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12/10/2016 - 10:54

Demanda pela carne reage à queda na oferta. E o boi?

Ao analisarmos o Gráfico 1, podemos perceber que houve, sim, redução na oferta de carne ao mercado. Algo ao redor de 860 mil t de equivalente carcaça em agosto (projeção) contra 878 mil t em junho, ou seja: redução de apenas 1,9% entre o pico em Junho e Agosto. Podemos perceber também que, apesar da queda, os preços caíram ao invés de subir.

. Gráfico 1: Produção de Carne (SIF) X Preços da Arroba do Boi Gordo (ESALQ):

No entanto, ao analisarmos o Gráfico 2, no qual observamos as cotações diárias, percebemos que a partir de meados de Agosto a carne começou a reagir à redução na oferta e vem subindo fortemente desde então. Isto nos indica que o efeito da redução na oferta, que se manteve de forma mais significativa em Setembro, já está impactando fortemente sobre os preços da carne. Esta redução na oferta deve ter se acentuado ao longo deste mês, pois os preços da carne já ultrapassaram o seu último pico de R$ 155/@ em Jan/16 e de R$ 154/@ em Mar/16. Destacando que a arroba do boi gordo também atingiu seu último pico a R$ 159,49/@ em Abr/16.

Este movimento também nos dá um bom sinal em relação à demanda, pois indica que o consumidor aceitou pagar mais caro com a redução na oferta. Se este movimento não ocorresse, seria um sinal muito ruim em relação à demanda.

Porém, os preços do boi gordo ainda não reagiram ao aumento dos preços da carne, movimento este que já ocorreu no passado, conforme pode ser visto em alguns momentos do Gráfico 2 (linha azul ultrapassa a linha vermelha). Este movimento não é comum, pois a correlação entre a carne e o preço do boi é muito forte. Isto nos indica que os preços do boi devem reagir ao longo dos próximos meses, caso a oferta de animais continue reduzida.

. Gráfico 2: Preços do Equivalente Físico (carne sem couro nem sebo), Índice Esalq (coluna à esquerda) e Dólar (coluna direita) - ESALQ

Os patamares da carne ao redor de R$ 157/@ no mercado físico (Eq. Físico no Gráfico 2) já permitem à arroba do boi elevar-se para patamares atingidos em Abr/16, algo ao redor de R$ 158 a 160/@.

No entanto, temos que estar atentos ao movimento do dólar versus o valor da tonelada de carne exportada. No Gráfico 3, podemos perceber que quando transformamos a tonelada de carne vendia ao mercado externo em R$/t esta apresentou perda em reais, devido à valorização da moeda. Nos últimos meses, a indústria teve perdas em volumes vendidos devido à tentativa de repasse desses valores, porém recentemente, com a queda na oferta, os mesmos estão melhorando. Mas, ainda não retornaram aos patamares anteriores.

. Gráfico 3: Valores da tonelada exportada em Reais/t

Estes cenários indicam que a Demanda, tanto interna quanto externa, tem reagido à redução na Oferta, porém ainda não indica uma melhora da mesma. E, que um aumento na oferta pode voltar a trazer preços mais baixos.

Desta forma, enxergo apenas dois pontos que podem nos proteger de uma eventual retomada da oferta de gado. Em primeiro lugar, a retomada da economia brasileira traria impacto maior sobre a demanda e, dependendo da sua força, poderia sustentar ou até elevar os preços da arroba. Em segundo lugar, a abertura de novos mercados auxiliaria a reduzir a oferta interna e também traria alívio na pressão sobre os preços. Na falta dos dois pontos, um aumento na oferta de carne voltaria a pressionar os preços para baixo.

. Por: Alberto Pessina, Presidente do Conselho de Administração da Assocon.

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