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20/05/2016 - 08:43

Os desafios da nova equipe econômica do governo Temer!

“A questão da meta fiscal e tudo o que ela envolve é o maior desafio. A crise econômica atual é, além de uma crise de confiança, uma crise fiscal que exigirá tempo e posições firmes do governo para que o país volte a crescer”, aponta Edgar de Sá, economista-chefe da Fenice Participações

Passados os primeiros dias do novo (?) governo, todos estavam aguardando pela formação da nova equipe econômica que certamente será a responsável por enfrentar os maiores desafios que a equipe liderada por Michel Temer terá pela frente. E os desafios não são poucos.

Para tal tarefa, esperava-se uma composição com nomes de reconhecida capacidade para lidar com os desafios da economia brasileira. Muitos podem discutir que é uma formação para agradar ao “deus mercado”, que a equipe formada anda muito próxima ao que o mercado deseja para a economia e muito distante de um pensamento econômico que privilegie o social. Enfim, seria muito difícil agradar a todos. No entanto, não se pode discutir a capacidade e qualidade de uma equipe formada por Henrique Meirelles (ministro da Fazenda), Ilan Goldfajn (Banco Central) e Romero Jucá (Planejamento e talvez o nome mais discutível), entre outros importantes nomes que compõem a equipe.

Henrique Meirelles carrega a experiência de anos no mercado financeiro e presidindo ou participando do conselho gestor de grandes empresas. Mas certamente, ser o presidente com maior tempo a frente do Banco Central de Brasil e tendo enfrentado uma situação econômica tão adversa quanto a atual —quando a economia do país estava em crise com inflação, taxa de juros e câmbio em alta e reservas internacionais em baixa — é o que o torna uma boa escolha para ministro da Fazenda.

Já Ilan Goldfajn foi diretor do FMI, de política econômica do BACEN durante a gestão Armínio Fraga, além possuir formação acadêmica considerável. Nos últimos anos vinha atuando como economista-chefe do Itaú e seu nome agrada o mercado, já que Ilan é considerado muito equilibrado em suas atuações.

Romero Jucá, provavelmente o nome mais discutível da nova formação por conta de sua ligação mais forte com a política, além de ser um dos citados pela Operação Lava Jato, não é, teoricamente, uma má escolha para a pasta do Planejamento. Romero Jucá estudou economia na Universidade Católica de Pernambuco, onde também fez pós-graduação em engenharia econômica. Em 1986, presidiu a Fundação Nacional do Índio (Funai). Como ministro do Planejamento, suas atribuições serão planejar a administração governamental, custos, analisar a viabilidade de projetos, controlar orçamentos, liberar fundos para estados e projetos do governo, função que muitas vezes exigirá, além de capacidade econômica e administrativa, uma boa dose de manejo político.

Formado o “pelotão de elite” da economia brasileira, quais devem ser os primeiros desafios que eles enfrentarão? Meta Fiscal — O primeiro e quem sabe maior desafio, será a aprovação de um projeto que altere a meta fiscal para este ano. A tarefa não será nada fácil, uma vez que esta é uma decisão que passa pelo bagunçado Congresso Brasileiro. Será uma grande oportunidade para o presidente em exercício mostrar seu “talento” como articulador político. Ainda dentro deste cenário, alterar as vinculações de receitas através da aprovação da DRU (Desvinculação de Receitas da União), que dará maior autonomia sobre os gastos dos recursos do orçamento, além de eventualmente aprovar o aumento de impostos ou a volta da CPMF e, enfim, conseguir passar uma reforma da Previdência Social, são desafios importantes que a equipe econômica enfrentará para ajustar a meta fiscal, que ainda inclui: conter a inflação, reequilibrar contas públicas e renegociar a dívida dos Estados.

A questão da meta fiscal e tudo o que ela envolve é o maior desafio. A crise econômica atual é, além de uma crise de confiança, uma crise fiscal que exigirá tempo e posições firmes do governo para que o país volte a crescer.

Retomar o crescimento para recuperar investimentos e criar vagas de empregos e manter os programas sociais em funcionamento mesmo diante da enorme escassez de recursos são tarefas tão importantes quanto as que envolvem as questões fiscais, mas que parecem ser difíceis de se ajustar sem que antes se coloque em ordem as contas do governo.

A equipe econômica pode até agradar mais aos que estão mais próximos ao mercado financeiro, como gestores de fundos e investidores, mas eles são amplamente capacitados para reconduzir o país a um cenário de crescimento econômico. Porém, isso não ocorrerá sem que antes passemos por mais alguns momentos de privação. A economia só deve retomar sua trajetória de crescimento em 2018, mas para que isso ocorra, é importante que as medidas tomadas por esta equipe sejam assertivas. Acompanhemos e torçamos por isso.

. Por: Edgar de Sá economista-chefe da Fenice Participações.

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