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23/08/2016 - 08:51

O futuro que chegou antes


No intervalo comercial da última entrega do Oscar, em fevereiro deste ano, um comercial da IBM me chamou a atenção. O consagrado diretor de cinema Ridley Scott conversa de maneira muito natural com “Watson”, o supercomputador da IBM (youtube.com/watch?v=IiYRIhGnLiY) .

Perguntas feitas pelo cineasta são respondidas pelo computador de forma coerente e seguidas de argumentações bem estruturadas. Sem dúvida trata-se de uma boa amostra da nova era da computação que estamos vivendo e de uma tendência que vai mudar muito mais do que apenas a maneira como interagimos com as máquinas.

Bill Gates disse uma vez que “a mudança nunca é linear. Nossas expectativas são lineares , mas as novas tecnologias vêm em curvas em S, de forma que superestimamos a mudança de curto prazo e subestimamos a mudança de longo prazo”.

Então, por um instante imagine que estamos em 1960 e que nosso carro atinja uma velocidade máxima de 80 quilômetros por hora. Agora vamos considerar que, a cada dois anos, novas tecnologias sejam capazes de fazer com que esta velocidade dobre. Com isso, em 2016, a velocidade deste veículo seria tal que poderíamos cobrir a distância entre a Terra e Plutão em menos de 1 hora. Incrível?

Pois bem, foi o que aconteceu com os computadores. E o ponto não é somente a capacidade atual de processamento, mas sim o ganho gigantesco que é agregado cada vez que uma nova geração de processadores é criada. Isso também permite avanços significativos em sistemas de automação e principalmente numa área chamada de Computação Cognitiva (ou computing cognitive).

Desde 2013 dezenas de startups e grandes players da Internet e do setor de automação estão investindo pesado em sistemas capazes de resolver problemas nos quais nós humanos somos especialistas. Estamos falando de tomadas de decisões mesmo com dados incompletos, interpretação de voz em tempo real, reconhecimento de imagens, ou seja, problemas complexos e que tipicamente, até então, quase que exclusivamente resolvidos por humanos.

Dois projetos que estão evidência e se encaixam nesta descrição são o Watson da IBM (ibm.com/watson) e o Deep Mind, do Google (deepmind.com). As aplicações potenciais são fantásticas, como na área da saúde, auxiliando na busca da cura para o câncer ou então servindo como um médico virtual para regiões pobres. Já no setor empresarial fica evidente os ganhos de produtividade, seja suportando clientes por voz ou chat, automatizando tarefas que envolvem análises de dados ou até mesmo realizando tarefas manuais.

Num mundo onde a China vem perdendo o seu principal atrativo que é o baixo custo de produção, essa onda tecnológica da computação cognitiva, que já vem sendo chamada de quarta revolução industrial virou uma questão estratégica para os chineses. O movimento recente de tentativa de aquisição da empresa alemã Kuka (kuka.com), líder na produção de robôs para automação industrial, pela chinesa Midea é quase que uma questão de sobrevivência, pois o patamar que irá ser alcançado com os sistemas cognitivos vai permitir um custo de produção nos países desenvolvidos extremamente competitivo.

Segundo a IFR (www.ifr.org), International Federation of Robotics, o mundo vai sair de 1,7 milhões de robôs no final de 2015 para 2,8 milhões em 2018 ou um crescimento de 64% em 3 anos, liderado a princípio pela China. Será que isto vai mudar alguma coisa? Dê uma olhada nestes dois vídeos: youtube.com/watch?v=lv6op2HHIuM e youtube.com/watch?v=rVlhMGQgDkY .

Há um lado perverso nisso tudo. Estamos falando de um futuro muito próximo onde definitivamente pessoas e países vão precisar repensar os modelos de educação e de capacitação profissional sob pena de não se inserirem num novo modelo econômico e consequentemente entrarem num terreno desconhecido de tensões sociais.

Só para constar na próxima Olimpíada, em Tóquio, nosso carro será capaz de ir até Plutão em cerca 10 minutos.

. Por: Alexandre Rhein, diretor de Tecnologia da Informação do Banco Daycoval S.A. Formou-se em engenharia eletrônica pelo ITA, é pós-graduado pela FGV e com MBA na BM&F Bovespa. Possui sólidos conhecimentos na área de tecnologia da informação e durante sua carreira atuou como responsável pelo desenvolvimento de sistemas, infraestrutura de redes e por toda a área de tecnologia em bancos e outras empresas e também foi membro de grupo de trabalho da SWIFT no Brasil e membro do Comitê Global de Segurança da Informação de uma multinacional inglesa. | www.daycoval.com.br.

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