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10/06/2017 - 04:09

Sobratema Summit: Brasil acelera iniciativas para a construção industrializada

Com a queda nos números do setor da construção em função da crise, entidades e governo se articulam para apoiar o crescimento da industrialização no setor, por meio de normas técnicas, manuais, parcerias público e privado, padronização e apostas no desenvolvimento tecnológico e inovação. Prova disso foi o anúncio do decreto presidencial, no dia 6 de junho (terça-feira ), que cria o Comitê Estratégico de Implementação do Building Information Modelling (BIM), com o objetivo de propor, no âmbito do Governo federal, a Estratégia Nacional de Disseminação do sistema de construção.

Além do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, que exercerá a sua presidência, o Comitê será integrado pela Casa Civil da Presidência da República; Ministério da Defesa; Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; Ministério das Cidades e pela Secretaria-Geral da Presidência da República.

Claudionel de Campos Leite, coordenador de difusão tecnológica da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), explica que o decreto prevê ainda a criação do Grupo de Apoio Técnico – GAT-BIM, que prestará apoio técnico e administrativo ao CE-BIM e o assessorará no desempenho de suas funções. “A ABDI fará parte da equipe do GAT. Os temas discutidos pelo comitê serão de cunho técnico, regulamentação, tributária, entre outros aspectos para fomentar a demanda pela construção industrializada”, diz Leite durante a sua palestra na Semana das Tecnologias Integradas para Construção, Meio Ambiente e Equipamentos, que termina nesta sexta-feira (9) em São Paulo.

Para João Carlos Leonardi, diretor da Leonardi, a industrialização da construção trouxe velocidade para as obras, com menos rigidez e mais qualidade. “Há uma semelhança com as montadoras de veículos, que antes eram fabricantes e agora apenas montam. Nós caminhamos para isso, com os sistemas de pré-fabricação representanto uma evolução, uma nova realidade para a construção”, diz.

Avanços e articulações — Outras entidades, como a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção(Abramat) também apoiam as iniciativas para fomentar a industrialização da construção. Ambas, ABRAMAT e ABDI, criaram o Manual da Construção Industrializada em 2015, quando lançaram o primeiro volume com o objetivo de fornecer um conjunto de orientações, conceitos e referências. Recentemente, o Ministério das Cidades, o Ministério do Planejamento e o TCU (Tribunal de Contas da União) também se envolveram no projeto para contribuir para a evolução do conteúdo nas próximas publicações.

“O manual pode ser aplicado a qualquer processo de construção, fornecendo um passo a passo e um check list de cada procedimento e está dividido em duas partes: conceitual e sistemas construtivos”, diz Leite. Esse ano ainda será lançado o volume dois, com informações sobre instalação hidráulica, elétrica e racionalizados. Para 2018, o volume três envolverá conteúdos sobre infraestrutura pesada – rodovias, ferrovias, etc. – e escolas.

Como a publicação pode ser acessada gratuitamente pelo site da ABDI, atualmente já são mais de dois mil downloads e a agência fará ainda neste ano uma pesquisa com as empresas, escritórios, universidades que fizeram o acesso para melhorar as próximas edições e contribuir com os avanços no setor.

Paralelamente, a ABDI fará oficinas e lançará em agosto seis guias sobre BIM para difundir a ferramenta através de um convênio com o MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que também prevê a criação de uma plataforma web para ser um repositório do BIM nas aplicações e projetos. “O portal está em fase de testes e deverá ser lançado em setembro. Para disseminar a sua criação, realizaremos eventos regionais”, diz Leite.

Sistemas favorecem industrialização — O esforço para industrializa a construção tem como aliados alguns sistemas que trazem agilidade e aumento de produtividade nas obras. O Drywall, segundo Luiz Antonio Martins Filho, gerente executivo da Associação Brasileira do Drywall, é uma ferramenta importante no processo. “Conseguimos aumentar a produtividade, reduzir os resíduos, pois trabalhamos com produtos recicláveis como aço e gesso, diminuindo as perdas, além da economia com transporte”.

