Negócios Sociais

O empreendimento do microcrédito ajudou a quebrar um ciclo vicioso de pobreza e dependência em Bangladesh. E foi o responsável pela premiação conjunta de Muhammad Yunus e o Grameen Bank, com o Prêmio Nobel da Paz de 2006, pela sua luta contra a pobreza. Paralelo ao conceito do microcrédito, Yunus também criou o de Negócio Social, que é negócio, por ser sustentável do ponto de vista financeiro e gerar os próprios meios para seu funcionamento, e social, porque ao invés de ser o lucro seu motor principal, o benefício à sociedade em algum aspecto, é que passa a ser a prioridade.

Assim, diferentemente das atividades filantrópicas, eles devem ter um modelo de negócio consistente, que não o faça depender de doações. Os empreendedores devem receber remunerações compatíveis com os negócios tradicionais equivalentes. Mas, aqui vem a principal novidade introduzida por este modelo: o lucro, quando gerado, não deve ser distribuído aos acionistas como dividendos, mas sim reinvestido no negócio, como uma forma de ampliar suas atividades e beneficiar mais pessoas.

As grandes empresas também se mostraram sensíveis a este chamado. Algumas delas criaram, em parceria com o Grameen em Bangladesh, alguns empreendimentos incríveis. O caso mais notório é o da Grameen Danone, parceria entre o grupo do Yunus e a multinacional francesa de laticínios que criou passou a produzir de um iogurte que, vendido a um preço social, carrega na sua composição uma determinada quantidade de micronutrientes, que quando consumida duas vezes por semana, em oito meses elimina a desnutrição infantil.

Outras grandes corporações seguiram este exemplo: Shakti, Adidas, Basf, Intel e outras, se juntaram ao Grameen na tentativa de desenvolver empreendimentos que, nos seus core businesses, ajudam a solucionar problemas sociais.

Yunus e um grupo da Alemanha criaram a Yunus Social Business em 2011. E atualmente, ela opera em sete países: Índia, Albânia, Tunísia, Uganda, Colômbia, Haiti e Brasil. Presente aqui, desde 2013, a Yunus presta assessoria a empreendedores de Negócios Sociais, capacitando-os para que amadureçam seus empreendimentos.

Quando estes negócios se mostram sólidos, próximos ou já tendo atingido seu breakeven econômico, a Yunus faz um investimento, sempre privilegiando empréstimos a condições muito competitivas, com taxas baixas, prazos longos e com carência para devolução do principal. Neste sentido, cumprimos dois papeis essenciais ao desenvolvimento dos Negócios Sociais: assessoria para a montagem de negócios e financiamento, com condições muito competitivas, pois trabalhamos com o investidor paciente, que usa seu bolso da filantropia para apoiar os negócios sociais.

O outro braço da Yunus Negócios Sociais no Brasil é o apoio às grandes empresas que entendem que seu papel vai além de gerar lucro acima de qualquer coisa. Além do benefício óbvio do goodwill da marca, há alguns outros pontos que vale mencionar: inovação, retenção de talentos e propósito. Assim, entendemos nosso papel na sociedade: levar a empresas, empreendedores e investidores a percepção de que podem e devem fazer mais para construirmos, todos juntos, um mundo melhor.

. Por: Luciano Gurgel, Gestor da Yunus Negócios Sociais.