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19/03/2016 - 07:13

Agricultores familiares do Rio de Janeiro mantêm tradição de produzir sementes de feijão

Em Araruama, na Região dos Lagos, unidade experimental testou diferentes variedades da leguminosa, que tem grande importância cultural e econômica na comunidade.

Em Tapinoã, na microbacia do Piri-piri, município de Araruama, nas Baixadas Litorâneas do Rio de Janeiro, o feijão é muito mais do que o tradicional acompanhamento do arroz nas refeições. Lá, a troca de sementes faz parte da história das famílias, fato que foi identificado e estimulado pelo Programa Rio Rural, da Secretaria de Agricultura do estado.

Tapinoã tem se destacado na preservação da variedade de feijão xodó, que é considerado uma semente crioula, uma variedade que se manteve tradicionalmente por meio da cultura de troca entre os agricultores familiares. A variedade xodó está presente no Rio de Janeiro há mais de 30 anos e atualmente é a mais utilizada no estado, um dos maiores consumidores de feijão do país, registrando mais de 350 mil toneladas do grão por ano.

“Meus pais e avós sempre plantaram feijão, milho, arroz. Com a chegada do subprojeto do Rio Rural, passamos a fazer uma reserva, separando e preparando parte das sementes quando colhemos para um novo plantio”, conta Aluirde dos Santos Teixeira, agricultora da localidade.

Unidade de observação —Ao identificar a importância econômica, social e cultural das sementes para a comunidade de Tapinoã, a Emater-Rio, executora do Rio Rural, buscou parcerias para apoiar e impulsionar o potencial local. Além da secretaria municipal de Agricultura, a Pesagro-Rio também se interessou por alavancar a tradição de preservação de sementes e estudar a adaptação de outras variedades na localidade.

Ao longo de três anos, a propriedade do agricultor familiar Roberto Figueiredo se configurou como uma unidade de observação para a Pesagro-Rio, que testou outros 11 tipos de variedades de feijão, em produção totalmente orgânica. O resultado foi a identificação de duas outras variedades, além do feijão xodó, que apresentam alta produtividade.

“O objetivo é trazer para a comunidade sementes de boa qualidade técnica e também mais resistentes para condições adversas, como a escassez hídrica observada no ano passado”, informa Benedito de Souza Filho, engenheiro agrônomo e pesquisador da Pesagro-Rio.

Ele informou ainda que a metodologia implantada para a análise das sementes de feijão foi exclusiva, e agora poderá ser utilizada para a análise de outros alimentos, inclusive em Tapinoã. As variedades de feijão mais produtivas identificadas na pesquisa serão compartilhadas com outros produtores da comunidade para o plantio deste ano, que ocorre neste mês de março.

Saúde e autoestima —Segundo Vera Regina Câmara, bióloga e extensionista da Emater-Rio responsável por atender os agricultores de Tapinoã, o trabalho vem fortalecendo a tradição já existente no local. “Encontramos nessa comunidade um ambiente favorável, com pessoas que gostam da cultura do feijão e da preservação das sementes”, destacou. A extensionista explicou que os agricultores familiares de Tapinoã também se destacam pela preocupação em diminuir o uso de agrotóxicos na produção de feijão. Grande parte dos incentivos do Rio Rural na comunidade é destinada a subprojetos de adubação orgânica.

A agricultora Edna Pereira dos Santos, moradora do local, confirma que a tradição da cultura do feijão em Tapinoã inclui a preocupação com a sustentabilidade. “É amor o que nós temos pelas sementes. Guardar, cultivar, alimentar sua família sem veneno, sabendo que é um alimento saudável, é muito importante para todos. E quando sobra, dá para complementar a renda da família. É um bem sustentável”, conclui.

Ano das leguminosas —A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou oficialmente 2016 como o Ano Internacional das Leguminosas. O objetivo é divulgar os benefícios à saúde dos legumes secos, como os vários tipos de feijão, grão-de-bico, ervilha, soja, lentilha e fava, que têm alto valor proteico.

Para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, esses alimentos contribuem de forma significativa para combater a fome e a desnutrição frente aos desafios ambientais e de saúde, em particular na América Latina, África e Ásia. Além do uso na alimentação, as leguminosas são importantes para a manutenção da qualidade e produtividade das lavouras, pois contribuem naturalmente para a fixação de nitrogênio no solo, um dos principais nutrientes das plantas.

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