Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

04/03/2008 - 14:18

Letra feia pode ser distúrbio de aprendizagem

A Disgrafia (dis=dificuldade e grafia=grafar/escrever) é um transtorno da escrita resultante de um distúrbio de integração visual-motora, que afeta a capacidade de escrever ou copiar letras, palavras e números. Trata-se de um transtorno funcional e apresenta-se em crianças com capacidade intelectual normal, sem transtornos neurológicos, sensoriais, motores e/ou afetivos que justifiquem tal dificuldade.

Apesar de alguns autores terem visões diferentes quanto ao termo disgrafia e disortografia, abordaremos a disgrafia como sendo um prejuízo que o indivíduo possui na execução do ato motor destinado à escrita e não das trocas, omissões, inversões e contaminações de letras/palavras, que seriam características da disortografia.

De modo geral, a escrita é uma linguagem visual expressiva, que faz uso de uma série de operações cognitivas, tais como percepção auditiva, visual, discriminação tátil, cinestésica. Ou seja, é um sistema visual simbólico, que converte pensamento, sentimento e idéias em símbolos gráficos, que envolve análise de todos estes subsistemas.

Para o desenvolvimento da escrita adequada, existem alguns pré-requisitos, como aspectos cognitivos, afetivo, motor e linguagem que são necessários observar: - Esquema corporal (planta do indivíduo) é a organização das sensações relativas ao seu próprio corpo em relação ao mundo exterior | - Lateralidade (dominância=força e precisão) conceito de direita e esquerda será mais fácil de ser interiorizado a medida que sua dominância for mais homogênea | - Estruturação espacial: o indivíduo deve ser capaz de situar-se e situar objetos uns em relação aos outros | - Orientação temporal: envolve a capacidade de situar-se em função da sucessão dos acontecimentos (antes, após, durante), duração dos intervalos, noções de tempo longo e curto (hora, minuto), ritmo regular, irregular (aceleração, freada) | - Pré-escrita: domínio do gesto e da direção gráfica (da esquerda para direita).

Quando realizamos uma avaliação psicomotora, observamos algumas características que podem auxiliar no diagnóstico, e que diferenciam os subtipos de disgrafia: Pura (inconsciente): quadro disgráfico em crianças com conflitos emocionais importantes, que usam a escrita para chamar a atenção pela “letra defeituosa”.

Conflito emocional importante: • escrita instável, com proporções inadequadas | • deficiente espaçamento e inclinações.

Mista: apresenta conflitos emocionais associados à déficits perceptivo-motor (tipo de disgrafia mais freqüente): - dificuldade na forma, tamanho da letra | - inclinação defeituosa (inicia uma frase no canto superior esquerdo e acaba no canto inferior direito) | - deficiente espaçamento entre letras, margens | - ligamento defeituoso entre letras da palavra | - não direciona o giro da escrita | - pressão do lápis ou caneta na escrita ou falta desta | - rasuras | - transtorno de ritmo | - alteração de postura | - letra ininteligível | - lentidão | - alteração dos fatores psicomotores | - impulsividade | - transtorno da atenção | - transtorno do esquema corporal;

Reativas: devido a transtorno maturativo, pedagógico ou neurológico.

Inicialmente não possuem componentes de alteração emocional.

Há ainda a Disgrafia caligráfica ou motora, que ocorre alteração na forma das letras e na qualidade da escrita em seus aspectos percepto-motores. Em crianças menores, podemos observar dificuldades motoras de ritmo. Porém, somente após a alfabetização pode ser feito o diagnóstico. Para tanto é fundamental uma avaliação com profissional especializado na área.

Os exercícios de pré-escrita e grafismo são necessários para aprendizagem das letras e números. Sua finalidade é fazer com que a criança atinja o domínio do gesto e do instrumento, a percepção e a compreensão da imagem a reproduzir.

É importante que o indivíduo seja estimulado a realizar exercícios para o ombro, como movimentos de abrir e fechar com o brinquedo vai e vem e bolas; cotovelo (peteca), punho, mão e dedos. Estes exercícios poderão ser feitos utilizando técnicas de percepção corporal, como por exemplo relaxamento, massagens, prancha de equilíbrio e com a utilização de alguns materiais (argila, massinha, tinta , jogos).

A seguir exercícios de grafismo para professores trabalharem em sala de aula: • Gestos no plano vertical (utilizando lousa, papel, pincéis, giz de cera e canetas hidrocor) para aprender a segurar corretamente o lápis | • Grandes desenhos que vão diminuindo a medida que a criança desenvolve habilidade de ombro, cotovelo e passa a adquirir destreza de punho e dedos | • O trabalho deve ser realizado sempre da esquerda para a direita.

. Por: Raquel Caruso, Fonoaudióloga, psicopedagoga, psicomotricista e coordenadora da EDAC – Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico, além de professora convidada da Associação Brasileira de Dislexia (ABD) | Site: www.dislexia.org.br

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira