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25/03/2008 - 09:39

Diálogo Concreto – Design e Construtivismo no Brasil na Caixa Cultural Rio

Abraham Palatnik, Alexandre Wollner, Almir Mavignier, Aluisio Carvão, Amilcar de Castro, Antonio Maluf, Geraldo de Barros, Lygia Clark, Lygia Pape, Mary Vieira, Waldemar Cordeiro e Willys de Castro.

A Caixa Cultural Rio inaugura, no dia 24 de março, a exposição Diálogo Concreto – Design e Construtivismo no Brasil. A mostra lança um olhar incomum sobre a obra de grandes artistas brasileiros que participaram das vanguardas construtivas nas décadas de 1950 e 1960, apresentando seus trabalhos como designers em um diálogo direto com as obras que realizaram como artistas plásticos.

Abraham Palatnik, Alexandre Wollner, Almir Mavignier, Aluisio Carvão, Amilcar de Castro, Antonio Maluf, Geraldo de Barros, Lygia Clark, Lygia Pape, Mary Vieira e Willys de Castro aplicaram em seus trabalhos como designers princípios visuais, estéticos e conceituais do construtivismo. A exposição, com curadoria de Daniela Name, convida o público a perceber que esta aproximação não acontece por acaso. Participantes dos movimentos Concreto e Neoconcreto, estes criadores eram tributários da Bauhaus e do De Stijl, movimentos que defendiam a existência de “artistas totais”, que integrassem artes plásticas, arquitetura e design.

Um dos destaques da exposição são as embalagens criadas por Lygia Pape, ao longo dos anos 1960, para os biscoitos e massas Piraquê. Lygia aplicou no desenho das embalagens os principais jogos óticos usados pelo construtivismo. Fotografias dos biscoitos foram transformadas em formas geométricas, que se sobrepõem em planos e contraplanos e criam seqüências matemáticas no espaço.

As cores básicas e a tipologia – toda em letra minúscula – são uma marca do período. Criou-se, também, um jeito novo de embalar os biscoitos, permitindo que, em vez de latas ou caixas, como era comum na época, as embalagens ganhassem formas de sólidos geométricos, como paralelepípedos (caso do biscoito Cream Cracker) ou cilindros (caso do biscoito Maria).

A curadoria estabelece um diálogo entre estas embalagens e o Balé Neoconcreto, de 1958. Neste trabalho, realizado pela artista Lygia Pape e pelo poeta Reynaldo Jardim, bailarinos dão movimento a gigantescos sólidos geométricos. O Balé será apresentado na forma de um vídeo produzido pela Fundação Calouste Gulbenkian, quando foi reencenado em 1995. Artista inquieta, Lygia deu aulas de arquitetura e realizou logomarcas e cartazes para filmes do Cinema Novo, como “Vidas Secas”, de Nelson Pereira dos Santos.

Outras embalagens importantes foram as feitas por Alexandre Wollner para as sardinhas Coqueiro, em 1958. O público terá a oportunidade de ver o estudo para a logomarca e sua aplicação nas latas. Também poderá verificar como o artista parte de círculos sobrepostos e cortados para dar forma ao coqueiro da logomarca.

Amilcar de Castro realizou, em 1957, a reforma do projeto gráfico do “Jornal do Brasil”. A diagramação das páginas do jornal, cheia de áreas vazias criando significados visuais – os chamados “vazios ativos” – revolucionou o design gráfico nacional. Na exposição, o público poderá manusear fac-símiles das páginas, contrastados com uma escultura e um desenho do artista que seguem o mesmo movimento de cortes, dobras e áreas de “vazio ativo”. Aluísio Carvão integra este segmento ligado a publicações, com uma intensa produção de capas de livro.

Lygia Clark está presente com a maquete “Construa você mesmo o seu espaço para viver”, de 1960, na qual as frestas orgânicas estão presentes nas modulações de espaço criadas pelas portas e cômodos para uma casa de campo idealizada pela artista. O público poderá conferir como a linha orgânica presente nas superfícies moduladas se integrou nesse projeto de casa. A produção neoconcreta alcançava o espaço tridimensional e invadia o mundo. Esse trabalho dialoga com um quadro da série “Superfície Modulada”, onde o espectador poderá identificar os infindáveis jogos visuais proporcionados pela linha orgânica da obra.

Os móveis de Geraldo de Barros e Abraham Palatnik são outro aspecto pouco conhecido da produção destes artistas. O primeiro produziu intensamente para a fábrica Unilabor, atuou também como designer de cartazes e logomarcas. Palatnik, um dos artistas mais múltiplos de sua geração, projetou não só mesas e cadeiras, mas também as ferramentas para criá-los. Suas peças para mobília são apresentadas ao lado de dois jogos e de um utensílio doméstico: o projeto para cortador de coco babaçu, que chegou a ter a patente reconhecida.

Willys de Castro é o artista-âncora do segmento dedicado a logomarcas e cartazes, que conta ainda com a participação de Mary Vieira, Almir Mavignier, Geraldo de Barros, Wollner e Lygia Pape. As logomarcas, folders e cartazes de Willys constituem-se numa aula sobre os princípios visuais do período e, por sua vez, estabelecem uma intensa conversa com os “objetos ativos” e pinturas do artista.

Um dos pioneiros da vanguarda paulistana, Waldemar Cordeiro, artista versátil que flertou com a arte pop dos anos 60, é representado na exposição pelas fotos do playground do Clube Espéria, de São Paulo, que teve todos os brinquedos projetados por ele. Sólidos espaciais ganham as formas de labirintos, túneis e passarelas, onde as crianças brincam com cores e luz.

A exposição “Diálogo Concreto – Design e Construtivismo no Brasil” foi selecionada pelo edital 2007 de ocupação dos espaços da Caixa Cultural.

Curadoria: Daniela Name | Curadoria-adjunta: Felipe Scovino | Cenografia: Flavio Graff | Programação Visual: Fernando Leite | Produção executiva: Tisara Produções | Pesquisa e produção: Clarice Magalhães.

Exposição: “Diálogo concreto – Design e Construtivismo no Brasil”, com temporada de 25 de março a 27 de abril de 2008, de terça a domingo, das 10h às 22h, na Caixa Cultural Rio – Galeria 3, Av. Almirante Barroso 25 – Centro (ao lado da estação Carioca do Metrô). Telefones (21) 2544-4080 / 2544-7666 | Site: www.caixacultural.com.br | Entrada franca | Acesso para portadores de necessidades especiais | Visitas guiadas para escolas com agendamento prévio.

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