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24/05/2016 - 08:25

A escassez de água e o setor imobiliário

A escassez de água experimentada por uma parcela importante da população brasileira nos últimos anos é consequência de uma série de fatores, como clima, atividade humana, vegetação e albedo urbano.

O comportamento dos ciclos hidrológicos nas cidades é determinado, em maior ou menor grau, pelos sistemas climáticos global, continental e local, que se inter-relacionam. E, ambos os sistemas, hidrológico e climático, são influenciados pela atividade antrópica e por fatores naturais, que podem ser internos, como o nível de aerossóis na atmosfera expelidos pela atividade vulcânica, ou externos, como a irradiação solar.

Ela aumenta 10% a cada bilhão de anos, varia numa amplitude de 0,1% em ciclos de onze anos e em intervalos de alguns minutos, erupções solares emitem quantidades enormes de energia. Porém, a influência do Sol é mais regional do que global e ele não é a causa do aquecimento global observado nos últimos 50 anos. Estas foram as conclusões de diversos especialistas que se reuniram no Centro de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos (disponível em www.nap.edu/catalog/13519).

O aumento das emissões de gases de efeito estufa geradas pela atividade humana é a principal causa das alterações climáticas neste período, de acordo com a esmagadora maioria dos cientistas que pesquisa o clima Terrestre.

Na América do Sul, dentre outros fatores que afetam o sistema climático e hidrológico continental, estão o oceano Atlântico e a floresta Amazônica. Grandes volumes de umidade originados no mar são conduzidos pela circulação atmosférica até a região Sudeste. Este verdadeiro rio voador, com vazão equivalente à do rio Amazonas, dobra seu volume devido a evapotranspiração da floresta, quando a sobrevoa.

Já na escala local, uma característica que favorece maior absorção de radiação solar e a emissão de calor, é a construção das cidades com materiais que possuem baixo coeficiente de reflexão (albedo). Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Matos et al. 2010), compararam a refletância do asfalto e da grama, que possuem irradiação máxima, respectivamente de 140 e 2 W/m2.

Essas pesquisas demonstraram cientificamente o que qualquer um de nós pode facilmente perceber: esta diferença influencia a nossa sensação térmica, quando caminhamos sobre essas superfícies em dias ensolarados.

Em áreas adensadas há, ainda, redução de resfriamento natural proveniente da evaporação de áreas verdes, cursos d'água fluviais e pluviais ao ar livre, pois estes atributos naturais são mais escassos nas cidades.

Em decorrência destes fatores, a temperatura nos centros urbanos pode ser até dez graus maior do que nas áreas rurais ou naturais de seu entorno. Este efeito, conhecido como "ilha de calor", influencia diretamente o sistema climático e hidrológico local. Por isso, maiores volumes de precipitações tendem a se concentrar mais nestas regiões do que nas periferias, onde normalmente estão localizadas as grandes represas, construídas para o abastecimento das metrópoles. Alagamentos urbanos são outra consequência indesejada deste fenômeno.

O setor imobiliário exerce papel importante na concretização de soluções. Cabe aos incorporadores a concepção de edificações novas que atendam ao presente - e ao futuro - cenário de escassez de água.

Hidrometria individualizada, instalação de equipamentos economizadores, maiores reservatórios de água para consumo e para retenção de águas pluviais e utilização de fontes alternativas são exemplos do que pode ser contemplado nos projetos hidráulicos.

Aliás, é premente a adaptação de inúmeras normas brasileiras para este novo cenário climático e a elaboração de norma específica para reúso de água, que defina sua qualidade mínima, os materiais que devem ser utilizados, como deve ser realizado o projeto, a instalação e a gestão do sistema, quem deve fiscalizar e como deve ser a destinação do lodo, que é o resíduo produzido por estações de tratamento.

Já nos condomínios existentes, algumas das soluções listadas acima podem ser técnica e/ou economicamente inviáveis, mas muitas podem ser facilmente implantadas, como os equipamentos economizadores de água.

E lá na ponta está o usuário, o grande aliado (ou inimigo) para que o consumo seja feito de forma racional. Pouco adianta ter um imóvel sustentável, equipado com os dispositivos mais avançados, se o uso não for feito adequadamente. Daí, a importância da divulgação e conscientização por parte dos usuários de t0das essas ações.

. Por: Hamilton de França Leite Jr. diretor da Casoi Desenvolvimento Imobiliário e vice-presidente de Sustentabilidade do Secovi-SP (Sindicato da Habitação). e-mail: [email protected].

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