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21/03/2017 - 06:40

Abiquim lança estudo que mapeia fluxos logísticos de produtos químicos

E identifica melhorias para os modais de transporte. O “Estudo Estratégico de Logística – II Fase” é o mais detalhadojá produzido sobre a logística industrial química brasileira, servirá de base ao acordo de cooperação com a EPL e subsidiará o Plano Nacional de Logística Integrada – PNLI

São Paulo —A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) apresentou o “Estudo Estratégico de Logística – II Fase”, que tem o objetivo de compreender, analisar e sugerir melhorias na infraestrutura logística e na legislação para o transporte interno e os fluxos de importação e exportação de produtos químicos, em evento realizado na sede da associação.

Para a diretora de Assuntos Técnicos da Abiquim, Andrea Carla Cunha Barreto, o lançamento do estudo marca o início de etapas ainda mais desafiadoras onde o envolvimento e o suporte da Comissão de Logística da Abiquim, das empresas associadas e dos parceiros como a Empresa de Planejamento e Logística S.A. (EPL) e a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) será importante. “A logística é um tema primordial para o desenvolvimento da indústria química e melhorar o fluxo dos produtos é uma das prioridades da Abiquim. O estudo tem uma metodologia consistente, que mapeou os fluxos de produtos químicos, além de propor soluções e sugestões para os modais rodoviário, aquaviário, ferroviário e dutoviário”, explicou.

Segundo o estudo, elaborado ao longo de 2016 pela consultoria Leggio, a indústria química movimenta atualmente 132 milhões de toneladas de produtos no País, somando os fluxos de vendas internas, importação e exportação. É possível constatar que, por ter uma infraestrutura inadequada, transporte ineficiente e sem atendimento a rotas com nível de serviço mínimo, o transporte nos modais ferroviário e aquaviário não atende às necessidades da indústria, dessa forma a logística de produtos químicos se concentra nas rodovias.

O modal rodoviário é o mais utilizado nas distâncias inferiores a 500 km, com uma taxa de 88%; nas distâncias entre 500 e 1.000 km é usado em 95% das viagens; nas distâncias entre 1.000 e 1,5 mil km em 71% das viagens; entre 1,5 mil e 2 mil km as rodovias são usadas em 92% das viagens; e nas distâncias superiores a 2 mil km em 82% das viagens.

No entanto, o custo médio de cada km percorrido nas melhores rodovias brasileiras é de R$ 2,75, podendo chegar a R$ 5,23 nas vias em péssimo estado de conservação. Nos Estados Unidos, por exemplo, o custo médio de cada km percorrido é de R$ 2,50. O país foi usado como comparação de estrutura logística por compartilhar dimensões continentais e uma indústria química desenvolvida.

O estudo identificou ainda as rotas do setor que devem migrar do modal rodoviário para o aquaviário, dutoviário e ferroviário levando em consideração os volumes transportados, as distâncias percorridas e a infraestrutura existentes. Os volumes de produtos superiores a 60 mil toneladas por ano, que sejam conduzidos em rotas entre portos e próximos a costa, que possam percorrer distâncias marítimas superiores a 300 km e possam contar com um modal de larga escala até chegar a algum porto deveriam migrar do modal rodoviário para o aquaviário.

A migração para o modal ferroviário deve ser feita nos casos em que os volumes transportados sejam superiores a 50 mil toneladas por ano, percorram distâncias superiores a 200 km e contem com um trecho ferroviário na rota. A migração para o modal dutoviário deve ser feita para os volumes superiores a 50 mil toneladas por ano, distâncias inferiores a 200 km e já exista uma faixa de servidão de outros dutos na rota.

Com a adoção desses critérios de migração para os modais, a matriz de transporte químicos, recomendada pelo “Estudo de Logística – II Fase”, ficaria muito próxima de modelos internacionais de sucesso e coerente com nossa realidade geográfica de um país com dimensões continentais. Assim promovendo maior competitividade para indústria química e toda cadeia logística atrelada e teria a seguinte configuração: o modal rodoviário seria usado nas distâncias inferiores a 500 km em 78% das viagens, nas distâncias entre 500 e 1 mil km em 70% das viagens; nas distâncias entre 1 mil e 1,5 mil km em 68% das viagens, mesmo índice das distâncias entre 1,5 mil e 2 mil km. Nas distâncias superiores a 2 mil km, o modal rodoviário seria usado em apenas 28% dos casos, enquanto as hidrovias e o transporte por cabotagem seriam usados em 68% das viagens.

Entre as ações sugeridas para aumentar o uso do modal aquaviário o estudo sugere o aumento da capacidade de cais no Porto de Santos (SP) e no porto de Aratu (BA), a ampliação na infraestrutura de carga e descarga e o acesso ferroviário ao Porto de Santos, entre outros. Entre as ações regulatórias é preciso estruturar e monitorar as operações de atracação dos navios nesses portos, o que reduziria os atrasos causados por interferências na ordem das atracações das embarcações.

A importância de ampliação dos portos e modificações na regulação pode ser exemplificada pelo elevado índice de ocupação do Porto de Santos. O índice de utilização ideal de um berço visando a manutenção de um bom serviço é de 65%. No Porto de Santos, que recebe 24% do total de produtos importados e 11% dos produtos exportados, o berço Alamoa 2 tem um índice de utilização de 169% e o de Barnabe SC de 72%.

Para aumentar o uso do modal ferroviário é necessário investir na conservação das malhas já existentes, além de promover alterações regulatórias que incentivem as concessionárias a transportarem produtos químicos. Também seria necessário o desenvolvimento de um programa de risco por parte da ANTT, que seja comum a todas as concessionárias para mitigação dos impactos causados em casos de acidentes.

Para a coordenadora da Comissão de Logística da Abiquim, Leila Zuccari, é importante que a indústria química alinhe com outros setores as ações que causarão impacto positivo para todos. “O objetivo é buscar melhorias que impactam nosso setor e todo o fluxo logístico do País”, conta Leila, que também é gerente de Logística do Grupo Solvay na América Latina.

O técnico em regulação da ANTT, Pedro Beraldo, destacou a importância do estudo trazer propostas regulatórias. “Fazer uma alteração na regulação é mais simples do que estrutural e dessa forma podemos ter impactos positivos para todos: indústria e população”.

As informações do “Estudo Estratégico de Logística – II Fase” irão subsidiar o Plano Nacional de Logística Integrada (PNLI) da Empresa de Planejamento e Logística S.A. (EPL), estatal que tem por finalidade estruturar e qualificar o processo de planejamento integrado de logística. O PNLI tem como objetivo otimizar a movimentação de cargas com o uso dos diferentes modos de transporte, utilizando as ferrovias, a cabotagem e as hidrovias interiores como sistemas de alta capacidade, integrados a malha rodoviária regional de forma sinérgica e harmônica.

Segundo a assessora técnica da EPL, Denise Deckers do Amaral, é preciso pensar a logística do País como um todo. O “Estudo Estratégico de Logística – II Fase” está alinhado com o que vem sendo desenvolvido no PNLI, que estará disponível até o fim de maio. “O plano também propõe o reequilíbrio da matriz de transporte. Estamos otimistas com os resultados e vamos trabalhar para minimizar os entraves”, contou.

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