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06/10/2016 - 08:26

Por que os Millennials são tão estressados?

Os Millennials vêm ocupando cada dia mais postos no mercado de trabalho. São mais inteligentes que as gerações anteriores, mas também mais estressados, de acordo com vários estudos. Mas se são tão mais inteligentes, por que são ao mesmo tempo incapazes de manobrar seus níveis de estresse?

Algo está mudando nos gráficos do planeta. A inteligência média aumenta 3-4 pontos nas gerações de cada década. Agora em 2017, os jovens nascidos no final dos anos 80 e início de 90, os chamados Millennials, passam a ocupar postos no mercado de trabalho. São mais inteligentes que os maduros, os babyboomers e os da geração X.

São, também, mais estressados, de acordo com vários estudos. Mas se são tão mais inteligentes, por que são incapazes de manobrar seus níveis de estresse?

Alguém diria que a inteligência não leva em conta as aptidões emocionais. Pode ser. Mas o conceito moderno de inteligência passa a incluir a capacidade de sobrepujar limitações emocionais e suportar pressões externas.

Mas como se faz isso? Bem, primeiro precisamos tentar entender a efetiva causa do estresse nos millenials. Priya Parker, jornalista do Laboratório de Inovação de Harvard e blogueira da CNN, tem impressão vívida dos millenials – eles militam em ONGs ou nas empresas, conheceram ou moraram em vários países e possuem mais empatia, visão humana e global do mundo do que as gerações anteriores. Mas também percebe uma geração de jovens paralisados, que hesitam responder às difíceis questões em torno de como construir um capitalismo sustentável, deixar os grupos étnicos mais equitativos, fazer a transição para um planeta sem a linha divisória ocidental/oriental e estender a prosperidade para nações empobrecidas sem cortar na própria carne.

De acordo com Caroline Beaton, escritora da Psychology Today e autora do Guia da Geração Y, o funcionamento dos millenials está baseado em “menus top-down” (aqueles que surgem ao clicar o botão direito do mouse sobre determinado item). Eles enxergam esses menus quando analisam questões importantes como com quem casar, qual emprego escolher e em que cidade viver.

E aqui entra em cena o inimigo oculto, capaz de ligar o botão do estresse quando não se precisa dele. O cérebro, em sua sabedoria milenar, dirige a mente para focar em escolhas. Há gerações atrás, essas escolhas, sem o Google por perto, eram escassas e rapidamente se procurava ficar com a melhor à mão. Hoje elas são muitas e, além disso, muito competitivas; escolher passou a trazer no rastro a sensação de “será que escolhi certo? E se tivesse escolhido diferente”?

Esse tipo de monólogo nos corredores do cérebro emocional – que corre soltos nas pradarias do subconsciente e traz à superfície um conflito indesejável – provoca reações defensivas. O cérebro reedita mecanismos ancestrais de escolha, do tipo enfrentar ou deixar tudo para trás, o que muitas vezes era necessário para garantir a sobrevivência nas florestas. Determinadas estruturas cerebrais simplesmente não sabem a diferença entre um estalido no bosque causado pelo predador se aproximando do medo de fazer uma escolha que tem risco de não ser a melhor.

Perfeito. Está estabelecida uma situação em que o resultado é a elevação dos batimentos do coração, o freio no sistema digestivo, o cochilo do aparato imunológico, a liberação de adrenalina à vontade para retesar os músculos e a produção de cortisol para esquentar neurônios capazes de enxergar uma cena de combate onde ela de fato não existe.

Millennilas vão precisar conviver com esse estresse. A não ser que aprendam a navegar entre dois mundos, sendo que um deles é o da calma e sabedoria tácita dos monges tibetanos. Neles, o cérebro é capaz de focar no presente, acalmar o organismo e fechar menus top-down inconvenientes.

A saída será aprender a desenvolver o foco no presente. Esse simples expediente, que responde pelo codinome meditação mindfulness, é capaz de reequilibrar os fatores do jogo. Bastam 5 minutos – às vezes menos – em que a mente é incumbida da gestão de respirações que possuem um descenso mais prolongado, com foco sobre o batimento do coração dentro do peito – para deixar as opções de vida não escolhidas para trás e passar a preocupar-se com o aqui e agora.

Os Millennials vão topar essa. Aliás, não fosse isso, cursos como o workshop “Money and Minfulness for Millennials”, disponível nas principais casas do ramo, não estariam sendo tão procurados.

. Por: Dr. Martin Portner é Médico Neurologista , Mestre em Neurociência pela Universidade de Oxford e especialista em Mindfulness. Há mais de 30 anos divide suas habilidades entre atendimentos clínicos e palestras, treinamentos e workshops sobre sabedoria, criatividade, Millennials e mindfulness. | www.martinportner.com.br.

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