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09/06/2016 - 08:17

Indústria mundial do aço: saindo da UTI nos próximos três anos


“O Brasil produz aço de alta qualidade e pode concorrer muito bem no mercado internacional. Desde que isso ocorra num cenário de concorrência leal”. A opinião de John Lichtenstein, diretor-executivo de recursos naturais e especialista em aço da Accenture demonstra a preocupação geral dos estudiosos do mercado do aço com a atual crise, segundo eles, sem precedência, provocada pelo cada vez mais alto volume de excedentes (719 milhões de toneladas) e agravada pela atuação da China.

Coordenado pelo presidente da ArcelorMittal Brasil e conselheiro do Instituto Aço Brasil, Benjamin Mário Baptista, o segundo painel do 27º Congresso Brasileiro do Aço teve como tema “Indústria Mundial do Aço — Cenários nos próximos três anos — Impactos para o Brasil” e contou também com as participações de Joaquim Schröder, da Research & Consulting Group e de Sarah Machaughton, consultora de análise de custos da CRU.

“O excedente de produção de aço aumenta em todo o mundo porque a demanda não aumenta. Num cenário como este, os investidores não têm nenhuma garantia de que vão lucrar”, advertiu Schröder, que se mostrou preocupado e pouco otimista com o futuro próximo do setor. Ele lembrou que, em situações onde há excesso de produção, os países buscam exportar este excedente como medida natural e o Brasil conseguiu aumentar suas vendas para o mercado externo. “Mas a China está inundando o mundo com seu excedente barato. Não se pode estimar os preços dos produtos sidero-metalúrgicos para os próximos 12 meses se não temos como saber o preço amanhã. Acredito que esta situação ainda vai durar mais dois ou três anos”, calcula.

O especialista informou que há, atualmente, 70 investigações antidumping sendo realizadas no mundo, envolvendo todos os produtos derivados do aço, fato que leva cada vez mais ao aumento das medidas protecionistas por parte dos países produtores.

Sarah Machaughton é mais otimista com relação aos preços de matérias-primas como o minério de ferro e o carvão metalúrgico: “A volatilidade dos preços na China é uma situação que começará a mudar no segundo semestre deste ano. Os preços vão cair e isto promoverá um maior equilíbrio entre oferta e demanda. O Brasil, que tem uma situação melhor do que a Rússia, por exemplo, deve aproveitar oportunidades de vender seus produtos para a Europa”, aconselha ela.

Lichtenstein acha que o cenário não pode piorar, mas crê que o mercado levará um tempo para se recuperar. “Estamos saindo da UTI, mas ainda teremos que ficar dentro do hospital”, compara. Ele chama a crise atual da indústria do aço de epidemia mundial e lembra que o G7, que até então se mantinha discreto sobre o problema, declarou recentemente, pela primeira vez, que há um excedente de produção. “A China respondeu a esta declaração com um plano estratégico que não indica prazos. Eles não respondem às pressões globais. Querem resolver, mas do jeito deles e no tempo deles”.

Com relação à qualidade do aço brasileiro, que elogiou no debate, ele acredita que não pode ser o único atrativo a ser usado pela indústria brasileira para competir no exterior. “O Brasil precisa procurar também outros fatores de competição para permanecer no mercado externo a longo prazo, como investir em inovação e praticar taxas de câmbio viáveis. Mas é muito importante que também invista na qualidade dos produtos do seu cliente interno porque a venda destes produtos pode fortalecer o país frente à concorrência internacional”.

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