Video Mapping: a Tecnologia que impressionou o mundo na abertura e encerramento das Olimpíadas

O jogo de luzes com o corpo de dançarinos na abertura e no encerramento dos Jogos Olímpicos no Brasil surpreendeu a todos os milhares de expectadores do mundo e também àqueles que estavam ao vivo, no Maracanã, acompanhando os dois eventos de pertinho.

Tanto quem assistiu pela tevê quanto quem assistiu ao vivo a coreografia dos dançarinos em sincronia com as imagens e luzes projetadas no chão do estádio, tiveram a impressão de que prédios submergiam do solo, que a pista do avião de Drummond se movimentava enquanto ele decolava e, principalmente, pôde assistir a história da criação da vida, por meio das projeções de terra, água e pequenos animais ainda em estado de moléculas. Impressionante, não?

A tecnologia usada em todas essas manifestações artísticas é chamada de Video Mapping e consiste na capacidade de adaptar material de vídeo às estruturas volumétricas e, assim, criar movimentação, realismo e imagens sensacionais, tridimensionais e com grande impacto a quem assiste.

No caso da abertura dos jogos no Brasil, o fascínio de ter o campo visual imerso em imagens que tomam todos os sentidos foram ampliados quando havia um corpo humano de comparação para a escala. Além de ser muito desafiador para quem produziu o mapping, foi um desafio para o coreógrafo e o diretor geral fazerem as linguagens diferentes harmonizarem.

No encerramento, as projeções também fizeram parte do espetáculo, dando sempre a impressão de que boa parte das estruturas era tridimensional.

O video mapping chamou atenção dos paulistanos recentemente por ocasião do lançamento do filme Procurando Dory. A fachada de um shopping em São Paulo recebeu um grande aquário, onde se via água, peixe, numa realidade aumentada que realmente parecia ser uma extensão do filme. O video mapping feito em fachada possui grande alcance de público e a mensagem sempre é de grande impacto.

A experiência áudio visual é prazerosa, o expectador se sente envolvido e fascinado, fica pensando em como é possível fazer algo naquela dimensão. Às vezes, morar em cidades como São Paulo, muito urbanizadas e com grande verticalização, tende-se a ter os sentidos anestesiados e essa tecnologia acaba dando novo significado à paisagem do cotidiano. Cria uma experiência lúdica, quase como a recordação de ir ao cinema pela primeira vez quando criança e se deparar com aquela tela de imagens enormes.

Outro ponto forte do video mapping é a sincronização das luzes com as cores da projeção, caso da ação de lançamento do filme. Esta técnica é relativamente recente, pois atualmente os softwares, a programação e a tecnologia LED permitem o diálogo com fontes de vídeo que podem controlar as cores e até mesmo o movimento das luzes.

Talvez o que poucos saibam é que essa tecnologia já pode ser usada em menor escala no Brasil, desde a fachada de uma grande loja, o interior de um espaço de eventos, até mesmo a parede interna de uma casa comum. E o mais importante é que existem artistas e designers brasileiros que estão completamente aptos a oferecer essa tecnologia. O Brasil é um dos países que mais usam a técnica e que mais se apropriaram da linguagem em todas as escalas. Os artistas brasileiros de video mapping são muito bem vistos no cenário internacional. A abertura e encerramento das Olimpíadas foi a maior prova disso.

. Por: Lina Lopes, artista e designer, especializada em mídias digitais e que trabalha com projetos de Video Mapping, interatividade e luminotécnica. Graduada em Cinema pela Universidade de São Paulo, possui especialização em Iluminação e Design. Atualmente, é mestranda pelo programa de Pós-Graduação em Design pela Faculdade Anhembi-Morumbi. Sua pesquisa abrange os campos de design paramétrico, video mapping, prototipagem, interatividade, wearables e internet das coisas. Sua produção no campo das novas mídias permeia o conceito de instalação interativa, programação com Arduíno, Processing, Raspberry Pi, priorizando projetos de manipulação de imagem em tempo real. | www.lilo.zone.