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28/04/2017 - 08:43

IBRE divulga Indicador do Comércio Exterior

O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE) lançou no dia 27 de abril (quinta-feira), o Indicador do Comércio Exterior – Icomex. O novo índice, que será divulgado mensalmente, traz diferentes recortes da balança comercial do Brasil. O objetivo do IBRE é contribuir para a avaliação do nível de atividade econômica do país, por meio da análise mais aprofundada dos resultados das importações e exportações.

Após três anos seguidos de queda nos valores exportados e importados o que acarretou a redução em 29% da corrente de comércio, o primeiro trimestre de 2017 registrou reversão dessa tendência. As exportações aumentaram 24,4% e as importações 12% na comparação entre o acumulado de janeiro a março de 2016 com igual período de 2017. No primeiro trimestre do ano, a balança comercial registrou um superávit de US$14,4 bilhões; com isso, as estimativas de saldos ao redor de US$ 50 bilhões para 2017 passaram a fazer parte dos cenários de projeções do setor externo.

Apresentam-se, a seguir, os índices de preços e volumes dos fluxos de comércio, onde as desagregações seguem a classificação das Contas Nacionais.

Índices agregados: a melhora dos termos de troca e a recuperação dos volumes de comércio — A melhora nos termos de troca iniciada em abril de 2016, e que teve um novo impulso a partir de novembro do mesmo ano, levou a que os termos de troca subissem 19% na comparação do acumulado do ano até março entre 2016 e 2017 (gráfico 1). Nesse mesmo período, o preço das exportações aumentaram 15% e o das importações recuaram 3%.

A melhora dos termos de troca foi liderado pelas commodities, conforme ilustra o gráfico 2. O termo de troca da cesta de commodities avançou 41% e o das não commodities 7% na comparação do primeiro trimestre deste ano quando comparado a igual trimestre de 2016. No caso das commodities, na mesma comparação, os preços de exportação cresceram 29% e os preços de importação caíram 11%. O pequeno aumento nos termos de troca das não commodities é explicado pela variação zero nos preços de exportações e queda de 6,5% no das importações. Observa-se que o aumento dos preços das commodities foi liderado pelo minério de ferro (+137%) e pelo grupo petróleo (+82%). O ritmo desse aumento deve arrefecer, mas não se espera um novo ciclo de queda de preços de commodities no curto prazo.

A recuperação dos fluxos de comércio é confirmada pelo aumento tanto no volume exportado quanto no importado, conforme mostra o gráfico 3. Ressalta-se que na comparação com igual trimestre do ano anterior, as importações cresceram (17%) e, portanto, acima das exportações (11%). O comportamento das importações depende do nível de atividade e da taxa de câmbio, sendo o maior peso atribuído a primeira variável. Nesse contexto, o aumento das importações indicaria expectativas de melhora do nível de atividade para os próximos meses.

No gráfico 4 fica claro que as não commodities explicam o aumento no volume exportado: na comparação trimestral, o desempenho da cesta de não commodities foi superior ao das commodities. A primeira avançou 16% e a segunda, 6%.

Índices desagregados por atividade econômica — O comportamento da indústria extrativa é o grande destaque na comparação dos dois primeiros trimestres de 2016/2017. Os preços de exportações da indústria extrativa aumentaram 75%, seguido dos preços da agropecuária que aumentaram 9%. Na análise do volume exportado, a extrativa novamente sobressai com aumento de 38% seguido da indústria de transformação (9%). A agropecuária, mesmo com o aumento de preços, registrou queda no volume embarcado em 7%. O impacto do embargo da carne, apesar de logo suspenso, pode ter influenciado esse resultado.

No caso das importações, os preços subiram cerca de 17% na agropecuária e caíram para os outros setores. O volume importado aumentou 23% para a indústria de transformação, seguido da extrativa em 11%. Novamente, o resultado pode ser interpretado como um sinal de melhora no nível de atividade, mas a valorização cambial em relação ao ano de 2016 também influenciou esse resultado.

Índices desagregados por categoria de uso — Os preços de importações no primeiro trimestre caíram para todas as categorias de uso e cresceram para as exportações de bens de consumo não duráveis (20%), intermediários (6%) e bens de capital (4%). A análise por volume exportado mostra que a recuperação das vendas de automóveis neste primeiro trimestre, levou a um aumento de 54% da categoria de bens de consumo duráveis na comparação. Em adição, todas as categorias, exceto consumo de não duráveis, registram aumentos acima de 20%. No caso das importações, o maior percentual de variação foi o de bens intermediários (25%) seguido de semiduráveis (11%). Ressalta-se um aumento de 5% nos bens de capital, pode estar indicando o início de uma recuperação futura do nível de investimento.

Destacamos o comportamento dos fluxos de comércio por categoria de uso da indústria de transformação. O desempenho exportador é positivo para todas as categorias, exceto os de consumo não duráveis. O desempenho não difere muito da análise do total da economia, pois essa indústria explica cerca de 70% das exportações e 90% das importações brasileiras (ano 2016). Chama a atenção, novamente, o aumento de 34% nas importações de bens intermediários. Seria isto um sinal de recuperação da indústria de transformação? Aqui deve se ter um pouco de cautela, pois os insumos que se destinam a atividade agropecuária aparecem classificados como da indústria de transformação. A análise da pauta total de importações por grandes grupos de produtos mostrou que as maiores contribuições para o aumento das importações entre os primeiros trimestres de 2016 e 2017 foram de produtos de petróleo e seus derivados, seguido de máquinas elétricas, carvão e adubo. O adubo é produzido pela indústria de transformação, mas seu destino é a agropecuária. Logo, é preciso apenas qualificar que parte do aumento das importações de bens intermediários não devem ser interpretadas como indicadores do ritmo da atividade da indústria de transformação.

Observação final — O aumento nos volumes exportados e importados no primeiro trimestre de 2017 mostra que o comércio exterior do Brasil iniciou sua trajetória de recuperação. Riscos sempre existem, como mudanças cambiais, interrupção na recuperação da economia mundial e turbulências domésticas associadas às incertezas da economia. Por enquanto, porém, o comércio exterior está numa trajetória favorável.

Metodologia— O índice de Fischer é utilizado para o cálculo dos índices de preços. No caso do volume, foi utilizada a forma implícita: o índice de volume é obtido pela divisão da variação do valor do fluxo comercial deflacionado pelo índice de preços. Os índices foram obtidos considerando o controle dos “outliers”.

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