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21/03/2008 - 10:38

Sonia Andrade - Vídeo-instalação com drusas de ametista

A artista Sonia Andrade é uma das pioneiras da videoarte no Brasil. Participou em 1974 da histórica exposição no MAC da USP, considerada a primeira exibição pública de vídeos brasileiros, organizada por seu diretor Walter Zanini a convite do Institute of Contemporary Art da University of Pennsylvania, na Filadélfia, para onde a mostra itinerou no mesmo ano.

Pela primeira vez em sua trajetória, Sonia Andrade vai mostrar seu trabalho numa galeria. Esta também é a primeira vez que a galeria – das sócias Georgianna Basto, Marcia Mello e Carolina Dias Leite – especializada em fotografia, expõe uma vídeo-instalação. Até agora, o único trabalho no gênero apresentado havia sido um vídeo de Deborah Engel, na mostra “Entre as Tramas do Olhar”, que inaugurou o novo espaço na Avenida Atlântica, em outubro do ano passado.

Sonia Andrade está realizando, especialmente para o espaço da galeria, uma vídeo-instalação com uma tonelada de ametistas em estado bruto (drusas), que vai cobrir os 40 metros quadrados do chão. Será um “tapete de ametistas”. Em um canto da sala, uma projeção sobre um círculo de areia dará o efeito de gotas d’água pingando em um lago de ametistas. O trabalho não tem título, mas Sonia usa “como mote” um verso extraído de um poema de John Donne, poeta inglês (1572-1631): “It were but madness now to impart / The skill of specular stone”.

Para Marcia Mello, "a produção de Sonia Andrade se inscreve na história da arte brasileira pelo vigor e pela coerência de suas obras ao longo do tempo. Desde os primeiros experimentos com o vídeo, sua temática se volta para uma reflexão sobre os meios e os fins da tecnologia na arte e seus desdobramentos na vida das pessoas. O uso de imagens produzidas tecnicamente (fotografia, postais, vídeo) é feito para provocar, exaltar, questionar sua própria utilização na sociedade contemporânea, num discurso metalingüístico sutil e bem-humorado. A fusão do real e do virtual – jogo proposto pela artista em suas últimas instalações e especialmente nessa que estamos apresentando – nos leva a um mundo lírico, ancestral, cheio de possibilidades. Em Sonia de Andrade arte é vida e a vida não é possível sem a arte".

“É maravilhoso ver a reação do público perante seus trabalhos, sejam eles vídeos (a maioria dos anos 1970) ou vídeo-instalações, seja em Paris, no Louvre, no CCBB ou no MAM do Rio. Somos privilegiadas ao conviver com esta magnífica artista. Todas as mulheres gostariam de ser um pouco... Sonia Andrade”, dizem em coro as sócias Georgianna Basto e Carolina Dias Leite.

A crítica Marisa Flórido Cesar escreve sobre o trabalho de Sonia Andrade, tomando como ponto de partida o fato de que a “fonte e o espelho são, na Idade Média, o lugar amoroso por excelência”. Ela destaca: “Transparente e reflexivo, o cristal possui a dupla propriedade de permitir ver através de sua matéria e ser a superfície do espelho daquele que o olha. Dúbia condição da ‘pedra especular’ que a artista perscruta: a passagem indecisa entre fluidez e mobilidade, passagem e permanência, aparição e desaparição”. “Entre a pedra e a imagem, entre Pigmaleão e Narciso, vacilamos entre os reflexos e as superposições, entre as ressonâncias infinitas das muitas faces de um espelho movediço”.

O trabalho com vídeo-instalações utilizando pedras começou em 2001, em uma mostra no Paço Imperial, quando utilizou cristal de rocha, e foi ampliado em 2005, quando expôs no CCBB Rio.

Apesar de estar em alta na Europa e nos EUA – como demonstram as vendas na ARCO 2008, em Madri – a videoarte ainda tem no Brasil um mercado iniciante. “Não há videotecas por aqui”, observa Sonia Andrade, que tem obras em coleções importantes como o Getty Research Institute, em Los Angeles (que comprou todos os seus trabalhos, de 1974 a 1983), a Fine Arts Library, da Universidade de Harvard, em Cambridge, e o Kunstgewerbemuseum, em Zurique.

Em 2007, seu trabalho integrou as mostras “WACK!”, no Moca (Museum of Contemporary Art) de Los Angeles, EUA; “Anos 70 – Arte como Questão”, com curadoria de Glória Ferreira, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo; “Manobras Radicais”, com curadoria de Paulo Herkenhoff, no CCBB São Paulo; e, em 2006, participou da mostra “Corps etrangers”, no Louvre, em Paris.

Pioneirismo na videoarte - Em 1974, Sonia fazia parte de um grupo de artistas que se reunia sempre às quartas-feiras: Ivens Machado (que trabalhava com ela na escola Pueri Domus), Anna Bella Geiger, Letícia Parente (já falecida), Miriam Danowski, Fernando Cocchiarale e Paulo Herkenhoff. Naquele ano, Anna Bella recebeu a incumbência do diretor do MAC/USP, Walter Zanini de reunir um grupo de artistas para uma mostra de videoarte a convite do Instituto de Arte Contemporânea da Universidade de Filadélfia. Anna Bella então convidou Sonia, Cocchiarale e Ivens. Sonia relata que sua paixão “sempre foi cinema”. “Faço artes plásticas porque não fiz cinema”, conta, lembrando que fez seu vídeo em um domingo. “Era um travelling do muro do Jardim Botânico, com câmera do Jom Azulay”. “Não existia um roteiro prévio para a filmagem, que acontecia quase como uma performance. Nós todos fazíamos tudo: som, iluminação, produção, ajudando uns aos outros”, comenta Sonia.

Sonia Andrade – Vídeo-instalação com drusas de ametista, de 27 de março a 24 de maio de 2008, de segunda a sexta, das 12h às 19h sábado, das 16h às 19h, na Galeria Tempo, Rio de Janeiro, Av. Atlântica, 1782 / loja E  Copacabana  (ao lado do Copacabana Palace) Rio de Janeiro (RJ).

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