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20/09/2016 - 07:42

NBS Rio+Rio e CIEDS divulgam Mapa de Nós

No mês em que o Rio de Janeiro recebe as Paralimpíadas, projeto retrata as principais dificuldades da população com deficiência nas comunidades da cidade.

No Brasil, cerca de 24% da população total tem algum tipo de deficiência – visual, auditiva, motora ou intelectual. Nas comunidades de baixa renda, todas as dificuldades inerentes a esta situação se tornam ainda mais gritantes. Pensando nisso, a NBS Rio+Rio, negócio social da agência de publicidade NBS, e o CIEDS – Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável – buscaram entender como estas pessoas vivem e se inserem na sociedade e no mercado de trabalho do Rio de Janeiro.

Assim nasceu o “Mapa de Nós”, um mapeamento das pessoas com deficiência nas principais comunidades pacificadas da cidade. Com uma equipe de agentes de pesquisa também portadores de deficiência, o projeto visitou 12.456 domicílios e entrevistou 945 pessoas em dez favelas durante um ano. Os resultados estão compilados em documento que a NBS Rio+Rio divulga a partir de setembro, mês em que a cidade recebe as Paralimpíadas Rio 2016.

O que a pesquisa mostra são cidadãos ainda muito restritos ao espaço da própria casa, alguns com uma extrema dificuldade de locomoção em sua própria comunidade. As diferenças geográficas entre as comunidades pesquisadas, aliás, não refletiram em resultados finais significativamente diferentes. A hipótese é a de que estas pessoas vivem tão reclusas que estas diferenças acabam não impactando diretamente em seu dia a dia.

“Imaginávamos que a diferença geográfica entre as comunidades pesquisadas, íngremes e planas, pudesse refletir em maior ou menor dificuldade de mobilidade. Mas a pesquisa mostrou que a acessibilidade e a qualidade de vida dentro das comunidades é tão precária que estas pessoas acabam ficando presas em casa e, assim, as diferenças geográficas acabam não exercendo tanto impacto”, explica Aline Pimenta, diretora da NBS Rio+Rio.

O perfil predominante encontrado entre os entrevistados é o de jovens. Quando questionados sobre as principais opções de lazer, respostas como “cinema, praia e shopping” foram as mais citadas, embora a maioria dos entrevistados mal se desloque pela comunidade e, menos ainda, fora dela. A hipótese levantada é a de que estas sejam as atividades mais desejadas, sem refletir, necessariamente, a realidade.

A maioria dos entrevistados (47%) apresenta deficiência congênita. Outra porcentagem significativa (34%) teve a deficiência adquirida (25% por conta de acidentes ou violência urbana). Muitos (19%) não souberam responder ao certo a origem de suas limitações. Dentre os entrevistados, 46% apresentam algum tipo de deficiência física ou motora.

Outro ponto que chamou a atenção dos pesquisadores é que 76% dos entrevistados não estão trabalhando, embora muitos tenham condições para tanto. A pesquisa mostra ainda que os demais 24% que estão ativos não atuam em sua área de formação ou qualificação profissional há mais de cinco anos. A grande maioria apresenta baixa escolaridade (muitos, apenas o ensino fundamental) e consequente pouca qualificação.

Essa característica acaba reduzindo o leque de oportunidades com uma melhor remuneração, fazendo com que muitas destas pessoas, apesar de economicamente ativas, acabem optando por receber o BPC, benefício social concedido pelo governo a idosos e pessoas com deficiência que não podem garantir a sua sobrevivência por conta própria ou com o apoio da família.

“Encontramos uma grande oportunidade para a sociedade discutir sobre a questão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho. Afinal, qual é hoje o espaço no mercado para uma pessoa com deficiência e baixa escolaridade? O quanto as empresas estão dispostas a investir para criar condições sedutoras para este público?”, questiona Aline.

"A principal barreira a ser superada pelas empresas ao contratar pessoas com deficiência ainda é o preconceito. Esse tipo de contratação não exige apenas que a empresa adapte banheiros, escadas e elevadores, mas também as equipes. A inserção deve ser gradual. Mas os benefícios para a pessoa com deficiência e para os colaboradores que trabalharem com ela são infinitamente maiores”, complementa Vandré Brilhante, diretor-presidente do CIEDS.

As lacunas indicadas pela pesquisa sublinham também muitas oportunidades para empresas que queiram tratar o tema da pessoa com deficiência com seriedade. Para os idealizadores do projeto, estas oportunidades vão desde a realização de cursos profissionalizantes para os jovens com deficiência de baixa escolaridade até a criação de campanhas para divulgação da Lei de Cotas e dos benefícios aos quais este público tem direito. “O que não faltam são oportunidades para projetos de empresas sérias, que queiram se posicionar de forma efetiva diante deste tema e fazer a diferença na sociedade”, afirma Aline.

De acordo com Brilhante, o Mapa de Nós mostra claramente que não existem pessoas com deficiência que não tenham sonhos, que não desejem trabalhar, casar, ter filhos. "O que existe é a crueldade do preconceito, as dificuldades físicas para se locomover, uma cidade não acessível e, acima de tudo, a indiferença social. Ao serem abordados por outras pessoas com deficiência, os entrevistados perceberam que é possível ter um emprego, uma renda e desafios profissionais”, conclui.

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