Martins Filho pontua, no entanto, a dificuldade em levar as inovações tecnológicas para os canteiros de obras. “Para isso, é preciso qualificar melhor a mão-de-obra e buscar mudar a forma de atuação na execução da obra”, diz.

O Drywall é uma tecnologia que substitui as vedações internas convencionais (paredes, tetos e revestimentos) de edifícios de quaisquer tipos, utilizando chapas de gesso aparafusadas em estruturas de perfis de aço galvanizado. Esta tecnologia já é utilizada na Europa e nos Estados Unidos há mais de 100 anos e no Brasil veio ganhando espaço nos últimos anos devido a seus inúmeros benefícios.

Também o Light Wood Frame surge como outro auxiliar para o processo de industrialização da construção no país. Trata-se de um sistema de construção civil que tem como diferencial a utilização de painéis de madeira (pinus) reflorestada.

Segundo Carla Monich, gerente de inovação da Tecverde Engenharia, o sistema tem linha de produção totalmente automatizadas e garante construção três vezes mais rápida. “Além disso, conseguimos redução de 85% dos resíduos em obras, economia de 90% em recursos hídricos, maior conforto térmico”.

Carla lembra que a Tecverde conseguiu levar parte da industrialização para os canteiros de obras, ao implantar a elaboração das coberturas na própria obra. “Montamos o telhado e colocamos sobre a construção com um guindaste, tornam a operação mais rápida”, diz.

A Semana das Tecnologias Integradas foi encerrada nesta sexta-feira (9)no São Paulo Expo e conta com os principais eventos dos setores da construção, do meio ambiente e de equipamentos: BW Expo 2017 – Feira de Serviços e Tecnologias para Gestão Sustentável de Água, Resíduos, Ar e Energia, Construction Expo 2017 – Feira de Edificações e Obras de Infraestrutura – Serviços, Materiais e Equipamentos, M&T Peças e Serviços 2017 – Feira e Congresso de Tecnologia e Gestão de Equipamentos para Construção e Mineração.

Impermeabilização correta evita aumento de custo de uma obra — É só dar uma volta pela cidade para observar diversos problemas de impermeabilização e identificar soluções pouco ortodoxas que não resolvem as infiltrações e podem trazer sérios problemas mas as edificações. O alerta é do diretor do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI), José Miguel Morgado, que falou sobre “Sistemas de Impermeabilização”, durante a Semana das Tecnologias Integradas para Construção, Meio Ambiente e Equipamentos, que termina nesta sexta-feira (9) em São Paulo.

“A questão é que a impermeabilização não é vista como algo importante na realização de uma obra”, lamenta Morgado. “Isso provoca danos que podem levar ao colapso edifícios e até mesmo pontes e viadutos”.

Para tentar mudar essa situação, o IBI em conjunto com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) deve publicar normas que orientarão a elaboração de projetos de impermeabilização junto com os projetos de edificações. “Precisamos ter em mente que a maior parte do material usado na construção civil brasileira é úmido, como a argamassa, as tintas, e precisamos cuidar para que não haja infiltrações que comprometam a obra no futuro”, afirma Morgado.

De acordo com ele, custo de impermeabilização corresponde entre 1% e 3% da obra. “Já a recuperação custará de 10% a 15% do que foi gasto para construir, podendo chegar a 40% em alguns casos”, calcula.

Morgado lembra, no entanto, que não adianta o construtor ter apenas o projeto de impermeabilização. “É preciso ficar atento quanto a qualidade dos materiais usados, a qualidade do serviço, manter fiscalização nesse serviço para que haja uma aplicação correta dos produtos”, diz.

