Vacinação contra dengue deve ser feita no inverno

Imunização reduz em dois terços os casos da doença e em 93% os casos graves mas, para ser eficaz, deve começar imediatamente. Casos da doença já cresceram 70% na capital carioca e quadruplicaram na região metropolitana até agosto e meteorologia prevê aumento das chuvas no Sudeste e Centro-Oeste a partir de setembro.

Disponível desde julho nas clínicas particulares, a vacina é recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Sociedade Brasileira de Imunologia para áreas em que a doença é endêmica. A imunização reduz em dois terços a possibilidade de contrair a doença e em 93% os casos graves. Sua eficácia sobe para 82% em caso de pessoas que já tiveram a doença, que são justamente aquelas mais suscetíveis de se tornarem casos graves. No Paraná, a vacina já está sendo oferecida na rede pública dos 30 municípios de maior incidência de dengue e outros estados estudam adotar a medida.

No Rio de Janeiro, onde se estima que mais da metade da população já tenha contraído dengue (entre dois terços e três quartos dos casos são assintomáticos)[3], os benefícios da vacinação seriam especialmente altos já que o produto reduz em 93% os casos graves e oferece proteção maior (82%) nas pessoas que já tiveram dengue. ONo global do Estado, os novos casos da doença cresceram 28% este ano até agosto, passando de 74.669 notificações entre janeiro e julho para 58.062 em igual período de 2015. Ministrada em três doses com intervalo de seis meses, a imunização protege contra os quatro tipos da doença de forma crescente a partir da primeira dose, razão pela qual os especialistas recomendam que seja ministrada antes do verão.

Fruto de 20 anos de pesquisa, a vacina foi testada em mais de 40 mil pessoas de 15 países diferentes (inclusive o Brasil), antes de ser recomendada pela OMS. Além do Brasil, o produto já obteve registro no México, Costa Rica, El Salvador, Uruguai e Filipinas, sendo nesse último país usada na rede pública. No Brasil, a imunização está disponível apenas em clínicas particulares, com exceção do Paraná, onde o governo promove campanhas de imunização nos 30 municípios mais afetados. Outras redes públicas estudam a possibilidade de disponibilizar a vacina.

O Brasil é um dos países mais atingidos pela dengue: enfrenta epidemias desde 1986, tendo vivido o ápice da doença em 2015, com 1,6 milhão de casos. Este ano, até 9 de julho de 2016 foram registrados 1,4 milhão de casos no país, sendo 639 casos graves e mais de 400 óbitos.

Um estudo coordenado pelo Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães-Fiocruz Pernambuco e Universidade de Pernambuco estimou que a dengue custou ao país entre setembro de 2012 e agosto de 2013 — antes do ápice da doença R$ 3,9 bilhões, US$ 1,2 bilhão, entre custos médicos e custos indiretos —queda de produtividade e faltas ao trabalho e à escola—.