Nos últimos dez anos, 15 a 20% do volume total de exportações do Brasil estão relacionados ao agronegócio, diz especialista.

A agropecuária brasileira é vítima da própria eficiência. O setor paga caro pelo excesso de dólares que traz ao País. Nos últimos dez anos – de 1997 a 2006 –, a receita líquida da balança comercial do agronegócio soma US$ 239 bilhões. "O agronegócio traz receitas, mas há outras que vêm de outros negócios, como a exportação de veículos, de minérios, de petróleo e de álcool anídro. Exportamos na faixa de 104 bilhões de dólares no ano passado. Em 10 anos somou mais de um trilhão, no geral. O agronegócio possui uma faixa de 15 a 20% do volume total de exportações nesses 10 anos. Portanto, não foi o setor que mais trouxe dólar, mas com certeza ajudou.

O agronegócio dá o melhor saldo da balança de pagamentos entre importação e exportação, pois mais exporta do que importa, deixando um saldo grande na balança. Já a automobilística exporta bem, mas também importa bastante e isso faz que com que o agronegócio seja um contribuinte importante. Como os juros são altos e tivemos uma queda no preço das commodities e apreciação do real, isso acabou gerando um descasamento no fluxo de caixa do agronegócio, que hoje tem um buraco em torno de 30 bilhões de reais em dívidas tomadas junto aos órgãos financiadores das safras, sendo que 80% dessa dívida vence neste ano.

Aí está a indignação do setor, que dá a melhor contribuição na formação do saldo da balança de pagamentos em dólar e, de repente, se vê acuado, tendo que pagar 24 bilhões de reais ao longo de 12 meses, um dinheiro que evidentemente o setor não tem. Em cima disso vale a crítica dos juros altos e Real forte, que causa perda de competitividade do agronegócio no mercado internacional, além da Rodada Doha, que termina este ano", diz Carlos Eduardo Stempniewski, coordenador do curso de Administração das Faculdades Integradas Rio Branco e mestre em Administração de Empresas.