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06/04/2016 - 08:46

Biblioteca Parque Estadual recebe a 'Ocupação Aloisio Magalhães'

Do Itaú Cultural com ênfase no Rio de Janeiro. Parceria entre as duas instituições leva para a capital carioca a mostra sobre a trajetória do personagem símbolo do design moderno brasileiro, responsável ainda por marcas como as notas do Cruzeiro, do Banco Central do Brasil, da Light e da Fundação Bienal de São Paulo. Com curadoria de João de Souza Leite, a exposição já foi exibida em São Paulo e Pernambuco e ganha montagem com destaque para a contribuição do artista na formação da identidade da cidade, com o símbolo do IV Centenário.

No dia 09 de abril(sábado), a Biblioteca Parque Estadual do Rio de Janeiro inaugura a Ocupação Aloisio Magalhães, organizada pelo Itaú Cultural e produzida pelo espaço da Secretaria de Estado de Cultura gerida pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG). A exposição apresenta para o público o grande legado cultural deixado pelo artista e designer brasileiro, criador, ainda, de um dos símbolos que até hoje representam a identidade da cidade, o das comemorações do IV Centenário, em 1965.

Com curadoria de João de Souza Leite, ele próprio um renomado designer e ex-assistente de Aloisio Magalhães, a exposição foi vista pela primeira vez em 2014, em São Paulo, depois, na cidade natal do artista, Recife, em 2015, e agora chega no Rio de Janeiro destacando o processo de criação de um símbolo histórico para a cidade, incluindo uma versão tridimensional, estudos e fotos de época ampliadas abrindo o espaço expositivo. A partir desse ponto, a mostra apresenta uma linha do tempo sobre a vida de Magalhães, descortinando sua inventividade com livros originais, criações impressas em 3D, pinturas e fotografias pessoais. Ele assina muitas marcas representativas na memória coletiva do Brasil, como as notas de 500 (1972) e de mil Cruzeiros (1977), da marca do IBGE (1962), do Banco Moreira Salles, depois nomeado Unibanco (1965), como há anos ficara estampado nos uniformes do piloto Ayrton Senna; da companhia elétrica Light (1966), do extinto Banespa (1969) e outras.

Aloisio Magalhaes (1927-1982) nasceu em Pernambuco no fim da terceira década do século XX e morreu prematuramente em Veneza, aos 55 anos incompletos, exercendo o papel de virtual ministro da cultura do país. Não à toa a data de seu aniversário, 5 de novembro, marca o Dia Nacional do Designer. “Sendo pintor, designer ou formulador de políticas públicas, Aloisio foi, como sempre dizia, um ‘projetivo’ – alguém inteiramente consciente do que e do como projetar”, observa Souza Leite.

Para ele, a Ocupação Aloisio Magalhães homenageia o seu pioneirismo no campo do design moderno, e também o seu pensamento voltado para um desenvolvimento social e econômico mais harmonioso do país, e a sua visão política que transformou, por algum tempo, o trato dos bens culturais no Brasil. “Em toda a sua ação, Aloisio sempre privilegiou a ideia de um projeto de futuro para o país, coisa de que tanto carecemos hoje”, conclui.

Estas três facetas do artista estão divididas na Ocupação Aloisio Magalhães em sete núcleos temáticos: Aloisio Magalhães, um designer em três tempos; Aloisio, artista plástico; O Gráfico amador; Uma linguagem experimental; Aloisio Magalhães, designer; As possibilidades do objeto impresso; A cultura como objeto de ação política.

Eles se agrupam em três tempos. O primeiro com suas pinturas, gravuras, aquarelas, ressaltando ainda a experiência gráfica de Aloisio Magalhães junto à oficina conhecida como O Gráfico Amador. Não estão de fora pontos altos da carreira dele, como um conjunto de registros da fase em que viveu nos Estados Unidos, e, no auge do modernismo, desempenhou protagonismo inquestionável no design, ao lado do artista gráfico Eugene Feldman. A mostra apresenta imagens geradas por essa experiência, seus livros premiados e fotos que documentam aquele momento da vida do artista.

Um “segundo tempo” da mostra apresenta a sua realização no campo do design propriamente dito. Alguns símbolos empresariais que marcaram a paisagem urbana brasileira por décadas serão reproduzidos e impressos em 3D, como o do Banespa e o da Bienal de São Paulo. Nesse nicho estão as cédulas de dinheiro brasileiro desenhadas pelo artista e experimentos gráficos em publicações – originais e reproduzidos virtualmente –, como o Aniki Bobó e o Doorway to Portuguese, este em parceria com Eugene Feldman novamente. A série de colagens de cartões-postais denominadas Cartemas – Série Internacional Vaticano Capela Sistina (sem data), Cartemas brasileiros (1972), e SP Largo do Paissandu (1973) também estão nessa parte da ocupação.

