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23/02/2017 - 08:37

Ah! Deixa para depois do Carnaval!

O instinto (forma psicológica de funcionar que vem no nosso DNA) contém dois movimentos: buscar prazer e fugir da dor. Ele tem três variações: quanto mais intenso, melhor; quanto mais imediato, melhor; quanto menos esforço, melhor. Então, vai contra o instinto fazer o que não gostamos e deixar de fazer o que nos faz feliz; e quanto mais esforço exigir, quanto mais tomar o nosso tempo e quanto menos benefícios trouxer, pior. Portanto, se incomodar o que tivermos que fazer, instintivamente, não será a nossa primeira opção.

Com esforço, alguém protelará comer um chocolate ou comprar um sapato (fontes de prazer); e facilmente será deixado para amanhã o início de um regime para emagrecer (tende a exigir abrir mão de prazeres saborosos), fazer exercícios físicos ou trabalhar/estudar mais (exige esforço).

Buscar justificativas para fazer o que não deseja é comum, seja porque "O Brasil só começa a funcionar depois do carnaval", “A crise do país dificulta tudo", "A Páscoa é logo em seguida", "Férias de julho", "Natal", "O ano novo já está aí", "As férias do verão" e o "Inferno astral". Protelar e explicar esta atitude está, definitivamente, nos genes.

Toda e qualquer decisão na vida, seja ter um filho, começar uma dieta, se separar, casar ou fazer uma pós-graduação pode se basear na relação custo/benefício, esforço/benefício, risco/potencial ganho a curto, médio e longo prazo. Em outras palavras, qual o custo e benefício de deixar para semana que vem levar o carro para o mecânico? O problema da atitude constante de "deixar para amanhã" é que, quando se referir a responsabilidades de caráter importante, o indivíduo começa a ter prejuízos pessoais, profissionais e/ou familiares.

Substancial parte da tomada de decisões se refere a propostas de atitudes em relação a coisas que têm um "preço que a pessoa não está disposta a pagar". Vejo com frequência indivíduos que reclamam de seu peso e afirmam que começarão a dieta depois do carnaval, mas não se perguntam sobre o que terão que enfrentar para buscarem os seus objetivos. Nisso consiste a maioria esmagadora das posturas do "deixar para depois"; toda busca, toda atitude e toda mudança terá suor, eventuais perdas, potenciais dores e possíveis conflitos; e é isso que as pessoas tentam evitar nas suas vidas. Portanto, não é incomum dizer que fará "algo depois do carnaval", mas a verdade, que nem para si é dita, é que talvez nunca venha a fazer determinada coisa, pois não está disposto a "pagar o preço do caminho até o objetivo".

Há ainda uma enorme confusão com relação a gostar ou não de algo, então querer fazer a coisa; eu gostaria de ter um carro esporte de R$500 mil, mas para os meus critérios, o esforço que eu teria que ter para comprá-lo, não vale. Muito eu ouço a expressão "Não vou me separar porque ainda gosto dele (ou dela)", entretanto, as pessoas não se separam, necessariamente, por não gostarem mais de alguém, mas sim porque o relacionamento tem mais coisas ruins do que boas.

É essencial para qualquer busca na vida, saber a "dor" até ela e se perguntar em seguida: "Estou disposto a enfrentar os problemas necessários para atingir este sonho ou meta?”. No inglês, a expressão "Sem dor, sem ganho!" (do "No Pain, No Gain"), pode gerar a reflexão "Este ganho vale a dor que exige?".

Resumidamente escrevendo: o que nos trouxer bem-estar agora será nosso impulso fazer; o que exigir mal-estar agora, até para ter um bem-estar depois, tenderá a ser deixado para o mês ou ano seguinte. As vantagens e desvantagens de um e outro precisam ser julgados por cada um. Contudo, uma coisa é certa: quem não conseguir sobrepor o bem-estar do futuro ao do presente, por vezes, tenderá a viver mal em breve.

. Por: Bayard Galvão, psicólogo clínico formado pela PUC-SP, hipnoterapeuta e autor de cinco livros. | www.institutobayardgalvao.com.br

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