Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

08/07/2016 - 06:38

Chegamos ao fundo do poço?

A economia brasileira vem atravessando um dos seus piores momentos de sua história. 2014 foi um ano de estagnação, enquanto 2015 e 2016 foram anos de forte retração, onde o mercado de trabalho tem sido duramente atingido, com a taxa de desemprego alcançando a casa de dois dígitos e com forte queda da massa salarial.

Não soubemos aproveitar o momento favorável que impulsionou a economia brasileira nos anos 2000 e estamos pagando um alto preço por isso. Reformas importantes foram deixadas de lado e os gestores de política econômica agiam como se o crescimento estivesse garantido independentemente do cenário externo e das barbeiragens, sendo que muitos analistas econômicos vinham apontando há tempos os sistemáticos erros que estavam sendo realizados do final do primeiro mandato Lula até o final de 2014. No segundo mandato de Dilma, a tentativa de mudança, que ficou evidente com a troca de ministros, não foi bem sucedida pela falta de apoio, sobretudo dentro do próprio PT e pela falta de convicção da presidente na necessidade do ajuste fiscal.

Com a recente troca de governo, as expectativas dos empresários e consumidores melhoraram, assim como as dos investidores externos. O dólar vem apresentando forte retração, a inflação parece estar mais controlada e o setor externo vem passando por rápido ajuste. A trajetória da dívida ainda preocupa, mas a nova equipe econômica tem plena consciência deste problema e o governo Temer parece disposto a enfrentá-lo.

Nesse momento de melhora das expectativas, será que chegamos ao fundo do poço? Gostaria de dizer que sim, mas é possível apenas apontar que existe essa possibilidade, pois a recuperação depende da capacidade do atual governo em fortalecer a sua base política para tocar um programa ambicioso de reformas que são necessárias.

O fortalecimento da base política para a aprovação de medidas importantes também depende da capacidade da população em aceitar e compreender que sacrifícios são necessários para que bons frutos possam se colhidos no futuro. Por exemplo, se o país tivesse implementado uma importante reforma previdênciária, trabalhista e tributária nos anos 2000, com redução do tamanho do setor público, a população estaria passando muito mais facilmente pelo atual período turbulento, com um crescimento positivo. Em outras palavras, teríamos esbanjados menos nos anos 2000, mas o momento atual seria muito melhor, assim como os próximos anos.

Reduzir os gastos e controlar a trajetória de crescimento da dívida pública em relação ao PIB é um elemento chave para que as expectativas se concretizem e o país possa mostrar recuperação a partir de 2017. No entanto, para que o país possa encontrar uma rota de crescimento que seja sustentável, é preciso que um programa ambicioso de reformas seja realizado para reduzir a grande quantidade de distorções existentes e, dessa forma, estimular investimentos produtivos e a produtividade.

Precisamos entender, como nação, que sacrifícios são necessários para que o país possa, enfim, encontrar o caminho do desenvolvimento econômico e social.

. Por: Luciano Nakabashi, doutor em economia, professor da FEA-RP/USP e pesquisador do CEPER/Fundace.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira