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06/01/2017 - 07:11

Como evoluir o sindicalismo?

Em uma era dominada por Uber, Netflix e Whatsapp, aquele que não muda, morre. Não seria diferente para o sindicalismo. Muito se fala dos mais de 15 mil sindicatos existentes no nosso país, porém pouco se relata do papel literalmente social e muitas vezes governamental que a entidade sindical exerce.

Eu tenho 29 anos e estou sindicalista desde 2010. "Você foi para o sindicato para ganhar dinheiro mole" ou "Em sindicato só tem mau caráter, vai se misturar?", são bordões que de tanto se repetir parece que acabaram virando realidade para a opinião pública, mídia e governo.

Pais, amigos, companheira, todos são enfáticos ao me dizer: larga isso, ninguém se importa com o que você faz, ninguém te dá valor. Sabe o que me lembra? Aquela história do senhor de 95 anos que todos os dias visitava sua esposa, então com 93 anos e portadora de Mal de Alzheimer, em uma clínica de repouso. A rotina era sempre a mesma: chegava com o jornal do dia e lia as principais notícias para a sua esposa que permanecia imóvel na cama, apenas balbuciando palavras incompreensíveis e piscando os olhos. Até que certo dia uma funcionária antiga da clínica perguntou para o Sr. Joaquim: "Já faz dois anos que sua esposa está aqui e o senhor continua vindo todos os dias, sua esposa nem te reconhece, por que não para de vir um pouco?”. Com um sorriso franco no rosto, o bondoso senhor respondeu: “Ela não me reconhece, mas eu sei quem ela é”.

O trabalho oculto que muitos cidadãos comuns, como eu e você, fazemos diariamente para garantir o mínimo de dignidade para milhões de trabalhadores neste país é algo que deveria ser louvado e não apedrejado em praça pública. O todo não pode ser julgado pela pequena parte de pessoas que se aproveitam para tirar vantagens de mecanismos frágeis de fiscalização, isenções fiscais e muitas vezes, principalmente, pela falta de categorias que estejam interessadas em saber "como anda o seu sindicato".

Uma máquina pública enferrujada, lenta, burocrática e capenga do governo é um dos grandes entraves para o cumprimento de normas trabalhistas. Entre conselhos profissionais e o Ministério do Trabalho, os Sindicatos ficam em um limbo onde não possuem poder de fiscalização e muito menos entrada garantida nas empresas.

Poucos sabem, mas a contribuição sindical é dividida em percentuais diversos, e curiosamente uma parcela fica com o governo seja para o Ministério do Trabalho. Ou seja, em forma de taxas por meio do banco público que todos os Sindicatos são obrigados a ter contas para recebimento.

O desafio atual é trazer o sistema sindical definitivamente para o século XXI. É preciso realizar um processo de renovação e de surgimento de novas lideranças. A força de trabalho atual entre 16 e 30 anos não quer ouvir histórias da época da ditadura ou do governo Collor, simplesmente porque não viveram nesta época. É hora de olharmos para o futuro e ver o que vem pela frente.

O sindicato não pode ser visto como inimigo do profissional e muito menos como o vilão da história. Se eu não acreditar na possibilidade de mudar o mundo, se simplesmente desistir de lutar, então significa que nossas vidas não tiveram sentido algum.

. Por: Vinicius Martins, Membro do Corpo Diretivo do Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais no Estado do Rio de Janeiro. | Sinfito-RJ —O Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais no Estado do Rio de Janeiro foi criado em 10 de agosto de 1988, constituído para fins de proteção e representação legal da categoria. O SINFITO-RJ mantém serviços de orientação jurídicas e trabalhistas para seus filiados, além de disponibilizar benefícios nas áreas de saúde, educação e profissional. | www.sinfitorj.com.br.

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