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28/06/2016 - 08:22

Empresas ambidestras multiplicam o potencial de inovação

Organizações que conseguem realizar tanto inovações incrementais quanto radicais tornam-se mais inovadoras que as concorrentes.

As inovações são classificadas, conforme sua magnitude, como radicais ou incrementais.  As inovações radicais mudam a base de competição da indústria existente, já as incrementais introduzem melhorias nos produtos e estão alinhadas às necessidades do consumidor.

A convivência dos dois tipos de inovação numa mesma organização não costuma ser comum, uma vez que as inovações radicais e as inovações incrementais requerem diferentes tipos de recursos. A inovação radical tecnológica pressupõe uma área organizada de P&D, enquanto a inovação incremental sistemática demanda canais de comunicação abertos e administração participativa.

No passado, alguns autores renomados criticaram a estratégia incrementalista, com base na errônea suposição de que a melhoria contínua dos processos atuaria contra as inovações radicais. “O incrementalismo é o pior inimigo da inovação”, já disse Nicholas Negroponte, prestigiado cientista americano, guru da teoria da administração e um dos fundadores do respeitado Media Lab no MIT - Massachusetts Institute of Technology.

O erro foi admitir que houvesse confronto na gestão de inovações radicais e incrementais. Claro, uma vez que elas demandam recursos diferentes. Porém não há antagonismo, ao contrário. A cultura para desenvolver tanto inovações incrementais quanto radicais é basicamente a mesma. O Fórum FGV/Inovação denomina essa cultura como Meio Inovador Interno.

As análises indicam que o equívoco possivelmente pode ser atribuído ao efeito conhecido como correlação reversa entre causa e efeito. As inovações incrementais, em maior ou menor nível, existem em todas as organizações, sendo mais visíveis nas que não apresentam inovações radicais.  Por causa disso, admitir que as inovações incrementais são inimigas das radicais é equivalente a concluir que o refrigerante zero calorias provoca obesidade.

Então, onde está o chamado “pulo do gato”? Simples: as organizações inovadoras conseguem realizar, simultaneamente, tanto inovações incrementais quanto radicais. Essas organizações foram denominadas organizações ambidestras – a mesma denominação dada ao ser humano capaz de ser, igualmente, habilidoso com as duas mãos.

Inovação começa com uma ideia e quem dá ideias são pessoas. O Meio Inovador Interno, portanto, motiva as pessoas a fornecerem sugestões sistematicamente. E vale dizer que a cultura interna é tolerante com o erro bem intencionado, encorajando o aprendizado e favorecendo a comunicação. Os processos internos estimulam e captam as ideias de todas as pessoas e lugares da organização inovadora.

O enfoque no aspecto cultural difere da corrente principal que acredita que a maneira de produzir inovação seria apenas investir em tecnologia. A inovação não é apenas produzida por cientistas em laboratórios. O que eles produzem é conhecimento. Inovação é o que transforma conhecimento em resultado.

Em outras palavras, o desejável potencial de inovação das organizações está na capacidade de elas serem, quando possível, ambidestras. E a ambidestria, por seu lado, depende da cultura interna. As organizações ambidestras acreditam que a inovação pode vir de qualquer pessoa da organização, e muitas vezes adotam programas de alto desempenho para captar ideias de seus colaboradores. Os canais de comunicação, especialmente com o pessoal de linha de frente, devem estar sempre abertos.

Como as inovações incrementais são comuns às organizações, poderia ser um pensamento subjacente que as organizações ambidestras sejam as que, contando com uma área de P&D estruturada que possibilite o desenvolvimento de inovações radicais, passassem também a investir de forma contínua em inovações incrementais, e não o contrário.

Estudos mostram que uma empresa originalmente focada em inovações incrementais pode sim se tornar ambidestra, com a produção consistente e continuada de inovações radicais, motivada pela estratégia de obter inovações de todas as pessoas com a abertura dos canais de comunicação com os todos os funcionários.

Este seria um caminho para as organizações se tornarem inovadoras. Abrir os canais de comunicação em busca de inovações incrementais, construindo um Meio Inovador Interno para favorecer tanto as inovações incrementais quanto as radicais.

. Por: Antonio Carlos Teixeira Álvares, professor da FGV-EAESP, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Estamparia de Metais (SINIEM) e diretor da Actapar.- Assessoria em Gestão da Inovação.

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