Sistema tributário: o vilão do empreendedor

O brasileiro é, reconhecidamente, um povo empreendedor. Vemos isso nas exportações de profissionais de qualidade que o Brasil proporciona para o mundo todo. É um fato interessante, que afirma nossa qualidade frente aos negócios, mas, por outro lado, pode ser um reflexo das dificuldades encontradas pelo empresariado nacional. Segundo um estudo recente do Banco Mundial, em nosso país uma empresa precisa trabalhar mais de 2.500 horas por ano apenas para pagar seus impostos, enquanto que na Irlanda são necessárias apenas 76 horas.

Dentre os 177 países analisados, o Brasil ficou com o último lugar, que além de uma posição muito ruim denuncia o ambiente hostil encontrado por quem deseja ter seu próprio negócio. Hoje, além de os impostos serem responsáveis pode quase 37% de nosso Produto Interno Bruto (PIB), as empresas têm que se adequar as mais diferentes normas tributárias, que podem variar de estado para estado.

Por conta disso, muitas empresas acabam partindo para a irregularidade tributária, ou seja, caem na ilegalidade. Mesmo sabendo dos riscos que correm, elas não encontram outra maneira para manter o negócio aberto tendo que deixar boa parte do que faturam para o governo. Aliás, vale ressaltar que esse nem seria o grande problema se houvesse uma maior atenção do Estado para a questão, como políticas públicas de incentivo ao pequeno empresário.

Os benefícios para os empresários são poucos ou até inexistentes. Toda a burocracia tributária existente no Brasil faz com que os empreendedores enfrentem um grande dilema: escolher entre manter um objetivo de ter o próprio negócio ou optar pelo trabalho formal, como prestador de serviços.

Agora, para que o país deixe de ser sinônimo de "hostil" e conquiste seus próprios empreendedores, mostrando que sua nação é o melhor lugar para eles investirem seus projetos, é necessário que se faça uma reforma tributária, modernizando essa forma tão arcaica de sistema dos impostos. Afinal, já que o peso dos impostos no Brasil é tão alto quanto o de muitos países desenvolvidos, ou até maior, porque não temos as mesmas qualidades?

Pode até soar como um projeto muito ambicioso, mas essa reforma tem sido prometida desde a entrada do Lula no poder, em 2003. Agora, com o fim da CPMF, a reforma se faz mais necessária. Toda essa complexidade precisa se desfazer, caso contrário, os empreendedores deixarão de acreditar que "não há lugar como o lar" para afirmarem a máxima que diz "santo de casa não faz milagre".

Por: Luiz Fernando Garcia - é consultor especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios. É metodologista, empresário, palestrante e autor dos livros "Pessoas de Resultado" e "Gente que faz", da Editora Gente.

Desenvolveu mais de 50 metodologias de foco comportamental, acumulando cerca de 17 mil horas de aplicação nessa modalidade. Uma delas destinada à formação e capacitação de empresários e profissionais que trabalham com negócios, conhecida como GD - Grupo Dirigido de Psicodinâmica em Negócios.

É um dos quatro consultores certificados pelo ONU (Organização das Nações Unidas) para coordenar os seminários e capacitar os coordenadores, facilitadores e trainees do Empretec/SEbrae.

Coordenou a equipe responsável pelo desenvolvimento do T.O.T (Training of Trainers) da metodologia EMPRETEC no Brasil, América Latina e África (ano 2002 / 2003).

Conteudista e responsável técnico pelo projeto de Educação Empreendedora no Ensino Médio-Técnico MEC(Ministério da Educação e Cultura)/Sebrae - 2000, qualificando mais de 12.000 educadores no Brasil, além da certificação Notório Saber em comportamento empreendedor (MEC).

É pioneiro no Brasil, na abordagem de Orientação para Resultados e equipes e empresas e pelo desenvolvimento da metodologia de Manejo Comportamental como no Projeto APL - Arranjos Produtivos Locais para a Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.