Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

22/03/2016 - 09:27

Uso eficaz da água

Durante muitos anos, a oferta abundante de água no território brasileiro fez com que utilizássemos esse importante recurso natural sem qualquer preocupação com o futuro. Mas a recente crise hídrica enfrentada pelo mais populoso estado da nação acionou o sinal de alerta sobre a maneira como estamos tratando desse recurso essencial para a sobrevivência humana. Por isso, o Dia Mundial da Água é uma data para ampliarmos a reflexão sobre esse tema.

A falta d’água não é uma exclusividade do estado de São Paulo. Regiões como a Califórnia (EUA) e uma boa parcela da Austrália também já enfrentaram períodos de escassez. Nos dois casos, o planejamento e a gestão dos recursos hídricos foram fundamentais para superar os momentos mais críticos e buscar soluções permanentes para combater esse problema. Primeiro, é preciso reconhecer detalhadamente todo o sistema de abastecimento de água, que vai desde as fontes de abastecimento, como represas e rios, até a torneira dos consumidores. A gestão operacional dos sistemas de abastecimento de água precisa e contínua permite a redução e o acompanhamento, em tempo real, das perdas.

Em cada uma dessas etapas, a gestão deve ser rigorosa e o planejamento deve prever todo o seu funcionamento. No caso paulista, é preciso elaborar novos projetos que possibilitem à Sabesp um plano de investimentos condizente com as reais necessidades de infraestrutura do sistema de abastecimento como forma de aumentar a oferta de água.

Dentre esses projetos, a troca de tubulações antigas por novas é um dos instrumentos essenciais para a redução profunda da perda de água. Alguns estados brasileiros registram taxas acima de 60% de perdas por causa das tubulações. Regiões com melhores indicadores ainda contabilizam média de 30%, um patamar bem acima dos padrões de países desenvolvidos, que alcançam 10% de perdas no sistema. Jogar fora um produto que tem um alto custo de tratamento é um desperdício indiscutível de recursos financeiros.

A Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente) defende ainda estímulos ao uso de novas tecnologias para reduzir o consumo de água tanto nas residências como em unidades industriais. Entre os anos de 1997 e 2009, a Austrália enfrentou a chamada “seca do milênio”, que foi contornada com uma série de programas de gestão da demanda e uso racional da água. A companhia de abastecimento hídrico de Sydney, a cidade mais populosa da Austrália, com mais de 4 milhões de habitantes, realizou ações para reduzir a demanda per capita de água em 25% até 2001 e 35% em 2011.

Uma das medidas foi aumentar a eficiência hídrica nas empresas e moradias com tecnologias de baixo custo. Os australianos puderam comprar equipamentos domésticos como chuveiros e sanitários com maior eficiência no uso de água a custos subsidiados. Acreditamos que modelos semelhantes podem ser adotados à realidade brasileira, além incentivar as empresas da construção civil com metas de oferecer novas moradias capazes de usar 40% menos água em comparação com as já existentes.

Conseguimos enfrentar a fase mais acentuada da crise hídrica, mas devemos manter nossa atenção para evitar que novos períodos venham a comprometer o abastecimento da população, principalmente nas regiões metropolitanas brasileiras. Cuidar dos nossos recursos hídricos é a garantia de qualidade de vida para o futuro.

. Por: Luiz Roberto Gravina Pladevall, presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente) e membro da Diretoria da ABES-SP (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental).

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira