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13/08/2016 - 07:40

Rio de Janeiro recebe certificado de “Cidade de Comércio Justo”

O Rio de Janeiro recebeu, na tarde do dia 12 de agosto (sexta-feira), o certificado de "Cidade de Comércio Justo" - Fair Trade Town -, tornando-se a primeira capital da América Latina a receber o título, qualificação atribuída ao comércio que promove o consumo de produtos?criados a?partir de?relações comerciais mais sustentáveis que valorizam o?pequeno produtor, garantindo preços justos e condições dignas de trabalho. Atualmente, a cidade conta com mais de 200 pontos de venda e consumo de produtos certificados, posição alcançada através de duas políticas públicas do governo municipal: Circuito Rio Ecosol e Circuito Carioca de Feiras Orgânicas. Ambos geram trabalho e renda por meio do escoamento da produção para agricultores familiares e de empreendimentos econômicos solidários.

— Quando falamos em comércio justo, nos referimos à sustentabilidade e aos produtores. Temos uma riqueza de trabalho em economia solidária e esperamos que o setor se fortaleça ainda mais. É um caminho que demanda suporte econômico e transformação cultural, pois as pessoas precisam valorizar esse tipo de produto. Portanto, que o título sirva para promover a reestruturação dessa cadeia produtiva, com uma remuneração justa para o produtor e condições de trabalho adequadas. Com a certificação, creio que conseguimos completar o processo de políticas públicas de cadeia produtiva de economia solidária, tendo agora uma capacidade global de entrar no mercado — disse o secretário especial de Desenvolvimento Econômico Solidário, Franklin Coelho.

A ideia da candidatura do Rio de Janeiro surgiu em 2013, quando a cidade recebeu a Semana Mundial do Comércio Justo. Na ocasião, o Brasil foi escolhido para receber o evento por ser o único país a ter o Sistema Nacional de Comércio Justo e políticas públicas voltadas ao tema. O processo foi iniciado em abril de 2015 com a assinatura da "Declaração de Apoio à candidatura do Rio ao Título de Cidade de Comércio Justo" e a criação de uma campanha pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário (Sedes), que tem como objetivo envolver a cidade na promoção do consumo de produtos saudáveis e sustentáveis, garantindo que estes itens certificados possam ser facilmente encontrados no comércio carioca.

Atualmente, mais de 1.700 cidades em 25 países são certificadas, entre elas Londres, Amsterdã, Roma e Madri. No Brasil, a cidade de Poços de Caldas foi a primeira a ser certificada, em 2012.

— O Rio de Janeiro é, de fato, uma cidade maravilhosa por muitas razões. Entre elas, permitir que os pequenos produtores e seus familiares consigam vender seus produtos em um mercado ao qual, anteriormente, não tinham acesso. Não se trata de caridade, mas de uma iniciativa que garante a esses produtores a oportunidade de se tornar um pequeno empresário — falou o presidente da Fairtrade Brasil, Naji Harb.

Aproveitando a realização dos Jogos Olímpicos na cidade, a Sedes elaborou um calendário específico para que cariocas e turistas possam aproveitar alimentos orgânicos e ter acesso ao artesanato confeccionado por produtores da economia solidária.

— Para uma cidade se tornar um local de comércio justo, é preciso engajar a comunidade a promover o consumo desses produtos, valorizando todo esse processo de trabalho e renda. É fundamental valorizarmos os esforços do pequeno produtor, dando suporte à produção local de alimentos e produtos sustentáveis — completou a diretora de Economia Solidária e Comércio Justo da Sedes, Ana Asti.

Em 2015, a geração de receita direta dos empreendimentos participantes do Circuito Rio Ecosol superou os R$ 2 milhões, um aumento aproximado de 400% em relação a 2014. Promovido pelos artesãos da economia solidária, inova e transforma materiais que seriam descartados em artesanatos. As feiras são mensais e acontecem em 12 bairros, apresentando moda e artigos de decoração com qualidade e preço justo.

Para a artesã Clarice Cavalcanti, de 65 anos, que acompanhou a cerimônia ao lado de diversos produtores, a certificação chega para sanar aquele que é considerado o maior desafio do setor: a geração de emprego e renda.

— Se não temos para quem vender, não faz sentido produzir. Acredito que a nossa salvação veio através do circuito. Mas o apoio para continuarmos produzindo e vendendo os nossos produtos precisa ser intermitente. Essa certificação dará ainda mais força a esse apoio. Agora é só paz e amor para quem trabalha com o comércio justo.

No Circuito Carioca de Feiras Orgânicas o ano de 2015 beneficiou diretamente mais de 300 famílias de produtores familiares e contabilizou uma renda anual superior a 10 milhões de reais, um crescimento aproximado de 15% em relação ao ano anterior que apresentou um resultado anual de 8,8 milhões de reais.

Alimentos saudáveis, produzidos sem agrotóxicos, de acordo com as normas de preservação ambiental, vendidos pelo próprio produtor e sem intermediação são encontrados em 19 feiras espalhadas pelo Rio as terças, quintas e sábados. O circuito proporciona a troca de experiências por meio da relação direta entre o produtor e o consumidor.|Flávia David.

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