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14/03/2008 - 11:45

O crime se organiza, mas a maioria das empresas deixa a segurança de lado

No dia 29 de fevereiro, uma indústria de informática foi assaltada por uma quadrilha de quatorze homens e três mulheres, na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo. Para isso, renderam o vigilante, fizeram a família dele de refém e usaram carros com adesivos falsos da Polícia Federal. Quando chegaram à empresa, renderam facilmente os seguranças, enquanto a família do vigia ficava em um cativeiro. As câmeras do local foram quebradas e os celulares de todos os funcionários foram levados.

Poucos são capazes de desconfiar de homens vestidos com coletes da Polícia Federal e com carros identificados. Sem falar que eles estavam fortemente armados, com metralhadoras e fuzis e se diziam “tratar de uma diligência policial”, como afirma o registro policial, mas mesmo assim, é preocupante o fato de que “qualquer falso policial ou prestador” consegue entrar em uma empresa com certa facilidade e render a segurança na portaria.

Por exemplo, se as câmeras de segurança fossem móveis e com lentes zoom, provavelmente os vigias poderiam ter notado que os coletes e os adesivos eram falsos, a tempo de tomarem alguma decisão. É claro que só a tecnologia não iria resolver sozinha essa situação. Faz-se necessário existir procedimentos de segurança devidamente formalizados. Além disso, toda a equipe que foi rendida teria que estar treinada para cumpri-los a risca, inclusive como proceder nos casos de chegada de policiais militares, civis ou federais na empresa, ainda mais quando ninguém os acionou ou quando não está ocorrendo nenhum crime no local. Já para casos de seqüestros de gerentes e diretores, a empresa precisa ter e uma política de segurança e um plano de gerenciamento de crises.

Outro detalhe importante é o posicionamento da equipe de vigilância, da portaria e da sala de monitoramento, pois por mais que a portaria fosse rendida, um segundo corpo de segurança deveria dar apoio ao primeiro e ao notar qualquer tipo de movimentação diferente, poderiam acionar os policiais. Claro que se deve também levar em conta o tempo em que chegará uma pronta-resposta da polícia local, mas o contato direto com eles é essencial.

Vemos mais um caso em que os criminosos "venceram", pois a empresa não estava preparada para tal situação. A essa situação chamamos de oportunidade para os bandidos, e de risco para as organizações. É comum, devido à cultura brasileira ser reativa e não preventiva, que fatos como esse ainda ocorram cada vez mais. Ainda mais no interior, onde a cultura predominante é de que a região é tranqüila, de que assaltos quase não acontecem, ou a idéia de que “estamos aqui a mais de 10 anos e nunca aconteceu nada”. Porém, o crime organizado planeja de forma efetiva, faz um levantamento das fraquezas e ataca nelas, criando diversas formas de atuação. Aliás, quantas indústrias afastadas e isoladas ainda serão invadidas por causa dessa cultura que as tornam despreparadas? Para reduzir perdas, garantir o lucro e aumentar a prevenção, o empresário precisa ter em mãos uma nova ferramenta gerencial chamada análise de riscos, com os impactos, probabilidade e prejuízos caso eles ocorram, para depois planejar a segurança, de forma estratégica e holística, envolvendo todos os setores e operações com as medidas preventivas.

Cada vez mais os equipamentos se modernizam, mas, ao mesmo tempo, as quadrilhas também se tornam mais organizadas. Para quem se lembra das aulas de Biologia, a evolução aqui também é mútua, e uma influencia na outra. Uma empresa multinacional, por saber da importância de seus bens, investiu muito na contratação de vigias e na instalação de equipamentos que poderiam prevenir assaltos, mas somente com essas medidas não conseguiu resolver o problema e acabou sendo assaltada, tendo um prejuízo de quase dois mil computadores e 140 mil peças.

Além disso, mesmo que todos os celulares dos reféns tivessem sido levados para evitar que eles denunciassem o crime logo em seguida, uma empresa de computadores multinacional, sabendo que possui materiais valiosos em seu estoque, poderia ter uma linha de telefone direta que acionasse a polícia ou até um simples alarme.

Não existe crime perfeito. Por mais bem planejado que tenha sido o assalto, ele só aconteceu porque a segurança, de alguma maneira, falhou. E essa falha está relacionada à gestão da empresa, que nesse caso descuidou da gestão de segurança. Gasta-se muito porque se tem medo, mas são poucos os que investem de maneira inteligente. Para evitar que assaltos e invasões aconteçam, é preciso pensar em todas as possibilidades, de preferência, junto com um especialista em segurança empresarial.

. Por: David Fernandes, CPP, é diretor da Previne Security, empresa especializada em consultoria em segurança e sistemas integrados. É diretor do 1° Portal do Gestor de Segurança Acadêmico. No Brasil, é o 31º brasileiro a receber o CPP - Certified Protection Professional, maior certificação internacional em segurança e que representa uma medida objetiva do conhecimento e competência de um profissional na área de gestão de segurança empresarial. Em todo o mundo é o maior reconhecimento aos profissionais da área. Também é Diretor de Assuntos de Prevenção do CONSEG Água Fria / Mandaqui / Tremembé.

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