Varejista, você está preparado para a Black Friday?

Inspirado na tradicional “queima de estoques” realizada pelo varejo americano após o Dia de Ação de Graças, o varejo brasileiro vem, há alguns poucos anos, tentando emplacar a data em terras tupiniquins. Diferentemente dos Estados Unidos, começamos com um evento online que passou para o varejo físico e, atualmente, a Black Friday brasileira atinge desde o pequeno até o grande varejista. Mas quem já teve a oportunidade de fazer compras nos EUA ou simplesmente acompanhar as notícias a respeito, já sabe que no Brasil a “Black Friday” é ainda bem diferente.

Por aqui, poucas lojas realizam uma redução expressiva de preços, diferentemente da Black Friday americana, onde as pessoas dormem em filas para não perder oportunidades nas lojas. Porém, desde que a moda pegou por aqui, a cada ano a coisa toda tem ficado mais organizada e a Black Friday têm mostrado que pode e deve ser um bom momento para lojistas e consumidores. A estimativa para a edição 2016, que será realizada no dia 25 de novembro, é alcançar um faturamento de R$ 2,1 bilhões. O montante representa uma alta de 34% ante 2015, apesar do baixo índice de consumo das famílias brasileiras devido à recessão econômica, segundo o portal BlackFriday.com.br, idealizador do evento no Brasil. A data já supera o Dia das Mães e é considerada a segunda melhor data para o varejo brasileiro, onde muitas pessoas irão adiantar as compras de natal.

Por isso, para reverter o resultado negativo de -6,5% do último trimestre do varejo, contra o mesmo período no ano passado, como aponta o ICV 30 (Índice de Consumidores no Varejo) divulgado em setembro deste ano, os varejistas precisam estar atentos ao mote da data, que é ter descontos realmente relevantes para atrair clientes. Itens com 10%, 20% de desconto não chamam a atenção de ninguém e são condições normalmente praticadas em outras datas, é só reparar como sua loja está ou a concorrência. O ideal é se trabalhar com desconto de, no mínimo, 50%. Obviamente, que o varejo não terá possibilidade de colocar esta margem de desconto em todos os produtos. Sendo assim, é importante colocar em promoção e destaque apenas os produtos com os quais tal margem seja possível.

Este é um momento ideal para a ‘desova’ de estoque. Por isso, é importante lembrar que mercadoria parada é dinheiro parado, e pior, desvalorizado. Sendo assim, é preciso avaliar a possibilidade de vender itens com quase nenhuma margem de lucro se isso significar desovar estoque de itens que estão parados. Sabe aquela mercadoria que o varejista achou que ia vender muito bem e não vendeu? Ou aquela produção maior realizada com a expectativa de superar as vendas do ano anterior que não deram certo? Essa é a hora para queimar esse estoque, mesmo com lucro baixo ou apenas cobrindo os custos. O consumidor ganha e você também. É a oportunidade para reverter os índices negativos do setor e retomar a confiança do consumidor. Afinal, quem não estava comprando por causa da recessão vai aproveitar o evento atraído pelos descontos para fazê-lo agora.

Tanto é que, para essa edição, o ticket médio deve ser ao redor de 5% superior ao ano passado, pouco acima de R$ 500. Mas nem pense em enganar o consumidor com aquelas manobras, típicas dessa data, de elevar preços semanas antes e depois aplicar desconto sobre esse valor maior. Isso não cola mais e ainda traz péssima imagem para a marca. Os clientes estão de olho. Em tempos de redes sociais, você não vai querer despertar a fúria de consumidores ávidos por ofertas, né?

. Por: Camila Pacheco, sócia diretora da Blue Numbers. Pacheco é formada em Comunicação Social e Design Gráfico; Pós-graduada em Gestão de Negócios pela ESPM Business School SP. Atualmente dirige o núcleo de projetos de marketing, comercial e franquias da Blue Numbers Consultoria, ao lado do sócio Márcio Iavelberg. Além disso, é palestrante e professora da ABF – Associação Brasileira de Franchising.