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19/03/2016 - 06:55

Pepe Mujica diz que integração é passo obrigatório para a América Latina


Ex-presidente do Uruguai proferiu a aula magna na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu.

O senador e ex-presidente do Uruguai José Alberto Mujica, o Pepe Mujica, disse no dia 15 de março(terça-feira), em Foz do Iguaçu (PR), que a integração dos países da América Latina será um passo obrigatório para a região enfrentar a formação de grandes blocos econômicos, como a União Europeia e o Pacto do Pacífico, que reúne gigantes como Estados Unidos, México e Japão.

Segundo ele, “os latino-americanos, quanto mais separados estamos, mais distantes vamos estar de poder equilibrar o que está acontecendo hoje no mundo”. “Os inimigos da integração sobram [no mundo]. E o pior inimigo é não percebermos a nossa própria economia”, disse.

Mujica veio à cidade para proferir a aula magna da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), no Cineteatro dos Barrageiros, dentro do complexo hidrelétrico de Itaipu. Ele falou sobre “Integração e Desafios de Hoje na América Latina”. Antes, concedeu entrevista coletiva a veículos de imprensa do Brasil e do exterior, acompanhado do reitor da Unila, Josué dos Passos Subrinho, e do representante-geral do Mercosul, Florisvaldo Fier, o Dr. Rosinha.

“Sei que no Brasil há uma velha discussão, de que é preciso primeiro integrar internamente. Entendo isso. Mas já não há tempo: a Europa está construindo uma grande nação, mesmo com um histórico de guerras e massacres. Os Estados Unidos, todos conhecemos, assim como a China. E é com esse mundo que vamos ter de negociar”, disse Mujica.

Para o ex-presidente, o Brasil avançou muito na última década, ampliando o relacionamento com os países vizinhos, especialmente por meio do Mercosul, e também com mercados distintos, como o continente africano. No entanto, ele avalia que será preciso superar diferenças para acelerar o processo – a começar por um diálogo mais efetivo entre Brasil e Argentina, as duas maiores forças da região.

“Os desafios que temos são de caráter político, mas nos falta estatura política. É muito discurso, muito banquete, mas não avançamos. Disputamos entre nós e não temos uma política em comum”, criticou, antes de defender a criação de ministérios que promovam a integração regional.

Questionado sobre o atual momento político da América Latina, Mujica disse que existe na história recente um movimento pendular constante – entre direita e esquerda – e que é importante o ser humano saber conviver com vitórias e derrotas. “Aprendi uma coisa: os únicos derrotados na vida são os que não voltam a se levantar. [Porque] o problema não é triunfar, o problema é viver: ser derrotado e seguir vivendo.”

Vida simples —Aos alunos que lotaram o auditório do Cineteatro dos Barrageiros, Mujica explorou um dos lados que o tornaram mais conhecido no mundo: a simplicidade. Ele defendeu que as pessoas devem trabalhar menos e viver mais, de forma mais simples e solidária.

“Você não compra uma coisa com dinheiro, mas com o tempo que você gastou para ganhar dinheiro”, ensinou. “Porém, não se pode comprar anos de vida. Por isso, para mim, o valor mais importante que temos é a vida”, concluiu.

Visita à usina —Após a aula magna no Cineteatro dos Barrageiros, Pepe Mujica e comitiva, acompanhados do diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, visitaram a usina hidrelétrica e o Parque Tecnológico Itaipu (PTI).

Nesta quarta-feira (16), pela manhã, o ex-presidente fará um passeio na principal atração turística da região, o Parque Nacional do Iguaçu, que abriga as Cataratas do Iguaçu. À tarde, ele se reunirá com autoridades e lideranças do Brasil, Paraguai e Argentina, para discutir o tema “Estratégias de Desenvolvimento Territorial Sustentável”.

O retorno do ex-presidente para o Uruguai está previsto para a manhã do dia 17 de março.

Maior legado de Itaipu será a educação e o desenvolvimento territorial, avalia Pepe Mujica —O ex-presidente uruguaio destacou o papel de Itaipu como polo catalisador para educação e geração de empregos diretos e indiretos.

Poucos são os que passam pela Itaipu sem destacar a grandiosidade do cenário do concreto, aço e água proporcionado pela usina. Para o senador e ex-presidente uruguaio, José “Pepe” Mujica, que cumpre agenda na Itaipu e região nesta terça (15) e quarta-feira (16), ainda que seja encantadora, a paisagem impressiona, mas é secundária diante do legado educacional que Itaipu deixará às gerações futuras. “Esta é uma espécie de universidade ligada à energia”, disse Mujica, que esteve pela segunda vez na usina, a primeira delas pelo lado brasileiro.

Para ele, a binacional – por meio da própria usina e das universidades instaladas em sua área – contribui para a formação contínua de técnicos, em habilidades diversas e que disseminam o conhecimento. “Por aqui passam jovens engenheiros que podem ir a outros lugares levando a experiência tão importante adquirida neste local”, afirmou.

Somado à educação, o turismo completa o papel propulsor de Itaipu ao desenvolvimento da região fronteiriça, de beleza natural ímpar, segundo o senador. “Toda a zona missioneira tem uma exuberância vegetal estonteante e a forma como a natureza se comunica por ela é impressionante”, afirma.

Itaipu, embora construída pelo homem, também tem seu papel neste processo, ao lado de atrativos como as Cataratas do Iguaçu. “A usina se transformou em uma fonte de turismo. E, conforme as pessoas vão se agrupando, os benefícios bilaterais aparecem. Tem mais gente trabalhando nos hotéis, outros produzindo verduras [para estes estabelecimentos]. Trata-se de uma fonte de trabalho muito importante”.

O ex-presidente, que governou o país vizinho de 2010 a 2015, foi um incentivador da interligação energética do Uruguai e Brasil. Durante seu governo, inaugurou o Complexo Eólico Campos Neutrais, o maior da América Latina, em parceria com o Brasil.

Incentivador das energias renováveis, Mujica tem uma visão holística da natureza e prevê que a humanidade vai dispor de recursos para aproveitar toda a energia do sol em pouco mais de um século.

“Itaipu produz hoje energia em quantidade fabulosa, a um custo razoável ao Brasil e Paraguai, e quando terminar de amortizar a obra [em 2023] haverá ainda mais recursos aos seus países. Será um passo muito importante para Itaipu”, analisa.

“Em 150 anos, Itaipu será um museu”, prediz. Quando isso ocorrer, a humanidade já terá descoberto outras fontes de energia, antevê Mujica. Para ele, é muito provável que, até lá, o homem consiga sintetizar a fotossíntese. “Acredito que fonte de energia principal será o sol e o homem encontrará o segredo da fotossíntese e poderá fazer uso dela.”

A Itaipu —Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, a Itaipu Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tendo produzido, desde 1984, mais de 2,31 bilhões de MWh. A hidrelétrica é responsável pelo abastecimento de cerca de 15% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 75 % do Paraguai. Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.

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