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Ser ou não ser jornalista

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Tecnologia – Unesco já catalogou dez mil profissões, ofícios e ocupações que alguém pode exercer para se situar, intelectualmente, no mundo, ter o sentimento de sua identidade e sobreviver com seus próprios meios. Mas, nessa época de vestibular, há sempre uma pergunta questionando um estudante sobre a carreira que escolheu; sua resposta, não raro, provoca certa reflexão, como se estivesse optando por algo “diferente” da lista da Unesco, e agora, pela Fuvest. Terceiro curso com nota de corte mais alta (61%), ultrapassando este ano Direito (60%) e Engenharia (58%) – lembremos que o Brasil é “o país dos bacharéis” – comunicação é uma das carreiras mais disputadas pelos jovens que prestam os atuais vestibulares.

Dos 135 mil candidatos que disputaram 10.202 vagas da Universidade de São Paulo – USP, numeroso contingente quer exercer o Jornalismo em jornais, rádios e tevês, mercado de trabalho cada vez mais exigente, nos ângulos ético e moral, considerando-se o fato de ele visar sempre ao bem das comunidades. Basicamente, isso significa, nos aspectos filosófico e prático, registrar, informar e comentar da forma mais isenta e ética possíveis, e independentemente das incertezas – e das interrogações que elas provocam – os fatos da vida política, econômica ou social de um povo. O recente desligamento de um jornalista da TV Globo que teria sido subornado pelo chefe de uma das máfias de caça-níqueis no Rio de Janeiro, aliado à grande demanda pelo curso de Jornalismo no vestibular, levam a essas reflexões sobre o papel dos futuros repórteres.

Primeiro, porque a expressão Jornalismo sério deveria ser um pleonasmo – se não é, isso ocorre porque ainda há (e haverá, sempre) jornalistas (imensa minoria, felizmente) que manipulam notícias, optam pela carreira sem ter vocação, ou então, usam de suas prerrogativas para obter vantagens pessoais ou materiais. Dependendo das investigações, o caso do jornalista, citado acima, deve dar aos candidatos aprovados uma idéia precisa do que os espera no exercício diário da profissão – o Brasil precisa de grandes repórteres, de homens e mulheres que saibam que, em quatro anos, terão nas mãos uma lâmina afiada: a notícia.

Foi isso, certamente, que levou a Globo ao desligamento imediato de seu funcionário, logo após o Ministério Público ter divulgado as denúncias contra ele, obtidas junto à Polícia e à Justiça, e segundo as quais ele recebia pagamentos mensais de uma quadrilha de contraventores.

Mesmo que se admita preconceito, inconsistência ou fragilidade nas acusações, conforme afirmam entidades de classe, inclusive a Associação Brasileira de Imprensa – ABI não há nada de errado numa empresa que desliga um repórter sobre o qual pesam suspeitas de corrupção. Por meio de interceptações telefônicas, e-mails e fotografias, a Polícia Federal e o Ministério Público declararam ter “comprovado” o conluio entre o acusado e a quadrilha de bicheiros com a qual, segundo a PF, o acusado mantinha “uma relação contínua, estável e reiterada”.

Mas, mais importante que tudo isso, é que os futuros jornalistas aprovados na Fuvest tenham em mente que a USP lhes dará apenas conhecimentos específicos para a profissão – que, aliás, não será privativa dos melhores alunos, e sim dos que, além disso, tiverem o melhor caráter.

. Miguel Jorge, jornalista, é vice-presidente de Recursos Humanos e Assuntos Jurídicos e Corporativos do Santander Banespa

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