O Olhar da Alma

Exposição de 6 de março a 3 de maio, de terça a sexta feira, das 15 àsa 20 horas, no Centro Solar de Botafogo, Rua General Polidoro, 180, Botafogo, Rio de Janeiro (RJ).Telefones: (21)2543-5411 | 2548-9458. | www.solardebotafogo.com.br | www.giselamilman.com.br

Os novos trabalhos de Gisela Milman foram inspirados no livro A Alma Imoral, de Nilton Bonder, e na peça homônima adaptada e interpretada por Clarice Niskier.

No livro, Bonder reformula os significados de corpo e alma, contrapondo o conceito de “alma imoral” ao de “animal moral”. O corpo que preserva e a alma que trai são responsáveis pelos mais importantes processos da vida, a reprodução e a evolução.

Em seu processo, Gisela rasga o suporte, a tela, expondo o chassi, desvendando as estruturas formais e as qualidades inatas dos materiais, ultrapassando os limites da abstração para falar de conceitos, como corpo, alma, tradição e traição.

Segundo a crítica e curadora Luiza Interlenghi, “a tradição da pintura é marcada por sucessivas rupturas; traições, como talvez sugerisse o autor de A Alma Imoral em sua convincente argumentação sobre o equilíbrio vital entre o bom e o correto. Já a pintura composta pela sobreposição de chassis, tela e pigmento – todos elementos destacados nos trabalhos de Gisela Milman – surgiu há aproximadamente cinco séculos, quando a rígida tradição dos afrescos foi rompida.”

“Nos trabalhos de Milman os elementos da pintura podem ser claramente observados. Seguem, porém, uma ordem própria. A tela, cortada, deixa vazios entre as travas do chassi. Esses vazios, por vezes se tornam mais importantes para a formação da imagem que a própria tela, reduzida a uma estreita tira que corta verticalmente o chassi. Mesmo que deslocados de sua posição tradicional e com suas relações alteradas, os elementos que constituem o quadro aí estão”. Enfim, Gisela rasga, rompe, desnuda, trai, transgride, transcende, traduz. Recria.