Educação é muito mais

São fundamentais as discussões sobre o Novo Ensino Médio, Base Nacional Curricular e Enem, mas um tema precisa continuar na pauta: a educação que começa em casa e é cultivada nas escolas vai além de cadernos e provas. Queremos, precisamos e trabalhamos por uma escola que eduque para valores.

Sim, estamos falando de ética, que se aprende desde pequeno. Como dizia o professor Darcy Ribeiro, quanto mais se investir em escola, menos presídios precisarão ser erguidos. E as prisões como já sabemos, na maioria das vezes, deseducam.

A cada início do ano letivo, pais e mães procuram escolas que conciliem ensino de qualidade e a garantia de um bom futuro profissional lá na frente. Felizmente, tem crescido o número de responsáveis que seguem acompanhando a trajetória escolar além dos primeiros dias. Isso é crucial, porque educação se constrói em casa e na escola, com bons exemplos.

Acompanhar a vida escolar dos filhos ajuda no desempenho e no desenvolvimento pessoal deles. Como ressalta relatório da Unesco há quatro pilares da educação voltada para o século 21: aprender a ser, a fazer, a conviver e a conhecer. Reforçar esses pilares é a tarefa diária do educador, em um mundo cada vez mais conectado, mas com pessoas distantes, mesmo tão próximas.

Usar o potencial da internet para a educação é a nossa meta, sempre conectados com alunos e famílias, na nuvem e no abraço fraterno. Proporcionar a felicidade é lição de casa e em sala de aula. “A alegria torna breve o tempo e fácil a vida. Se estiveres alegre, farás tudo com perfeição”, já falava o pedagogo e sacerdote espanhol Pedro Poveda, que nasceu em 1874.

Nos nossos dias, é com alegria que vemos a educação ganhando espaço na mídia e nos debates, mesmo que com mais críticas do que elogios merecidos aos professores heróis espalhados pelo Brasil. Há muitos. Assim como alunos que sonham em ocupar um mundo melhor e justo.

Um mundo diferente deste, que tem 758 milhões de adultos que não sabem ler ou escrever, segundo a Unesco. O Brasil precisa alfabetizar 13 milhões de pessoas e valorizar os professores que vão ensinar a esse povo. Dados do Todos Pela Educação mostram que, em 2015, professores da rede pública com diploma universitário recebiam o equivalente a pouco mais da metade do salário médio de outros profissionais diplomados.

Já os números recentes do Censo Escolar indicam que a reforma do Ensino Médio não será fácil. As escolas precisarão se adaptar, com planejamento, e o investimento deverá ser contínuo nos estados, incluindo aí a melhor formação dos professores. Acompanhados pelos coordenadores pedagógicos, de preferência.

O chamado Novo Ensino Médio deve ser firmado a partir de 2019. Pelas novas regras, o conteúdo obrigatório corresponderá a até 60% do currículo, com os outros 40% compostos por “itinerários flexíveis”. Se hoje a carga anual é de 800 horas, a ideia é que passe para pelo menos mil, nessa jornada. Outra meta é chegar até 2024 com 25% das escolas em tempo integral. Dever de casa para governos e educadores não falta, como se vê. O importante é lembrar sempre que educação é muito mais.?

. Por: ?Glória Fátima do Nascimento?, diretora do Colégio Teresiano CAP/PUC-Rio.