Adoção de programas de Compliance hoje é condição para atrair investidores e fechar negócios

A Lei 12.846/2013, denominada Lei Anticorrupção, vem se firmando como um divisor de águas na forma de fazer negócios no Brasil. A partir de sua vigência, a imposição de penas civis e administrativas às empresas trouxe a possibilidade de sanções que variam de 0,1% até 20% do faturamento bruto ou, em caso de dificuldade de aferição, até R$60 milhões.

Embora não seja obrigatória, a adoção de programas de aperfeiçoamento de mecanismos de integridade corporativa, na prática, diminui as chances de capitulação das condutas empresariais no tipo penal da Lei Anticorrupção, que é bastante abrangente. Mais que isso. De acordo com o coordenador do Curso de Compliance da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Ayres, estar em conformidade com a legislação se tornou um verdadeiro diferencial competitivo, uma vez que muitos fabricantes já exigem que seus distribuidores atuem em consonância com tais princípios. “Além de diferencial competitivo, praticar programas de Compliance também é uma verdadeira condição imposta por investidores na hora de fechar negócios, por temerem a responsabilização a que estão sujeitos quando se associam a parceiros que não praticam mecanismos de integridade".

A implantação de programas de Compliance é recente no Brasil. Data dos últimos dez anos, e foi iniciada por empresas com atuação no mercado internacional, sujeitas à legislação estrangeira, em especial a FCPA (lei federal dos USA, promulgada em 1977, para o combate à corrupção transnacional). Atentas à FCPA, as empresas já vinham pressionando seus terceiros a também adotarem programas de Compliance. Se por um lado a Lei 12.846 apresenta punições severas às empresas, por outro, auxilia a detectar, prevenir e remediar atos ilícitos, oferece maior proteção a acionistas, além de garantir a retenção de talentos, porque bons profissionais preferem se associar a empresas de condutas éticas.

Na avaliação de Antônio Carlos Vasconcellos Nóbrega, da Corregedoria Geral da União, o Brasil vive um momento diferenciado em sua história, com o envolvimento de toda a sociedade, preocupada em combater a corrupção, fato que para o corregedor geral trará benefícios para todos. “As empresas, por sua vez, só têm a ganhar a partir do estabelecimento de um ambiente mais competitivo, em que não prosperem condutas anticoncorrenciais. Dessa forma, as corporações éticas e probas ficam livres para investir em inovação, obter ganhos de eficiência e, consequentemente, oferecer melhores produtos e serviços à população”, conclui.

Projeto Renova Centro foca em revitalização do espaço público — Modernizar as calçadas, melhorar a coleta de lixo, reduzir a poluição sonora e visual, além da instalação de banheiros públicos. Essas foram as principais reivindicações de moradores e comerciantes do “centro novo” de São Paulo, ouvidos pelo programa Renova Centro, da prefeitura paulistana. A pesquisa foi apresentada durante palestra no projeto Vivacidade, dentro da Semana das Tecnologias Integradas, que está apresentando um conjunto de palestras e atividades que abordam mobilidade urbana, sustentabilidade e ocupação do espaço público em metrópoles.

O Renova Centro é uma iniciativa de órgãos públicos e privados com o intuito de revitalizar uma área central da cidade de São Paulo conhecida como centro novo, quadrilátero formado pelas ruas Xavier de Toledo, avenida Ipiranga, avenida São João e a São Luiz. Estima-se que setecentas mil pessoas circulem todos os dias por essa região, embora apenas 10% desse total resida no centro.

“O que estamos fazendo hoje é levar até a prefeitura o resultado dessa pesquisa e planos para solucionar os problemas que envolvem estes cinco itens”, comentou Jorge Duarte, residente do Conselho de Desenvolvimento Local da FeComercioSP, uma das apoiadoras da iniciativa.

O plano tem como meta pôr em prática as medidas de revitalização do centro novo até 2.020 e replicar as ações em outras regiões do centro, como Sé e República, até 2.030. “No futuro, vamos trabalhar na próxima fase do projeto Vivacidade, que incluirá questões de habitação popular”, aponta Duarte.

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