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18/03/2008 - 10:37

A Delicadeza: Estética, Experiência e Paisagens

Livro lançado no dia 17 de março (segunda-feira), no Salão Vermelho do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Campus da Praia Vermelha, Palácio Universitário, Urca – Rio de Janeiro – RJ.

Autor Denilson Lopes, Professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisador do CNPq. Superintendente de Difusão Cultural do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. Presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e do Audiovisual. Autor de O Homem que Amava Rapazes e Outros Ensaios (Rio de Janeiro: Aeroplano, 2002), Nós os Mortos: Melancolia e Neo-Barroco (Rio de Janeiro: 7Letras, 1999). Co-organizador de Cinema, Globalização e Interculturalidade (obra a ser lançada), Imagem e Diversidade Sexual (São Paulo: Nojosa, 2004) e organizador de O Cinema dos Anos 90 (Chapecó: Argos, 2005) | Editora da Universidade de Brasília (EdUnB)/ FINATEC | 194 páginas, preço: R$30,00. ISBN: 9788523009977. Pode ser adquirido em várias livrarias como a Livraria Cultura (www.livcultura.com.br).

Tudo começou, começa com o desejo de falar sobre a beleza hoje em dia, da possibilidade da estética, após os Estudos Culturais. Uma estética adequada a uma produção cultural e artística que se firmaram após os anos 70 do século passado, quando cada vez mais os meios de comunicação de massa se tornam parte integrante da experiência cotidiana das sociedades contemporâneas, de nossos afetos, desejos e memórias, ao mesmo tempo em que os projetos modernos se transformam em meio ao debate da pós-modernidade, na crise de utopias universais e do ethos vanguardista em busca do novo. Termino com a sensação de que a crença na beleza e a beleza da fé andaram juntas nesse caminho. Beleza e fé.

Os ensaios têm um fio condutor na delicadeza, embora ela nunca se explicite de todo. A delicadeza se traduz desde a busca de uma sutileza conceitual para apreender os trânsitos entre filmes, romances e músicas de diferentes culturas até a seleção dos trabalhos escolhidos, de Kieslowski, Bressane, Rafael França a Terence Davies, de seriados da Sony, filmes hollywoodianos ao cinema brasileiro e a poemas de Carlito Azevedo. Resgato Buriti, de Guimarães Rosa, para compor uma genealogia possível na literatura brasileira de uma poética da intimidade, presente nos romances de Adriana Lisboa e João Almino, que se contrapõe a uma estética da violência e do excesso tão valorizada pela crítica e pelo público hoje em dia.

A delicadeza não é, portanto, só um tema, uma forma, mas uma opção ética e política, traduzida em recolhimento e desejo de discrição em meio à saturação de informações. Essa busca de pertencimento está traduzida, de forma exemplar, na ficção de Paul Auster e Rubens Figueiredo, na música ambiente de Brian Eno e de seus herdeiros, particularmente a partir do encontro com a Bossa Nova, realizado por Suba e Bebel Gilberto, bem como nos vídeos de Bill Viola, nos filmes de Michael Snow e nas paisagens afetivas de Wong Kar Wai e Julio Medem.

Cada imagem, som, narrativa, teoria, categoria me levaram a um novo encontro. O sublime no banal. A leveza no cotidiano. Eclipse do sujeito, do autor diante do mundo. Tudo se traduziu, por fim, em paisagens.

Atravesso teorias como paisagens, conceitos como imagens. As obras se dissolvem em devaneios e impressões. Pequenas ondas. Vestígios. Pegadas. Não há tempo para parar e entender de todo. A viagem tem que continuar.

Brasília, Rio de Janeiro e New York, três províncias do meu coração, três livros, três caminhos. Estou pronto. O que há de vir? Cerrado e mar se misturam.

Enquanto caminhava à beira do Walden, só nisto pensava, só isto escrevia. Conseguiria traduzir essa rarefação da experiência pessoal, a busca do desaparecimento, não da negação, nem da recusa? Estar presente no evanescimento. Folhas caídas no chão. Transformação. Ressurreição. Gostaria de ter ajoelhado. Dizia. Valha-me Thoreau, que, neste mesmo lugar, tantas vezes deve ter olhado o mesmo lago. Paisagem há muito conhecida, que eu seja fruto do seu ventre. Até que eu não mais seja. Nada. Nunca mais. Agora Isto não é um livro, é uma prece.

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