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26/04/2017 - 07:10

IABr faz projeções reduzidas para a indústria brasileira do aço em 2017


O Brasil precisa urgente de promover a defesa comercial, e rever tributos para que a indústria nacional volte ao crescimento sustentável de toda cadeia produtiva, gerando capital e trabalho.

O Instituto Aço Brasil (IABr), que reune a cúpula das companhias produtoras de aço no Brasil disseram no dia 25 de abril (terça-feira) em coletiva e teleconferência com jornalistas em sua sede, no Centro do Rio de Janeiro, que o consumo aparente de aço no primeiro trimestre deste ano apresentou um crescimento de 5% em relação ao mesmo período do ano passado. Considerando que as vendas internas tiveram nesse mesmo período uma queda de 0,5%, o crescimento verificado no consumo aparente foi suprido pelo aumento das importações, que foi de 73,1%. De janeiro a março desse ano, a produção apresentou um crescimento de 10,9%, canalizado basicamente para as exportações, que tiveram um crescimento de 17,4%.

O significativo crescimento das exportações deve-se à entrada em operação de uma nova usina — a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) —, voltada para o mercado externo, foi reativado um alto-forno da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), e ao enorme esforço despendido pelas demais usinas brasileiras, que por operarem, atualmente, com 40% de ociosidade, aumentaram suas exportações para evitar novos fechamentos de equipamentos e demissões de colaboradores, dado primeiro trimestre de 2016, é extremamente baixa, o que ajuda a impulsionar as variações percentuais.

Apesar dos resultados do primeiro trimestre, para 2017, o Instituto Aço Brasil prevê que a produção brasileira de aço bruto encerre o ano com um crescimento de 3,8% em relação a 2016, totalizando 32,5 milhões de toneladas. Já para as vendas internas de produtos siderúrgicos, está previsto alta de 1,3%, chegando a 16,7 milhões de toneladas, patamar similar ao de 2006. O consumo aparente de aço no País deve ser de 18,7 milhões de toneladas, o que representa acréscimo de 2,9% em comparação com o ano passado. Caso esse resultado seja confirmado, serão mantidos os padrões de uma década atrás.

As previsões do IABr para esse ano ratificam o que vem sendo alertado pela Coalizão composta pelos segmentos automotivo,produtos químicos, máquinas e equipamentos, têxteis/confecção, calçados, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, autopeças, siderurgia, papel e celulose, de que não ocorrerá retomada do mercado interno em 2017. Estes segmentos, que representam 48,5% da produção e 68,5% das exportações da indústria de transformação do País, operam em média com 50% de ociosidade e demitiram, nos últimos dois anos, cerca de 500 mil colaboradores.

—Estamos vivenciando uma desglobalização—, disse o presidente executivo, Marco Polo de Mello Lopes.

—O mundo todo está se cercando contra o dumping, — cada um cuidando dos seus interesses e da sua sociedade — e o Brasil não toma nenhuma decisão sobre a defesa comercial, vide o que o presidente Donald Trump está fazendo nos Estados Unidos da América, — o “Buy American”—, criando barreiras para defender a indústria do seu país —, lembra o presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil, Alexandre Lyra, também presidente da Vallourec Brasil.

—Por aqui em vez o nosso Conteúdo Local, poderia até chamar o “Buy Brasil”— emendou Lopes, observando que os empresários estão dispostos a rever pontos do Conteúdo Local, mas que deixe bem claro o que são: Bens; e o que são Serviços.

Países como Equador, Líbra, Venezuela, que adotaram o extrativismo como meio de desenvolvimento de suas nações, estão demonstrando que não é o caminho correto, — uma economia forte deve e tem que ter indústrias fortes, elas é que geram empregos e renda. O BNDES deveria defender os interesses da indústria — continuam os executivos.

A indústria do aço hoje por exemplo, está trabalhando com 60% de sua capacidade instalada, o que deveria ser 80%, — são milhares de desempregados e muitos que ainda podem perder seus empregos, se não mudar os rumos da política industrial. Impactos da crise de janeiro/2014 a dezembro/2016 somaram demissões em 46.788 funcionários; de janeiro/2014 a dezembro/2016 foram adiados investimentos do segmento na ordem de US$ 3,2 bilhões. E poderia ter gerado cerca de nove mil empregos diretos e indiretos. —Sem contar que a indústria do aço terminou 2016 com 78 unidades paralisadas ou desativadas— esclarecem.

—O incremento das exportações de produtos industrializados no curto prazo é a única saída para evitar o agravamento da situação da indústria de transformação e o aumento do desemprego. As exportações podem contribuir de forma decisiva para a retomada rápida e sustentada do crescimento econômico do País, — mas nos próximos trimestres podem não repetir o que aconteceu neste prmeiro trimestre. Para tanto, é imprescincível que o governo restitua os tributos não recuperáveis já pagos no consumo de elos anteriores da cadeia produtiva, através do mecanismo do Reintegra, elevando a alíquota atual em três pontos percentuais (dos atuais 2% para 5%)— reivindica os empresários.

— A constituição brasileira proíbe a exportação de impostos”, mas não se toma uma decisão com celeridade — frisa Marco Polo.

A correção dessa assimetria permitirá o aumento imediato das exportações, sem pressões inflacionárias, mantendo o nível de arrecadação tributária e criando mais de 400 mil novos postos de trabalho e injetando mais de US$ 15 bi na economia. Além disso, no curto prazo, o Governo deveria incentivar a exigência de Conteúdo Local. Esta é uma estratégia adotada por diversos países, como os Estados Unidos e Índia, para manter o desenvolvimento da indústria nacional frente à guerra de mercado no cenário internacional.

O Instituto Aço Brasil apoia as reformas que o governo federal vem promovendo, mas há preocupação: o discurso de retomada da economia; o discurso sobre liberalização da defesa comercial —na contramão da tendência mundial, e as mudanças nas regras do Conteúdo Local.

— O  Programa de Parceria de Investimentos (PPI) é ótimo para o fomento das empresas, gera capital e empregos, abrir para as empresas estrangeiras tudo bem, não somos contra o capital estrangeiro, desde que respeitem as regras do Conteúdo Local, é o que espera toda cadeia produtiva nacional — lembra Lopes.

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