o desperdício de parte da safra.

A dificuldade de comercialização é maior entre os produtores dos assentamentos. Em novembro de 2015, assentados identificados pela Emater receberam duas mil mudas do BRS Pérola do Cerrado, uma ação para atender uma demanda do Programa Brasil Sem Miséria. “Boa parte aproveitou a oportunidade de produzir, mas há dificuldade de comercialização”, destaca Ana Maria Costa, pesquisadora da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF).

Para a primeira semana de comercialização na rede Oba estão sendo disponibilizados 120 kg de frutos, distribuídos nos oito pontos de vendas. A pesquisadora acredita que a absorção da produção do DF pode ser ampliada ainda mais localmente, conforme os consumidores forem tomando conhecimento sobre o novo maracujá. O maracujá já pode ser encontrado nas feirinhas da Asa Norte (315 norte), Lago Norte, Sobradinho, Planaltina-DF e Brazlândia, mas a ação na rede Oba deve dar mais visibilidade e pode atrair novos parceiros comerciais, como restaurantes e docerias. Outras redes varejistas interessadas em mais informações sobre o novo maracujá podem acessar a seguinte página: [http://www.cpac.embrapa.br/lancamentoperola].

Um novo fruto —Apesar de pertencer à família dos maracujás, o BRS Pérola do Cerrado tem tamanho, cor, forma e sabor que pouco lembram o maracujá comercial. O fruto maduro tem coloração verde-claro a amarelo-claro, com listras longitudinais verde-escuras. O peso varia entre 50g e 120g. Por ser muito diferente do que é normalmente encontrada no mercado, não compete com as variedades comerciais, podendo ser considerado um novo fruto que chega ao consumidor.

O novo maracujá é um produto resultante de quase 20 anos de pesquisas em melhoramento genético convencional, que compreende cruzamentos de acessos da espécie Passiflora setacea coletados em diferentes regiões do Cerrado brasileiro. Trata-se da primeira cultivar de maracujazeiro silvestre desenvolvida pela Embrapa já disponível para os fruticultores e consumidores.

Aparência engana —Um detalhe inusitado do novo maracujá: quanto mais murcho e feio, mais saboroso. “Precisamos mostrar ao consumidor que se trata de outro fruto. Ele não poderá compará-lo com a aparência do maracujá comercial. Além do tamanho e da cor, o BRS Pérola do Cerrado tem um sabor diferenciado. É adocicado, de aroma agradável e de baixa acidez”, ressalta Ana Maria.

O diferencial de mercado da cultivar se dá em função da quádrupla aptidão: consumo in natura, processamento industrial, ornamental e funcional. Todas essas características têm despertado o interesse de muitos produtores e consumidores, com uma perspectiva de fortalecimento e crescimento da cadeia produtiva.

O processamento industrial está relacionado ao uso da polpa para fabricação de sucos, sorvetes, doces e outros alimentos. A aptidão ornamental se deve às belas flores brancas e à ramificação densa, ideal para paisagismos de grandes áreas, como cercas, pérgulas e muros. Já a aptidão funcional refere-se à qualidade da polpa em termos da presença de nutrientes e compostos que atuam na prevenção de doenças.

Rico em nutrientes —As qualidades nutricionais do BRS Pérola do Cerrado compensam a falta de atrativo visual. Os frutos têm rendimento de polpa superior a 40%. De cor amarelada, a polpa apresenta sabor característico delicado, podendo ser consumida fresca ou em pratos doces ou salgados. O novo maracujá é, por isso, uma opção para o mercado de frutas especiais e de alto valor agregado, principalmente quando produzido em sistemas orgânicos e agroecológicos.

A polpa é rica em minerais importantes para a saúde, como magnésio, ferro, fósforo e zinco. Cem gramas de polpa do fruto, o que equivale a dois copos, contêm de 34% a 39% das necessidades diárias de ferro, 21% a 27% de magnésio, 22% a 32% de fósforo e 23% a 37% de zinco. Em termos comparativos, ela é mais rica que a polpa do maracujá comercial (Passiflora edulis) em enxofre, cálcio, boro e manganês. Além disso, tem maiores teores de fósforo e potássio que a polpa da acerola e igual teor de ferro.

