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05/10/2016 - 08:38

Educador físico: referência positiva ou negativa?

Durante muitos anos, a educação física, sempre dita como importante e essencial na vida das pessoas, olhou para o próprio umbigo e não fez jus ao seu papel enquanto profissão. Quem atua nessa área quer ser valorizado, respeitado, considerado elemento essencial na vida das pessoas.

Mais do que isso, os educadores físicos desejam ser parte obrigatória da grade curricular escolar, mas apenas pelo grito e ego profissional. Porém, ao observar o serviço prestado pela maioria, notamos algo totalmente incompatível com o discurso e com a vontade do que se quer com aquilo que, de fato, as pessoas pensam sobre os profissionais.

Esse contexto se dá desde a porta de entrada para a profissão. O vestibular que garante a graduação na educação física possui nota de corte abaixo de muitas outras áreas. O estudante que presta vestibular para esta profissão, geralmente, não é o melhor aluno da escola, não se atrai muito pelos estudos e pela leitura, e é muito bom na prática de atividades físicas. Esse perfil já baseia toda a imagem que a carreira carrega. A sociedade percebe isso e não dá a credibilidade desejada pelo profissional.

Ao observar a atuação profissional, o cenário é ainda mais preocupante. Os educadores físicos seguem parados no tempo, com poucos ou nenhum curso de atualização. Preferem não investir no aprimoramento, acreditando que o valor empregado para tal é caro demais, principalmente quando o curso envolve teoria ao invés de prática. E os poucos profissionais que buscam esse aprimoramento não divulgam, não revelam para a sociedade que estão estudando, se qualificando para atende-la melhor.

As redes sociais do educador físico atual são cheias de abdomens e bumbuns musculosos, mas carentes de imagens, posts ou divulgações sobre leituras relevantes sobre a área, bem como sobre estudos, cursos e congressos. A própria imagem desses congressos destoa da seriedade, uma vez que muitos participantes se portam de maneira inadequada, vão mais prontos para realizar algum exercício físico do que propriamente para ler e aperfeiçoar a mente. Infelizmente, é uma minoria que se dedica a essa finalidade.

Textos em português e que deveriam trazer conhecimento aparecem com inúmeros erros de português. Os melhores conteúdos e estudos são publicados em inglês, mas a falta de preocupação com o conhecimento do idioma também é característica de grande parte do profissional de educação física, o que demonstra claramente a falta de preocupação com a atualização na carreira.

Vale ressaltar que a educação física está inserida na área de saúde, uma área dinâmica, onde a cada dia novos estudos são publicados trazendo informações que podem mudar tudo o que existia anteriormente. Isso torna o cenário ainda mais dramático, já que quem não estuda e se recicla pode estar promovendo lesões e doenças ao invés da saúde.

O profissional moderno, inteligente, que realmente entende que educação física é uma profissão e não um hobby, se programa para seguir os estudos além da universidade, por toda a carreira. É preciso seguir atento ao seu universo, frequentar cursos e congressos sérios, acompanhar a evolução da ciência e da área que escolheu para exercer, buscando temas complementares, sem restringir o conhecimento apenas aos conteúdos exclusivamente técnicos. Tudo isso faz parte de seu trabalho, é essencial. E, claro, mostrar para a sociedade que está sempre preparado para melhor atende-la.

Enquanto essa forma de atuar não faz parte do perfil de cada profissional, o educador físico seguirá visto com uma imagem errada, desvalorizado e para alguns, inclusive, dispensável. Há um grande risco de num futuro bem próximo, algum aplicativo tomar o lugar do educador físico, de forma semelhante ao que aconteceu com a categoria dos taxistas, que perderam espaço e hoje lamentam a criação de aplicativo que trouxe um serviço novo, melhor e mais barato que o dele, que ficou parado no tempo, acomodado em um serviço velho, sem valor e caro.

Os profissionais que realmente encaram com seriedade os estudos e a profissão, por sua vez, estão, como diz o ditado, ‘com a faca e o queijo na mão’. Podem avançar muito no mercado, pois a fatia da população que precisa de serviços de alto nível em educação física é de 96% do total. São os exatos 96% que não praticam atividade física regularmente no planeta.

Cada profissional de educação física precisa refletir sobre como leva a carreira e buscar, de forma crítica e verdadeira, a resposta para as seguintes questões: estou me preparando de forma a acompanhar a evolução da profissão? Sou uma referência na área? Positiva ou negativa? Por que será que hoje, consideram a educação física dispensável no Ensino Médio? As respostas são fundamentais para o processo de transformação dessa carreira tão importante para a sociedade.

. Por: Cristiano Parente, professor e coach de educação física, eleito em 2014 o melhor personal trainer do mundo em concurso internacional promovido pela Life Fitness. É CEO da Koatch Academia, do World Top Trainers Certification, primeira certificação mundial para a atividade de educador físico.

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