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11/01/2017 - 06:28

Presídios são masmorras propensas a carnificina

Há décadas se discute os rumos do sistema penitenciário brasileiro. Vários especialistas anunciaram o caos de hoje e que só tende a piorar. Trata-se de um sistema falido em sua essência e o massacre do Carandiru não serviu para que as autoridades repensassem a filosofia equivocada em vigor. Agora, com mais uma carnificina em Manaus, com mais de 60 mortos, muitos se mostram surpresos, o que não é admissível, pois, quando se aglutina pessoas em condições desumanas, fica claro a pouca importância dada à vida e à ressocialização do cidadão.

Não seria surpresa se as autoridades amazonenses e até o governo federal fossem denunciados pelo Tribunal internacional, afinal se não havia condições de manter tanta gente presa que fosse solicitada ajuda.

Os presídios no Brasil se tornaram masmorras, com aglomerados de gente nas piores condições. Para sobreviver é preciso aderir a alguma facção que de lá de dentro dita às ações da criminalidade aqui fora. Internamente comandam a rotina dos detentos, segmentando e fomentando a rivalidade de acordo com as siglas. Uma realidade que denuncia a impotência e o descaso do Poder Público na manutenção da ordem dentro e fora das grades.

Exemplo disso são as regalias que fazem parte da rotina em prisões em todo o país. E o pior é que todos sabem disso. O que prevalece é a falta de vontade política para mudar esse cenário que só onera os cofres públicos.

Não é de hoje que se fala em trabalho e estudo para ressocializar os presos, o que acontece muito timidamente, sem grandes resultados. A grande massa dos mais de 600 mil detentos do Brasil vive ociosa e em péssimas condições que em nada permite se preparar para a volta ao convívio social.

O resultado disso são ladrões de galinhas misturados com traficantes e assassinos de alta periculosidade. Prisioneiros esquecidos pelo estado, alguns que já cumpriram penas e outros que sequer foram julgados. Tem de tudo e na mistura quem sai fortalecido é o crime que dentro do presídio angaria mais e mais mão de obra.

Infelizmente, o massacre de Manaus, assim como o do Carandiru, não foi o primeiro e também não será o último, pois, superlotados e similares às masmorras, nossos presídios só nos passam a certeza de que o país não prioriza a vida humana, assim como acontece na saúde, educação, segurança e previdência social.

. Por: Marcos Espínola, Advogado Criminalista.

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