As características químicas da polpa, que contém compostos antioxidantes (compostos fenólicos e aminas bioativas), permitem que o novo maracujá seja usado como alimento funcional. Esses compostos atuam na prevenção de doenças degenerativas e no fortalecimento da resposta imunológica, contribuindo para a manutenção da saúde.

No BRS Pérola do Cerrado, os compostos fenólicos têm concentração de 50 mg a 77 mg por 100g de polpa, o dobro de compostos fenólicos do maracujá comercial, do cupuaçu e do abacaxi. Em relação às aminas bioativas, o novo maracujá apresenta teores na faixa de 14 mg por 100g de polpa, o que corresponde ao dobro do valor presente no maracujá comercial e a 40 vezes mais que o encontrado numa maçã.

Aproveitamento integral do fruto —O trabalho de desenvolvimento tecnológico pela Embrapa e seus parceiros tem viabilizado o uso integral do fruto (polpa, casca e sementes), das folhas, flores e ramas para produção de ingredientes e de matéria-prima para as indústrias de alimentos, condimentos, cosmética, de artesanato e farmacêutica.

A partir da casca do BRS Pérola do Cerrado (e também do maracujá comercial), que tem alto teor de fibras, a Embrapa desenvolveu um ingrediente rico em fibras que pode ser usado na composição de bolos, pães, sorvetes, mousses, doces e pratos salgados.

Já a semente pode ser aproveitada, entre outros usos, para a produção de óleo, cuja composição tanto permite o consumo alimentar como o uso cosmético. Trata-se de um óleo muito rico em ômega 6, importante na formação das membranas celulares, principalmente das mitocôndrias, auxiliando também no equilíbrio do colesterol no organismo.

Vantagens para quem planta —Por se tratar de um maracujá silvestre, o BRS Pérola do Cerrado tem alta resistência a pragas e doenças, característica importante para reduzir a aplicação de defensivos agrícolas, o que traz benefícios econômicos, ambientais e ao consumidor. A rusticidade da cultivar tem viabilizado a produção, inclusive, em sistemas orgânicos e agroecológicos.

Leda Gama, de Sobradinho (DF), foi uma das produtoras que participaram da validação da variedade e já comercializa os frutos. Uma vez por semana, ela participa de uma feira de orgânicos em Brasília (DF). “Minha expectativa é maravilhosa, e digo que a aceitação é total. Todos que provam, amam”, afirma.

A produtividade anual – 20 a 35 toneladas por hectare, dependendo do sistema de condução das plantas – é muito superior à da média nacional, cerca de 15 toneladas por hectare ao ano. As condições de cultivo e produção são semelhantes às do maracujazeiro azedo. A produção dos frutos começa a partir dos oito meses de vida da planta, que produz por pelo menos quatro anos, mas pode chegar a 15 com manejo adequado.

“O BRS Pérola do Cerrado produz o ano inteiro sob irrigação, com pico de produção na época das chuvas (dezembro a março) e uma segunda safra entre junho e setembro (período seco). Entre uma safra e outra, a produção diminui, mas não para”, garante a pesquisadora Ana Maria Costa.

“É um fruto que não compete com o maracujá azedo (comercial). Veio para agregar valor e diversificar os sistemas de produção dos fruticultores”, completa o pesquisador Fábio Faleiro, também da Embrapa Cerrados e responsável pelo programa de melhoramento genético do maracujazeiro silvestre da Embrapa. Isso porque a cultivar frutifica nas condições de outono-inverno do Brasil Central, possibilitando a produção na entressafra do maracujá azedo.

Durante cinco anos, Geraldo Magela, extensionista da Emater-DF, acompanhou o trabalho de validação a campo junto aos produtores do DF. Ele acredita que o BRS Pérola do Cerrado vai representar um avanço na cultura do maracujá no Brasil. “É um material rústico e que não precisa de polinização manual. Além de tudo, é muito saboroso. Será um sucesso”, aposta. [www.cpac.embrapa.br/lancamentoperola | www.cpac.embrapa.br/Passitec].

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira