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01/06/2016 - 07:55

Advogado Geral de todos nós

Quando o último Advogado-Geral da União em exercício, durante o Estado de Direito no Brasil, fez seu discurso de posse pela primeira vez como ministro da Justiça, muita gente ligava para mim e comentava: “Que honra, hein? Você foi elogiado pelo ministro! ” Na minha casa, os seus amigos e eu o recebemos e homenageamos uma só vez. A partir daí, pouco nos falamos.

Não pôde vir ao enterro do meu pai, nem foi ao casamento da minha filha caçula, nem veio às tantas festas e jantares de aniversário, comemorações acadêmicas, saraus musicais, para os quais sempre o convidei. Ele trabalhava muito e, de qualquer modo, os amigos que o conhecem e sabem como ele é preferiam manter certa distância.

Era ministro de um governo que sabíamos que seria muito combatido e, caso ficássemos circundando, isso poderia acabar por prejudicá-lo. Se viesse, por qualquer razão, a imaginar que pretendíamos algum favor, ou mesmo simples pretensão de aparecimento, a amizade explodiria porque ele é um homem honesto, convicto de que também aos amigos as leis devem ser exemplarmente aplicadas e cuidava como porcelana rara a coisa pública e a imagem do governo.

O Zé Eduardo faz parte de um pequeno grupo sério, muito visado, também integrado pela presidente da República golpeada e alguns outros — poucos como em qualquer país — denodados políticos que se entregam à dura realização de projetos de democratização econômica num mundo em que o dinheiro não é medida de valor das outras coisas porque vale muito mais do que elas todas.

Agora que cometeram o impedimento, que arrebentaram com a nossa Constituição e já começaram a frustrar aqueles que acharam que isso seria legítimo, constitucional e bom para o país – os ouvintes do Romero Jucá que o digam! –, todo mundo voltou a ligar para mim. Ligam os que haviam ligado antes e muitos outros. Nunca fui tão importante como agora. Alguns ligam com uma gotinha de maldade, outros não. Todos elogiam o quão inteligente, razoável e combativo vem sendo o outrora Advogado-Geral da União.

É uma honra muito maior do que ser elogiado pelo ministro-amigo testemunhar e ouvir sobre a combatividade e honradez do advogado José Eduardo Martins Cardozo que, se corre o risco de perder a causa, da qual nunca desistirá até o último ato da última querela de nulidade insanável, poderá voltar a viver um pouco com sua família e com os seus amigos e colegas, a quem ensina o ofício da advocacia.

. Por: Ernesto Tzirulnik, advogado, doutor em Direito pela USP; presidente do IBDS – Instituto Brasileiro de Direito do Seguro; coordenador das comissões elaboradoras dos anteprojetos de Lei de Contrato de Seguro discutidos no Congresso Nacional desde 2004.

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