Prêmio Nobel faz aumentar interesse pela economia para os mais pobres

Com a premiação, impressões do livro do economista Muhammad Yunus aumentaram em mais de 90%.

A conquista do Prêmio Nobel da Paz pelo bengalês Muhammad Yunus provocou um grande interesse do público brasileiro pela obra em que o próprio economista narra a bem sucedida saga do Grameen Bank, fundado por ele para oferecer micro-crédito a pessoas carentes. Em 2006, a produção de exemplares de O banqueiro dos pobres, da Editora Ática, foi 91% maior do que em 2001, ano de sua primeira impressão no Brasil.

Yunus, do Grameen Bank não é apenas o criador do micro-crédito de Bangladesh, uma das economias mais pobres do mundo, mas também o homem que conseguiu mostrar que investir em empréstimos para pessoas carentes é possível e seguro.

Professor universitário, O banqueiro dos pobres, como ficou conhecido, decidiu analisar in loco a situação de seu país massacrado pela recessão, fome e violência. Em 1976 ele fundou o banco, e hoje cerca de 60 países adotam modelos de micro-crédito inspirados no Grameen, entre eles o Brasil, com os programas estaduais financiados pelo BNDES. Em Bangladesh, a instituição já disponibilizou quase seis bilhões de dólares e conta com mais de seis milhões de clientes, sendo a grande maioria composta por mulheres, apesar de a cultura do país coibir a liberdade feminina.

A proximidade com o povo rendeu a Yunus não só o conhecimento para investir na empreitada, mas também a obra O Banqueiro dos Pobres. O livro narra toda a história do banco, a realidade de Bangladesh, uma das economias mais degradadas do mundo, e as impressões do economista sobre a submissão de seu país. Ele contemporiza sobre o nível de desigualdade que separa o mundo de ricos e pobres e a respeito das conseqüências dessa divisão tão arbitrária que gera miséria, desesperança, radicalismo, fome e violência.

O Banqueiro dos Pobres é uma leitura emocionante, mas a crescente procura por uma obra que prega o investimento em camadas tão pobres talvez seja um indício de que há luz no fim do túnel.

Tradutora: Maria Cristina Guimarães Cupertino, 344 páginas, formato 17 x 24cm, por R$ 31,90