Por fim, a exposição retrata a sua chegada formal ao campo da cultura: a constituição do Centro Nacional de Referência Cultural, em 1975, e seu desdobramento nos mais variados projetos; e a posterior renovação institucional da área da cultura no nível da administração federal. O seu papel diante da cultura nacional é explicado em imagens resultantes de pesquisas e textos seus.

Aloisio por João —A partir de 1960, Aloisio Magalhães integrou a primeira geração de designers modernos no Brasil, e se fez presente tanto na discussão sobre a educação de design no país como no debate sobre o que constituía a nova atividade. Foi aí que ele montou a primeira versão do seu escritório de design, que viria a ser o maior do país ao longo dos anos 1970, e fez parte do grupo que criou o primeiro curso de desenho industrial em nível superior, na Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), Rio de Janeiro.

Seus desenhos para marcas e símbolos, seus projetos para programas de design e identidade visual de empresas chegaram a atender à dimensão de uma cidade como o Rio de Janeiro, e fizeram de Aloisio um dos mitos do design brasileiro, tendo sido a um só tempo a voz mais presente na divulgação da nova profissão no período de 1960 a 80 e o defensor de princípios que enfatizavam a relação com o contexto, contrariamente ao que havia se definido como característica marcante do design moderno no Brasil.

Esses propósitos, enunciados desde seu tempo como pintor – de que a produção artística deveria pertencer ao seu próprio tempo e associar-se ao seu próprio lugar, de que a vivência mais local poderia comportar questões universais – pautaram a sua trajetória. Ao longo do caminho iniciado como artista plástico, cenógrafo, figurinista e mestre de bonecos no tão pernambucano teatro de mamulengo, Aloisio traçou um percurso que progressivamente o aproximou de questões coletivas.

Com essas ideias, em 1979 assumiu a direção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN – do Ministério da Educação e Cultura. E logo propôs e colocou em prática o desenho que pensava para a administração da cultura no país. Nesse percurso, criou a Secretaria da Cultura do Ministério, e foi um virtual ministro da cultura do país.

Ao final da longa série de governos militares, sua presença no MEC criou uma indiscutível renovação de ares na área da cultura, que a partir daquele momento voltava a ser merecedora da atenção devida. Ocupando este cargo, em um colóquio em Veneza Aloisio Magalhães sofreu um violento acidente vascular cerebral, vindo a falecer abruptamente, em junho de 1982.

Sobre João de Souza Leite — Designer formado pela ESDI em 1974. Iniciou sua vida profissional em 1966, como assistente de Aloisio Magalhães. Entre seus projetos estão a identidade visual do Jockey Club Brasileiro e do Banco Central do Brasil. Realizou inúmeros projetos na área editorial e foi consultor da Casa da Moeda, do Iphan e da Presidência da República. Entre suas publicações está Design: entre o saber e a gramática, premiado pelo Museu da Casa Brasileira, em 2003. Pesquisou e organizou A herança do olhar: o design de Aloisio Magalhães, também premiado pelo MCB (Museu da Casa Brasileira) em 2004, e a coletânea de entrevistas e cartas Encontros Aloisio Magalhães. Em 2005, fez a curadoria de Design’20: Formas do Olhar, em Porto Alegre, e O Outro Sentido do Moderno: Aloisio Magalhães e o Design Brasileiro, no Rio. É professor da ESDI e desenvolve estudos e análises sobre as relações entre design e sociedade no Brasil.

A Biblioteca Parque Estadual – BPE: com 15 mil m² de área, acervo de aproximadamente 200 mil livros e 20 mil filmes, além de Biblioteca Infantil, Teatro, Auditório e comodidades como café, conexão wi-fi e espaço aconchegante, a Biblioteca Parque Estadual ocupa local de relevância e é referência cultural para todo o Brasil. Localizada na Av. Presidente Vargas, por ficar próximo à Central do Brasil promove a integração entre o Centro e a Zonas Norte e Oeste da cidade.

Fechada em 2008 para obras de modernização e reaberta em 2014 totalmente reformada, a BPE é um polo de conhecimento, atividades culturais, informação e lazer acessível a todos.

Ocupação Aloisio Magalhães, visitação de 09 de abril a 28 de maio, de terça-feira a sábado, das 11h às 19h, na Biblioteca Parque Estadual, Avenida Presidente Vargas, 1.261 – Centro do Rio de Janeiro (RJ). Entrada gratuita. Classificação indicativa: livre. [www.bibliotecasparque.rj.gov.br], e redes sociais. | www.itaucultural.org.br.

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