Brasil nas eleições da Itália: Carioca disputa vaga no Senado

Partido indica Odilon Barros como candidato nas próximas eleições para renovação do Parlamento Italiano.

A coligação La Sinistra L’Arcobaleno acaba de anunciar a candidatura do presidente da Federação dos Imigrantes Italianos no Brasil e secretário executivo da ADIIB (Associação para o Desenvolvimento dos Imigrantes italianos no Brasil e América Meridional), Odilon de Barros, do Rio de Janeiro-RJ, para concorrer nas próximas eleições nos dias 13 e 14 de abril ao Parlamento da Itália.

Segundo a cúpula da coligação, a indicação de Barros como cabeça de chapa, pelo Brasil, seguido de Arduino Monte para a Câmara Federal, é estratégica diante do potencial eleitoral da comunidade italiana no País. São mais de 300 mil cidadãos italianos que podem exercer o direito de voto por correspondência na corrida eleitoral da América do Sul – os portadores de dupla cidadania receberão cédulas dos Consulados de seus respectivos Estados -, que tem duas cadeiras de Senador e três de Deputado.

Entretanto, dados das últimas eleições (2006) dão conta que apenas metade dos ítalo-brasileiros participa do processo de votação por correspondência. E tal situação atrai a atenção dos partidos, como La Sinistra, que tem a chance de não só disputar os votos dos eleitores habituais, como, também, de conquistar os outros 150 mil não-votantes e possivelmente em alguns casos não-partidários através do incentivo à consciência política.

Em 2006, mesmo reduzida à metade, a comunidade italiana no Brasil elegeu o senador Edoardo Pollastri com uma diferença mínima sobre uma concorrente da Argentina. Mesmo assim, devido a um maior número de eleitores, os argentinos abocanharam outras quatro vagas no Parlamento Italiano.

Política de governo Barros - Aos 50 anos, o carioca Odilon de Barros estréia na corrida ao Senado da República Italiana. Formado em Administração Pública com especialização em Responsabilidade Social e Terceiro Setor, responde pela presidência da Federação dos Imigrantes Italianos no Brasil e pelo Executivo da ADIIB (Associação para o Desenvolvimento dos Imigrantes italianos no Brasil e América Meridional), onde é responsável pelo desenvolvimento de projetos em áreas sociais para todos os imigrantes e seus descendentes na América do Sul.

Entre suas preocupações, Barros destaca a importância da conscientização da comunidade italiana no País em relação à responsabilidade na decisão do voto. Alerta sobre as opções de listas independentes, porque são compostas por candidatos sem partido que não precisam prestar contas a ninguém.

- É preciso que o eleitor tenha entendimento sobre a importância de sua opção nessas eleições. A idéia é renovar com responsabilidade para que haja retorno político efetivo em benefício da própria classe. A melhor escolha é aquela que, além de avaliação de candidatos e propostas, também analisa o histórico e projetos dos partidos envolvidos no processo eleitoral. – ressalta Barros.

Sobre suas propostas de governo, o candidato destaca projeto que visa solucionar o problema das filas da cidadania nos consulados italianos que operam no Brasil. Atualmente, esperam pela cidadania italiana cerca de 500 mil brasileiros.

No texto, modelo de implantação simples, com redução dos prazos e custos, além de ser auto-sustentável. A idéia consiste na seleção e participação de estudantes de língua italiana, através de convênios com universidades brasileiras, para atendimento, análise e envio de documentação necessária para obtenção da cidadania a órgão responsável na Itália. A proposta já está em tramitação desde o ano passado no Ministério de Affari Estero.

A identificação das necessidades da população italiana também ganha espaço no programa. Barros propõe o estabelecimento de detalhado censo demográfico da população italiana no Brasil com objetivo de pontuar os principais anseios políticos, sociais e culturais da classe para definição de propostas efetivas a serem apresentadas ao Parlamento Italiano.

- É preciso mapear as deficiências existentes para só então depois poder propor medidas cabíveis para suprir essas necessidades. É preciso levar para o Parlamento propostas viáveis e consistentes, afinal, a Casa não pode ser uma máquina de projetos apenas para promover a imagem dos que dela fazem parte. Como acontece em muitos modelos de governo. – diz ele.

Odilon Barros fala ainda sobre um terceiro projeto com ênfase. Trata-se da criação do Banco Interamericano de Intercâmbio de Oportunidades de Trabalho e Estudo da América Meridional, através de convênios com entidades Ítalo-Americanas. A idéia é a criação de um grande banco de dados Sul-americano com informações sobre profissionais qualificados aptos para suprir a grande demanda e carência do mercado de trabalho italiano em alguns segmentos. Esses profissionais poderiam trabalhar no exterior, ou mesmo, em empresas italianas instaladas no Brasil.

- O plano é simples. Cadastramento de mão-de-obra especializada e oferta para o mercado da Itália. Isso já acontece com a importação de enfermeiras brasileiras para a Itália. Queremos apenas ampliar as possibilidades de trabalho em diversas áreas de atuação – explica o candidato.

Na questão acadêmica o objetivo é aumentar o número de vagas para Ítalos-americanos nas universidades italianas, incentivando as relações da população que vive em outros países com a República Italiana.

- É preciso entender que existe uma outra ‘Itália’ fora da própria Itália e 90% dessa população residente no exterior está no continente Sul-americano. Entendo isso como uma grande dívida social que precisa ser revista com atenção – diz Barros.

As eleições na Itália acontecem nos próximos dias 13 e 14 de abril. Na Circunscrição Eleitoral do Exterior, serão eleitos doze deputados e seis senadores. Na área da América do Sul, os eleitos serão três deputados e dois senadores. | Contato: telefone: (21) 2540-8540 | e-mail: [email protected]