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05/03/2008 - 11:59

Gestão do conhecimento pode evitar crise do setor elétrico

O setor elétrico brasileiro dá, mais uma vez, sinais de que não está acompanhando os avanços econômicos e sociais pelos quais o país vem passando. Há alguns anos vivemos a crise energética e enfrentamos políticas de racionamento até para o consumidor familiar. Além dos fatores mais conhecidos por esse déficit de crescimento, como a falta de investimentos, existe um ponto chave para compreendermos o gap que o setor vive: a falta de gestão do conhecimento.

Após longos anos de trabalho em uma mesma empresa, o funcionário adquire uma experiência e absorve uma quantidade de informações essenciais para o contínuo crescimento do empreendimento. Agora, não é contra a lógica que se deixe tudo isso se perder com o passar do tempo? Pense nas possibilidades que seriam criadas se todo esse conhecimento tácito, ou seja, provindo da prática, fosse transmitido para os funcionários mais novos. Isso é a gestão do conhecimento: aproveitar o que já foi aprendido para ampliar uma rede de informações e não gastar forças com a criação constante de novos acervos.

Poucos profissionais do mercado, sejam do setor público ou privado, concentram a maior parte do conhecimento adquirido em relação aos vários aspectos do setor elétrico. O problema é que, ao longo dos anos, os novos profissionais não conseguiram absorver esse conhecimento e criou-se um gap de informações, culminando em uma política que não inovou e nem foi capaz de aumentar a oferta de energia necessária ao crescimento do país.

Empresas públicas que foram privatizadas não fizeram questão de promover a gestão do conhecimento nem a renovação gradativa de seus profissionais. Sem a intenção de ser paradigmático, não podemos deixar de lado, é claro, o fato que o interesse pela área também diminuiu entre as pessoas que se iniciaram nos mercados de trabalho que fazem parte da cadeia energética. Muitos engenheiros preferem trabalhar em bancos, por exemplo, do que em empresas de energia. Mas o fato é que muito podia ter sido feito e, ainda, pode ser feito para melhorar a situação do Brasil.

Durante alguns trabalhos realizados em parceria com empresas como o Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, aplicamos técnicas e métodos que possibilitam um fluxo de informações entre aqueles que a detém em um primeiro momento e aqueles que são novos no segmento. Esse fluxo se dá sempre de maneira bilateral, ou seja, em duas vias, já que os mais velhos também aprendem com os mais novos. Imaginem o quanto um profissional recém formado por influenciar na inovação de práticas já consagradas e, desse modo, melhorar os resultados da empresa.

Além dessa troca mais explícita de expertise, é interessante incentivar a criação de uma memória empresarial, uma espécie de banco de dados daquilo que é mais importante para a vida da organização. Imaginem quantas informações importantes são perdidas ao longo de um ano de trabalho que poderiam ser úteis para decisões futuras. Podemos dizer essa prática é como a criação e manutenção “sistema imunológico organizacional”, pois quando armazenamos as informações mais importantes criamos um referencial para momentos importantes. É mais fácil gerir uma crise quando já sabemos o que foi feito em situações parecidas, ou, ainda, obter melhores resultados em uma negociação.

. Por: Jairo Gomes Queiroz – Engenheiro Eletricista formado pela Universidade Federal Fluminense – UFF em 1971, possui Pós-Graduação em Sistemas Elétricos de Potência na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC em 1972, graduou-se em Administração de Empresas pela UERJ em 1973 e cursou o MBA na COPPEAD da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ em 1992; Em agosto 1998 participou da constituição do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS em assuntos relativos aos Centros de Operação, gerenciando em seguida o Centro Regional de Operação Sudeste – COSR-SE até maio 2004; A partir de junho do mesmo ano até a presente data, exerce o cargo de Assistente da Diretoria de Operação do ONS onde coordena o Comitê de Gestão do Conhecimento do ONS – CGC.

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